CEO da Porsche é cobrado por acionistas para reduzir meta em carros elétricos

Entregas do Taycan EV, o carro-chefe da Porsche em elétricos, caíram quase pela metade no primeiro trimestre; empresa quer que 50% das vendas sejam de elétricos no ano que vem

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Bloomberg — Os acionistas da Porsche estão pedindo que a fabricante de carros de luxo diminua o ritmo da investida em veículos elétricos, já que a desaceleração global da demanda pela tecnologia automotiva ameaça as vendas e os lucros.

Na reunião anual de acionistas da empresa, nesta sexta-feira (7), o CEO Oliver Blume foi questionado sobre o motivo de manter a meta de que os Porsches plug-in respondam por mais da metade das vendas no ano que vem.

Os rivais, incluindo a Mercedes-Benz, estão reduzindo suas ambições no mercado de veículos elétricos devido à baixa demanda.

Os investidores também apontam para a lentidão das vendas na China e para os problemas de fornecimento de peças, justamente no momento em que a fabricante tenta fazer uma grande revisão de sua linha.

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Os problemas pesaram sobre as ações da Porsche, que caíram mais de um terço no ano passado. As ações da Ferrari subiram quase 40% durante esse período.

“A euforia da oferta pública inicial da Porsche se desvaneceu”, disse Ingo Speich, da Deka Investment, durante a reunião de acionistas.

As entregas do carro-chefe da Porsche, o Taycan EV, caíram quase pela metade no primeiro trimestre, com “clientes mais propensos a boicotá-lo do que comprá-lo”.

Na sexta, Blume destacou uma situação desafiadora na China, onde a empresa trabalha para suavizar os laços com os revendedores insatisfeitos com as vendas fracas de veículos elétricos.

A Porsche também sofreria com a escalada do conflito comercial com Pequim, que sinalizou estar pronta para retaliar se a União Europeia impuser tarifas adicionais sobre os veículos elétricos chineses.

As entregas da marca na China caíram 15% no ano passado. O mercado chinês ainda responde por um quarto das vendas.

"Estamos aguardando uma resposta convincente" da administração sobre a China, disse Hendrik Schmidt, especialista em governança corporativa da gestora de ativos DWS, durante a reunião.

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Em seu discurso aos acionistas, Blume defendeu um plano para atualizar cinco das seis linhas de modelos da empresa em um ano, dizendo que os gastos extras serão compensados no futuro.

Muito dependerá do fato de o novo Macan elétrico da Porsche – as entregas devem começar no segundo semestre – conseguir igualar a popularidade do modelo com motor a combustão, que superou as vendas de todos os Porsche no ano passado, exceto o Cayenne.

Blume disse que espera que o SUV (veículo utilitário esportivo) compacto, que concorre com o iX, da BMW, e o Model X, da Tesla (TSLA), seja o “modelo de mais alto desempenho em seu segmento”.

O lançamento do carro foi adiado por cerca de dois anos devido a problemas de software, mas agora conta com tecnologia que inclui um head-up display que transmite dicas de navegação para o campo de visão do motorista.

Este ano veremos "a maior ofensiva de modelos da história da Porsche", disse Blume na sexta-feira. "Em 2025, voltaremos a acelerar."

A Porsche planeja oferecer versões movidas a bateria dos modelos 718 Boxster e Cayman até meados da década. Um Cayenne elétrico deve ser lançado logo em seguida.

A fabricante pretende que os modelos totalmente elétricos respondam por mais de 80% das vendas em 2030.

O lançamento de veículos elétricos da Porsche deve acompanhar a demanda, disse Moritz Kronenberger, da Union Investment, acrescentando que a venda de mais modelos com motor a combustão até que a demanda por veículos elétricos volte a crescer reforçará as margens e o fluxo de caixa livre.

Speich, da Deka, expressou dúvidas sobre a demanda de veículos elétricos, instando Blume a aceitar volumes menores e evitar cortes de preços que prejudicariam a marca Porsche.

Daniel Schwarz, analista da Stifel, disse que o Taycan está perdendo seu valor mais rapidamente do que o icônico carro esportivo 911, o que pode afastar os compradores.

Os investidores "gostariam de ver alguma flexibilidade em relação ao lançamento de mais veículos elétricos a bateria", disse Schwarz.

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