Carlos Ghosn diz que negociação de fusão com a Honda indica ‘pânico’ da Nissan

Ex-CEO e ex-presidente do conselho da montadora japonesa criticou o possível negócio: ‘é difícil de encontrar sinergias entre as duas empresas’, disse à Bloomberg TV

Carlos Ghosn, former Nissan chief executive officer, speaks at a roundtable event at St Joseph University in Beirut, Lebanon, on Thursday, Oct. 28, 2021.
Por Manus Cranny - Craig Trudell
20 de Dezembro, 2024 | 10:26 AM

Bloomberg — A busca da Nissan Motor por um acordo com a Honda Motor indica que a primeira está em “modo de pânico”, de acordo com Carlos Ghosn, ex-CEO da montadora japonesa, hoje em dificuldades.

“É um movimento desesperado”, disse Ghosn nesta sexta-feira (20) à Bloomberg Television. “Não é um acordo pragmático porque, francamente, é difícil de encontrar sinergias entre as duas empresas.”

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A Honda confirmou nesta semana que estuda várias opções, incluindo uma fusão, uma associação de capital ou a criação de uma empresa holding com a Nissan.

Embora a Hon Hai Precision Industry Co. também tenha demonstrado interesse na Nissan, por outro lado, a Foxconn, fabricante de iPhones de Taiwan, decidiu suspender essa busca por um eventual M&A, segundo informou a Bloomberg News nesta sexta.

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A Nissan e a Honda operam nos mesmos mercados com marcas e produtos semelhantes, disse Ghosn, o que lança dúvidas, segundo ele, sobre os méritos da combinação das duas empresas.

Ele disse acreditar que o Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão pressionou a Honda a avançar com um acordo.

“Eles estão tentando descobrir algo que possa casar os problemas de curto prazo da Nissan com a visão de longo prazo da Honda”, disse Ghosn. Embora não haja “nenhuma lógica industrial” para um acordo, “há um momento em que você tem que escolher entre performance ou [manter o] controle”.

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Diferença do desempenho das ações de Honda e Nissan aumentou desde a saída de Carlos Ghosn da segunda em 2018

Ghosn, 70 anos, reside em Beirute desde sua ousada fuga do Japão, que completa cinco anos neste mês. Enquanto estava em liberdade sob fiança, enfrentou acusações de má conduta financeira. Ele contratou uma equipe para transportá-lo de forma escondida para um avião particular dentro de uma caixa de equipamentos de música e voou para o Líbano, que raramente extradita seus cidadãos.

A Nissan e Ghosn continuam a travar batalhas legais um contra o outro, mais de seis anos depois que executivos da montadora providenciaram sua prisão e expulsão da empresa.

A montadora alega que seu ex-presidente do conselho não teria declarado sua renda integralmente e que teria se apropriado indevidamente dos ativos da empresa para ganho pessoal.

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Ghosn negou as alegações e acusou a Nissan de prejudicar suas finanças e sua reputação.

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O que poucos discutem na indústria automotiva é que Ghosn, de nacionalidade franco-brasileira, foi o executivo responsável pela turnaround financeiro e operacional da Nissan, que comandou entre 2000 e 2017, considerando os cargos de presidente do conselho e de CEO.

Ele também é frequentemente apontado como um dos executivos mais influentes das três últimas décadas do setor automotivo global - e ganhou o apelido de “le cost killer”. Também comandou a Renault e a aliança entre a montadora francesa e a japonesa.

Ghosn disse na sexta-feira que entende por que a Foxconn - que está no meio de um esforço de anos para entrar no mercado de carros elétricos - estaria interessada em comprar uma empresa automobilística por um preço baixo.

“Posso entender que uma empresa como a Foxconn - dirigida por uma gerência muito séria e realista - diga: ‘Quer saber, em vez de investirmos para fazer nosso próprio carro elétrico, vamos comprar uma empresa automotiva”, disse Ghosn. “Eles não serão os únicos a tentar fazer isso.”

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