Bloomberg — O plano da Europa de proibir efetivamente a venda de carros com motores a combustão a partir de 2035 levará a um “encolhimento massivo” de sua indústria automotiva, de acordo com o CEO da BMW, Oliver Zipse.
Em meio a alertas de que o continente não está pronto para abandonar os motores a gasolina e a diesel, Zipse disse na terça-feira (15) na Cúpula Automotiva de Paris que os planos da União Europeia “não são mais realistas” e que os subsídios para veículos elétricos são “insustentáveis”.
O motor a combustão é, há muito tempo, a pedra angular do cenário industrial da Europa, com um papel vital em sua proeza de fabricação.
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A tecnologia não só deu origem à BMW, à Volkswagen e à Mercedes-Benz mas também levou a uma vasta cadeia de suprimentos de pequenas e médias empresas que produzem componentes essenciais, de pistões a sistemas de escapamento.
Esse setor está em risco, especialmente à medida que as montadoras mudam para modelos elétricos que exigem menos e diferentes insumos.
A mudança é um desafio para o setor automotivo da Europa, que tem lutado para lidar com a remoção dos subsídios governamentais e com a intensificação da concorrência dos fabricantes chineses de veículos elétricos, como a BYD.
A proibição “também pode ameaçar o setor automotivo europeu em seu coração”, disse Zipse. As medidas, “tal como estão previstas hoje, levarão a um encolhimento massivo do setor como um todo”.
Os fabricantes de automóveis também têm obrigações de curto prazo com as quais se preocupar, já que Bruxelas aumentará as metas de emissões da frota no próximo ano. Se os fabricantes não conseguirem vender mais veículos elétricos, eles terão de arcar com multas de até € 15 bilhões (US$ 16,4 bilhões).
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A BMW e a Mercedes estão no caminho certo para cumprir as metas mais rigorosas, enquanto a Volkswagen, a Stellantis e a Renault correm o risco de não cumpri-las, de acordo com uma análise recente da Bloomberg Intelligence.
As empresas podem comprar créditos de emissões de fabricantes que tenha cumprido com folga as suas metas, como a Tesla, para evitar multas.
A Stellantis não comprará créditos, disse o CEO Carlos Tavares na terça-feira, na mesma cúpula em Paris. "Cumpriremos a regulamentação em todos os lugares", disse ele.
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