Carrefour articula retratação pública no Brasil após declarações de CEO global

Pedido público de desculpas ao governo brasileiro e também por meio de comunicado pretende apaziguar a relação com autoridades e o setor privado, segundo uma fonte disse à Bloomberg News

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Bloomberg — O CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, planeja emitir um pedido público de desculpas ao governo brasileiro para resolver uma controvérsia sobre seu compromisso declarado contra a venda de carne sul-americana na França, de acordo com uma pessoa com conhecimento direto do assunto que falou com a Bloomberg News.

O embaixador francês Emmanuel Lenain busca uma reunião com o ministro da Agricultura do Brasil, Carlos Favaro, para emitir o pedido de desculpas e reforçar a avaliação de qualidade da carne brasileira, de acordo com a pessoa que pediu para não ser identificada porque o documento ainda não é público.

A medida ocorre depois que empresas como a JBS, a maior produtora de carnes do mundo, e a Minerva decidiram retaliar as declarações de Bompard e suspenderam as vendas para o Carrefour no Brasil.

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O supermercado francês tem mais de 1.000 pontos de venda no Brasil, que geram mais de 20% de suas vendas globais, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

O plano do Carrefour de pedir desculpas foi relatado primeiramente pelo jornal Valor Econômico. Nesta manhã de terça-feira (26), o Neofeed noticiou que uma carta já foi enviada ao ministro brasileiro.

A embaixada da França no Brasil atua como intermediária para ajudar o Carrefour a se retratar e encerrar a questão, disse Favaro em uma entrevista à TV Globo na segunda-feira (25).

Após a reunião com o ministro, o varejista planeja divulgar um comunicado na França e no Brasil, no qual também argumentará que a empresa sempre vendeu apenas carne francesa em seu país de origem - ou seja, assumindo que as declarações do CEO global se trataram de uma retórica.

O compromisso da Bompard, na semana passada, de não comercializar nenhuma carne produzida pelo Mercosul, um bloco comercial da América do Sul, provocou a ira de autoridades brasileiras.

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Isso ocorre em meio a protestos de fazendeiros franceses contra o esperadoacordo de livre comércio da União Europeia com o bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

Nesta terça pela manhã, a Câmara dos Deputados do Brasil decidiu votar um novo projeto de lei para impor a “reciprocidade econômica” em resposta ao protecionismo francês, de acordo com o presidente da casa, Arthur Lira.

O ministro da Agricultura endossou a decisão dos produtores brasileiros de carne bovina de suspender as vendas para a unidade local do Carrefour.

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