Bloomberg — O CEO da Breitling, Georges Kern, disse que está “bastante confiante” de que a queda do mercado de luxo atingiu o ponto mais baixo, em meio a uma desaceleração econômica liderada pela China que afetou os varejistas do segmento de alto padrão em todo o mundo.
“O problema da indústria relojoeira suíça, de muitas marcas, é que algumas delas dependem do mercado chinês”, disse ele em uma entrevista à Bloomberg Television nesta quarta-feira (25).
“Você precisa ter um avião com quatro ou cinco motores. Se um motor não funcionar, é só torcer para que os outros quatro motores estejam funcionando.”
Na semana passada, os relojoeiros suíços advertiram sobre uma perspectiva negativa para o setor, que vem enfrentando o recuo de compradores na China, o segundo maior mercado depois dos EUA, fundamental para o mercado de luxo global. O país representa 6% das vendas da Breitling, de acordo com Kern.
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Os compradores de relógios premium reduziram os gastos à medida que as taxas de juros subiram e os conflitos geopolíticos se intensificaram, e gigantes da relojoaria como o Swatch Group, proprietário da Omega, e o Richemont, o grupo por trás das marcas Vacheron Constantin e IWC, viram as vendas na China despencarem.
Entre os pontos positivos citados por Kern está a Índia, cuja infraestrutura do comércio de luxo foi impulsionada pela abertura de novos shoppings e pela expansão da rede de distribuição, o que tornou mais fácil para as pessoas que antes faziam compras no exterior comprarem em casa. A Breitling vai abrir mais duas ou três butiques no país, disse ele, sem dar um prazo.
"O mercado está aí, a riqueza está aí", disse ele. "Muitas empresas de luxo estão se esforçando muito nesse mercado, inclusive nós mesmos."
No início deste mês, a Federação da Indústria Relojoeira Suíça, uma associação empresarial, também pediu ao banco central da Suíça que tome medidas para enfraquecer o franco suíço, que tem pressionado o setor.
O franco "absolutamente" pesa, disse Kern, com os custos de produção em alta. Ainda assim, ele não acredita que o banco possa ter muita influência.
"É um mercado livre. A situação é a que está. Precisamos trabalhar na produtividade, precisamos trabalhar em nossos custos", disse ele. "Vamos lidar com isso."
-- Com a colaboração de Haidi Lun, Shery Ahn, Andy Hoffman e Lauren Faith Lau.
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