Casino, dono do GPA, deve fechar acordo com credores após prejuízo bilionário

No primeiro semestre do ano, a rede varejista francesa reportou um prejuízo líquido de 1,3 bilhão de euros; acordo deve ser selado até o fim desta quinta

Desde 2018, a empresa vem buscando reduzir a dívida por meio da venda de ativos
Por Irene García Pérez
27 de Julho, 2023 | 08:19 AM

Bloomberg — O Grupo francês Casino, controlador do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) no Brasil, está prestes a finalizar um acordo de reestruturação com credores nesta quinta-feira (27), após reportar um prejuízo líquido de 1,3 bilhão de euros (US$ 1,5 bilhão) no primeiro semestre do ano.

A rede de supermercados espera chegar a um acordo até o final do dia, disse o diretor financeiro David Lubek em uma teleconferência com jornalistas nesta manhã.

A problemática varejista francesa está buscando obter apoio suficiente para uma oferta apresentada pelo bilionário checo Daniel Kretinsky e pelo parceiro Fimalac para recapitalizar o negócio e reduzir a dívida em mais da metade.

O acordo, que já recebeu o apoio de credores garantidos, incluindo Attestor Capital, Davidson Kempner Capital Management e Farallon Capital Management, resultaria em Kretinsky e Fimalac adquirindo uma participação majoritária na empresa.

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Kretinsky fornecerá a maior parte de uma injeção de capital de 1,2 bilhão de euros para reforçar a liquidez da empresa. Mais de 1,3 bilhão de euros em dívidas garantidas e 3,5 bilhões de euros em dívidas não garantidas serão convertidos em capital.

Para levantar dinheiro, o Casino concordou em maio em vender algumas lojas para o rival Intermarche, que também se comprometeu a participar com 100 milhões de euros no próximo aumento de capital do Grupo. Essa injeção precisará ser reconsiderada, pois atualmente não faz parte do plano de Kretinsky-Fimalac, afirmou Lubek.

Desde 2018, a empresa vem buscando reduzir a dívida por meio da venda de ativos, mas sua concentração em áreas fortemente dependentes do turismo pesou negativamente durante a pandemia, e uma estratégia de aumentar os preços mais do que seus concorrentes agravou os problemas do Casino recentemente.

Prejuízo de 1,3 bi de euros

A empresa reportou um prejuízo líquido subjacente de 1,3 bilhão de euros no primeiro semestre do ano, refletindo a “forte queda no lucro comercial na França e 683 milhões de euros em depreciação de ativos fiscais diferidos″. A companhia divulgou seu balanço trimestral nesta quinta.

Na avaliação de Charles Allen, analista de varejo da Bloomberg Economics, a recuperação do volume de vendas do Casino, apesar de terminar o primeiro semestre com uma queda de 4%, “traz tranquilidade de que há um negócio a ser salvo”.

No entanto, completa, o aumento da dívida líquida (5,5 bilhões de euros na França), o fluxo de caixa negativo de 1,6 bilhão de euros no primeiro semestre e um prejuízo antes dos impostos de 2,4 bilhões de euros mostram que novo capital é “urgentemente necessário”.

Desde o final de maio, a empresa vem negociando uma solução com credores e dois grupos de licitantes em um processo supervisionado pelo tribunal conhecido como conciliação, no qual o governo francês também esteve envolvido, dada a importância da rede de supermercados para o emprego e a segurança alimentar no país.

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Uma vez que chegue a um acordo com os credores e conclua a conciliação, a empresa terá que iniciar procedimentos de salvaguarda e organizar os interessados em diferentes grupos para votar no plano de reestruturação. A versão acelerada desse processo pode levar até quatro meses.

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