Casino, dono do Pão de Açúcar, fica mais perto de mudar de mãos para bilionário

Trio de franceses liderado pelo empresário de telecom Xavier Niel desistiu da disputa pela varejista francesa, o que favorece o tcheco Daniel Kretinsky

Loja do Casino, na França
Por Irene García Pérez
16 de Julho, 2023 | 04:54 PM

Bloomberg — Um trio de empresários franceses liderado pelo bilionário das telecomunicações Xavier Niel desistiu da corrida pelo Grupo Casino, dono do Pão de Açúcar (PCAR3) no Brasil, abrindo caminho para o investidor tcheco Daniel Kretinsky assumir o controle da problemática rede varejista francesa.

O grupo 3F, que também inclui o banqueiro Matthieu Pigasse e o empresário varejista Moez-Alexandre Zouari, e um grupo concorrente composto por Kretinsky e a Fimalac de Marc Ladreit de Lacharrière, estavam competindo com ofertas para reestruturar a dívida da empresa e injetar novo capital.

A empresa havia pedido que eles enviassem propostas revisadas neste fim de semana para selecionar um vencedor até o final de julho.

“Hoje, após meses de trabalho, o 3F decidiu não apresentar sua oferta”, disse o grupo em comunicado. A situação financeira está “mais deteriorada do que o previsto”, e o 3F diz não ter recebido as informações necessárias da empresa.

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Eles também afirmaram que o fundo hedge Attestor, principal credor que apoiou sua primeira oferta, se juntou à oferta rival, segundo eles.

Um porta-voz do Casino se recusou a comentar, enquanto representantes do Attestor e de Kretinsky não responderam imediatamente a um pedido de comentário.

Agora, o Casino tem apenas uma opção para resolver sua montanha de dívidas.

Desde 2018, a empresa vem buscando reduzir seu endividamento por meio da venda de ativos, mas sua concentração em áreas fortemente dependentes do turismo teve um efeito contraproducente durante a pandemia.

Além disso, uma estratégia de aumentar os preços mais do que seus concorrentes agravou ainda mais os problemas do Casino.

Com a empresa lutando para gerar dinheiro suficiente, o Casino iniciou em maio negociações supervisionadas por um tribunal com credores e outras partes interessadas, incluindo o governo francês, para reestruturar sua estrutura de capital.

As propostas envolveram novos investimentos de capital dos dois grupos de licitantes e de outros investidores, bem como a conversão de uma parcela significativa da dívida da empresa em capital próprio.

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Em 12 de julho, o Casino alertou que as vendas do segundo trimestre despencaram em suas maiores lojas e os lucros serão 32% abaixo do esperado, o que adiciona urgência aos esforços da empresa para reestruturar sua dívida.

A empresa também está enfrentando redução de financiamento por parte dos fornecedores, o que aumenta as pressões de liquidez, de acordo com a agência de classificação de risco Moody’s.

Para reverter o negócio, a varejista francesa apresentou um plano projetado em torno de suas lojas menores e premium localizadas em centros urbanos nas regiões de Paris e Lyon e na Côte d’Azur.

Apesar de manter suas operações de hipermercados que consomem caixa na França, o grupo planeja vender ativos, como seu negócio na América Latina.

Na reestruturação, os acionistas existentes seriam deixados com quase nada, e o presidente do Casino e diretor executivo, Jean-Charles Naouri, perderia sua participação controladora.

-- Com colaboração de Alan Katz.

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