CEO da Hyundai descarta choque de preços em automóveis após tarifas dos EUA

Em entrevista à Bloomberg News, José Muñoz contraria a visão de que a guerra comercial pode provocar um aumento repentino de preços e diz que efeito será gradual; ‘o mercado decidirá’

Hyundai CEO Jose Munoz
Por Gabrielle Coppola
15 de Abril, 2025 | 03:37 PM

Bloomberg — O principal executivo da Hyundai Motor espera que os preços dos carros permaneçam relativamente estáveis nos próximos meses, apesar dos custos adicionais decorrentes da escalada da guerra comercial. Ao mesmo tempo, as montadoras tentam manter a estabilidade e fazer com que os clientes continuem a ir às concessionárias.

“Não espero ver um grande aumento da noite para o dia”, disse o CEO José Muñoz nesta terça-feira (15) em uma entrevista no escritório da Bloomberg em Nova York. “O mercado decidirá.”

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Os comentários contrariaram a preocupação entre os compradores de automóveis e observadores do setor sobre um possível aumento nos preços no final deste ano devido às tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump.

Um relatório deste mês da empresa de pesquisa Anderson Economic Group estimou que as tarifas poderiam acrescentar US$ 2.500 em novos custos por veículo no segmento inferior do mercado e até US$ 20.000 para importações de luxo.

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O impacto dos custos tarifários poderia recair desproporcionalmente sobre os modelos de alto padrão, disse Muñoz, porque esses clientes são menos afetados pelos aumentos de preços.

Isso pode significar que as montadoras sacrificarão alguma lucratividade de curto prazo em modelos de custo mais baixo para apoiar essa parte do mercado.

“Não acho que veremos os preços de modelos de entrada subirem US$ 3.000, US$ 4.000”, disse ele. “Esses clientes são muito sensíveis ao preço. Se isso for feito, talvez eles não comprem os carros.”

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Este mês, a Hyundai se comprometeu a manter os preços estáveis até 2 de junho, uma medida que, segundo Muñoz, levou a vendas “muito fortes” em abril, já que os clientes tentam se antecipar a qualquer deslocamento do mercado.

Na terça-feira, o CEO não disse o que aconteceria após o término do programa de marketing, mas afirmou que a Hyundai não tem planos de retirar modelos de veículos ou aumentar substancialmente os preços.

“Se tivermos a oportunidade de reduzir alguns incentivos, aumentar o preço aqui ou ali, nós o faremos”, disse ele em uma entrevista separada na Bloomberg Television.

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Muñoz reconheceu que há mais “estresse” sobre os fabricantes de peças devido às tarifas.

Embora a empresa esteja conversando com os fornecedores sobre como dividir os custos para aliviar a carga, Muñoz disse que é provável que haja uma consolidação no setor.

No mês passado, a Hyundai revelou planos de fazer um investimento recorde de US$ 21 bilhões nos EUA, uma medida que foi saudada por Trump na Casa Branca. O compromisso fazia parte de um plano de longo prazo para expandir sua fabricação local nos EUA.

“Não estamos tentando mudar as coisas por causa de incentivos ou de tarifas”, disse Muñoz. “Para nós, os EUA são o mercado mais importante.”

-- Com a colaboração de Katie Greifeld, Sonali Basak e Matthew Miller.

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