CEO da Petrobras diz que recompra de refinaria da Bahia não é prioridade

Magda Chambriard destacou que a estatal tem obrigação de avaliar todas as oportunidades que surgirem, mas que o negócio precisa ser ‘minimamente’ interessante

CEO da Petrobras
09 de Agosto, 2024 | 06:48 PM

Bloomberg Línea — A presidente da Petrobras (PETR3, PETR4), Magda Chambriard, afirmou nesta sexta-feira (9) que uma eventual recompra da refinaria de Mataripe, na Bahia -- anteriormente chamada de Refinaria Landulpho Alves (RLAM) --, está sendo avaliada pela estatal, mas que, por ora, não é uma prioridade.

“Temos a obrigação de avaliar todas as oportunidade que surgirem. Caso julguemos o negócio minimamente interessante, fazemos a due diligence, mas neste momento eu não tenho isso. A RLAM não é minha prioridade, é um negócio proposto para a Petrobras como outro qualquer”, disse a executiva a jornalistas. “Por enquanto eu brinco que estou aceitando doação”, acrescentou.

A RLAM integrou o programa de desinvestimentos da Petrobras no governo de Jair Bolsonaro e foi arrematada pelo Mubadala, do fundo soberano de Abu Dhabi.

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Em meados de maio de 2023, entretanto, a Acelen, empresa criada para operar a refinaria, decidiu ir ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) pedir medida preventiva para que a Petrobras oferecesse as mesmas condições de compra de petróleo que aquelas ofertadas para suas próprias refinarias, em meio a suspeitas de abuso de poder dominante.

As conversas sobre uma possível recompra de participação ou mesmo a totalidade da refinaria pela Petrobras foram iniciadas posteriormente.

“Quando cheguei [à presidência da Petrobras], havia uma proposta, uma carta da Acelen sugerindo à Petrobras a compra da RLAM. É óbvio que, como qualquer proposta, avaliamos. Temos centenas de propostas submetidas à Petrobras, negócios de todos os tipos”, disse Chambriard.

Mais cedo, o diretor executivo de processos industriais e produtos da Petrobras, William França, reforçou que a estatal conversa com o grupo Mubadala sobre a RLAM em duas frentes. A primeira delas é uma possível parceria para a construção de uma planta de biorrefino ao lado da refinaria, tema ainda sem definição sobre as porcentagens da parceria.

Sobre a recompra da RLAM, o executivo destacou que os processos de due diligence e valuation estão sendo finalizados. “Evidentemente, estamos avaliando a viabilidade econômica, o retorno, o processo de integração e as sinergias com todo o nosso refino para que possamos, no momento certo, fazer a proposta para o grupo Mubadala. Estamos indo bem.”

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O diretor financeiro e de relacionamento com investidores da Petrobras, Fernando Melgarejo, afirmou que qualquer arranjo societário é possível na negociação sobre a RLAM.

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“Quem nos procurou foi a própria companhia [Mubadala]. Qualquer forma societária é possível, nada aqui está cravado. Vamos considerar o que nos traz o melhor retorno, a melhor alocação e eficiência de capital”, disse.

As ações preferenciais da Petrobras fecharam em queda de 0,94%, a R$ 36,51, após a companhia informar um prejuízo líquido de R$ 2,6 bilhões no segundo trimestre, revertendo resultado positivo de R$ 28,7 bilhões em igual período do ano passado. O desempenho foi impactado principalmente por um acordo com o governo para encerrar uma disputa judicial envolvendo dívidas tributárias.

Produção

Os executivos da Petrobras salientaram que a prioridade de companhia será a reposição de reservas, em meio à projeção de início de queda da curva de produção a partir de 2030.

“Nossa estratégia é a reposição de reservas, não estamos confortáveis com o planejamento anterior, que a partir de 2030 previa redução [da produção]. Buscamos de todas as formas reverter isso”, disse Melgarejo.

Ele citou como alternativas de novas reservas a Margem Equatorial, a Bacia de Pelotas e até ativos fora do Brasil.

“Cada gota de petróleo nos importa, buscaremos alternativas viáveis, que tragam geração de valor ao acionista. Diante de cada vez menos opções internamente, temos que buscar a internacionalização.”

Em relatório na tarde desta sexta-feira, o Goldman Sachs manteve a recomendação de compra dos papéis da Petrobras, em meio à projeção de “forte geração de caixa para os próximos anos”.

Já o Itaú BBA apontou em relatório que o tema de um possível pagamento de dividendos extraordinários em 2024, trazido pela estatal nesta sexta-feira, será bem recebido pelo mercado.

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Juliana Estigarríbia

Jornalista brasileira, cobre negócios há mais de 12 anos, com experiência em tempo real, site, revista e jornal impresso. Tem passagens pelo Broadcast, da Agência Estado/Estadão, revista Exame e jornal DCI. Anteriormente, atuou em produção e reportagem de política por 7 anos para veículos de rádio e TV.