Casino: possíveis compradores têm até sexta para apresentar novas propostas

Bilionários que fizeram ofertas pelo grupo de supermercados dono do Pão de Açúcar apresentaram planos de negócios esta semana para reestruturar a empresa

Casino iniciou em maio negociações supervisionadas pelo tribunal com credores e outros interessados
Por Irene García Pérez e Alexandre Rajbhandari
12 de Julho, 2023 | 10:29 AM

Bloomberg — Os dois possíveis nomes cotados para injetar dinheiro na empresa de supermercados endividada Casino Guichard-Perrachon, dona do Pão de Açúcar (PCAR3) no Brasil, têm até sexta-feira para apresentar ofertas melhoradas, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pela Bloomberg News.

Os grupos — 3F, formado pelo banqueiro Matthieu Pigasse, o bilionário das telecomunicações Xavier Niel e o empresário do varejo Moez-Alexandre Zouari, e um concorrente composto pelo investidor tcheco Daniel Kretinsky e Fimalac de Marc Ladreit de Lacharrière — apresentaram seus planos de negócios na terça-feira (11) a um comitê do governo francês que supervisiona reestruturações corporativas.

Agora, eles têm até sexta para apresentar uma melhoria das propostas financeiras para corrigir o balanço patrimonial da rede de supermercados francesa, disseram as pessoas, pedindo para não serem identificadas, pois o assunto é confidencial.

Representantes do Casino e 3F se recusaram a comentar, enquanto o porta-voz de Kretinsky não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

PUBLICIDADE

As ofertas rivais são o desfecho do longo colapso do Casino sob uma montanha de dívidas. Desde 2018, a empresa vem buscando reduzir os empréstimos por meio da venda de ativos, mas sua concentração em áreas fortemente dependentes do turismo se voltou contra ela durante a pandemia e uma estratégia para aumentar os preços mais do que seus concorrentes adicionou recentemente aos problemas do Casino.

Com a empresa com dificuldades para gerar dinheiro suficiente, o Casino iniciou em maio negociações supervisionadas pelo tribunal com credores e outros interessados — incluindo o Estado francês — para reestruturar seu balanço patrimonial.

As propostas envolveriam novos investimentos de capital dos dois licitantes e de outros, além da conversão de uma parte significativa da dívida da empresa em capital próprio.

Na reestruturação, os acionistas existentes ficariam praticamente sem nada, e o presidente e diretor-executivo do Casino, Jean-Charles Naouri, perderia sua participação controladora. No entanto, as ações do Casino subiram até 12% na quarta-feira, depois que o Les Echos informou que os licitantes melhorariam suas propostas.

Enquanto isso, o supermercado francês está seguindo um plano de negócios projetado em torno de suas lojas menores e premium nos centros das cidades de Paris e Lyon, e na Côte d’Azur. Apesar de manter suas operações de hipermercado na França, que consomem muito dinheiro, o grupo planeja vender ativos, como seus negócios na América Latina.

Agravando as pressões de liquidez, a empresa está recebendo menos financiamento dos fornecedores, disse a agência de classificação Moody’s nesta semana.

O ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire, disse na terça-feira no Parlamento que ambas as ofertas para recapitalizar o Casino eram sólidas e que não cabe ao Estado escolher entre elas.

PUBLICIDADE

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também:

Casino, dono do GPA, recebe oferta maior de bilionário tcheco por controle

Casino alerta que acionistas terão ‘massiva diluição’

Pão de Açúcar à venda: mercado discute volta de Abilio Diniz ao controle