Bloomberg Línea — O Carrefour Brasil (CRFB3) estuda o fechamento de lojas como consequência de um pacote de venda de ativos imobiliários. Segundo CFO da companhia, Eric Alencar, o movimento é considerado “natural” do varejo, sem que haja necessariamente associação com os esforços da operação do grupo francês para reduzir seu nível de endividamento.
As informações foram dadas pelo executivo a jornalistas nesta terça-feira (25) ao comentar o resultado financeiro do segundo trimestre (lucro de R$ 29 milhões, queda de 95% na base anual).
O Carrefour Property é a unidade de negócios que atua na gestão do portfólio imobiliário do grupo de supermercados. O CFO descreveu a iniciativa como um “projeto grande”, fazendo referência a centenas de ativos, sem especificá-los.
No começo de julho, a empresa anunciou a conclusão de uma operação de sale and leaseback (venda de imóveis atrelada à locação subsequente) de quatro centros de distribuição e cinco lojas com dois fundos da Barzel Properties, uma gestora formada a partir de uma joint venture do GIC, fundo soberano de Cingapura, com executivos brasileiros. O valor do acordo foi de cerca de R$ 1,2 bilhão.
O CFO não quis comentar rumores de mercado de que o Carrefour estaria em negociações de venda de lojas com o Grupo Mateus (GMAT3), que tem avançado no varejo alimentar da região Nordeste. Essa companhia do Maranhão tem aberto hipermercados em estados como o Ceará.
A grande aposta do Carrefour na região foi a conversão de 129 lojas do Grupo BIG em 12 meses, cinco unidades acima da meta inicial, encerrando o processo com seis meses de antecedência ante o cronograma original. Somente no segundo trimestre, foram 47 lojas do BIG convertidas, além de três Carrefour Hiper transformados em Atacadão e a abertura de seis novas lojas no modelo atacarejo.
O CEO do Carrefour, Stéphane Maquaire, se mostrou cauteloso sobre o comportamento dos consumidores no segundo semestre, apesar de esperar o início de um ciclo de corte das taxas de juros.
“Não teremos uma queda abrupta dos juros. Não vai mudar a situação dos brasileiros na hora de pagar suas contas no final do mês”, afirmou Maquaire.
O CEO disse que o Carrefour Brasil conseguiu registrar um crescimento total de vendas de 10% no segundo trimestre na base anual, com destaque para o e-commerce, além de ter reduzido o nível de alavancagem (dívida líquida/Ebitda) de 2,44x (primeiro trimestre) para 2,17x (segundo).
Houve a conclusão da rolagem de dois terços da dívida, com fontes diversificadas e maior prazo, segundo a companhia. Já o Banco Carrefour também estabilizou os indicadores de inadimplência entre abril e junho com o maior rigor na concessão de crédito, apresentando métricas abaixo das registradas pelo mercado, segundo o CEO.
Com as lojas convertidas do Grupo Big no primeiro semestre, houve adição de 328 mil clientes ao Banco Carrefour por meio da emissão de cartões de crédito. A margem Ebitda, por sua vez, seguiu pressionada devido às conversões aceleradas de lojas, segundo a companhia.
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