CantuStore, investida da L Catterton, fecha sua maior captação: R$ 650 milhões

Emissão de debêntures foi coordenada por Itaú BBA, UBS, Bradesco, Caixa e Safra; recursos vão reforçar o caixa e refinanciar a dívida da líder em venda de pneus, diz o CFO Vitor Leme à Bloomberg Línea

Criada em 2006 em Itajaí, a Cantu encerrou o ano passado com 2,9 bilhões em faturamento
Por Marcos Bonfim
01 de Outubro, 2024 | 10:11 PM

Bloomberg Línea — A CantuStore, empresa com o maior marketplace de pneus do país e presença no exterior, levantou R$ 650 milhões com sua terceira emissão de debêntures, em informação antecipada pela Bloomberg Línea.

A oferta foi coordenada pelos bancos Itaú BBA, UBS, Bradesco, Caixa e Safra, que entraram com R$ 500 milhões da demanda. A Itaú Asset acompanhou com os R$ 150 milhões restantes.

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Os recursos serão usados para reforçar o caixa da companhia - que tem o fundo de private equity L Catterton como sócio - e para o refinanciamento de dívidas. Desde o ano passado, a Cantu, como é conhecida, tem colocado em prática um esforço de liability management, em que busca reduzir o custo da dívida.

A empresa amortizou cerca de R$ 170,5 milhões nos primeiros seis meses do ano. A dívida líquida encerrou o período no valor de R$ 540,3 milhões, com alavancagem de 2,14x o Ebitda.

O valor do cheque da debênture é o maior na história da empresa catarinense, que tinha levantado R$ 120 milhões em 2021 e R$ 375 milhões em 2023 nas emissões anteriores.

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O valor foi distribuído em duas séries. A primeira, de 7 anos, com carência de dois anos, foi estruturada com 30% em recebíveis, pagando o CDI (Certificado de Depósito Interbancário) mais 2%. A segunda, de cinco anos, com dois de carência e sem garantia, foi fechada com CDI mais 1,85% ao ano.

“Foi uma operação em que conseguimos não só reduzir bastante o spread como tivemos boas marcações dos papéis de dívida da companhia”, afirmou Vitor Leme, CFO da CantuStore, à Bloomberg Línea.

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Fundada em 2006 no município de Itajaí, em Santa Catarina, a Cantu encerrou o ano passado com R$ 2,9 bilhões em faturamento.

Neste ano, a empresa registrou faturamento de R$ 1,6 bilhão nos primeiros seis meses, o que representou alta de 12% em relação ao mesmo período de 2023. Mantida a tendência dos últimos anos, em que a Black Friday contribuiu para um segundo semestre mais forte, a expectativa é a de que o faturamento supere o patamar de R$ 3 bilhões pela primeira vez na história.

A operação é liderada pelo fundador, o catarinense Humberto Cantu. Formado em administração de empresas, o empresário começou o negócio há quase 20 anos à procura de fabricantes de pneus em países asiáticos como China e Vietnã. Fechou contratos de importação direta, sem intermediários.

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Em 2022, o modelo de negócios atraiu o fundo de private equity L Catterton, da família do bilionário francês Bernard Arnault, da LVMH, com investimento de R$ 601 milhões.

O IFC, braço de investimento privado do Banco Mundial, entrou como co-líder no aporte. Em 2021, ano anterior à rodada, a receita da companhia era de R$ 1,6 bilhão.

Listagem segue nos planos

Os esforços de melhora da estrutura de capital são uma preparação para um desejo de longa data da Cantu, a potencial abertura de capital por meio de um IPO (oferta pública inicial de ações).

A empresa entrou com pedido na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) no último trimestre de 2021 e retirou meses depois, um pouco antes do anúncio do aporte da L Catterton. Com o mercado ainda fechado no mercado doméstico, a Cantu espera por uma nova janela de oportunidade.

“Nós continuamos monitorando, mas seguimos a vida independentemente disso. Nós vemos o IPO como um excelente caminho para capitalizar e continuar a financiar o crescimento, mas não é o único. Temos uma missão de consolidar e liderar esse setor e não podemos ficar parados”, disse Leme.

O crescimento tem sido sustentado por estratégias “multifacetadas”, que combinam expansão orgânica, aquisições e fortalecimento de marcas próprias.

Desde a injeção de capital, a Cantu adquiriu a americana Digitire, com um marketplace de pneus para caminhões, e as brasileiras Verum, empresa de software e gerenciamento de backoffice, a Gripmaster, de pneus off-road.

Vitor Leme, CFO: "Nós continuamos monitorando a janela de IPO, mas seguimos a vida normal e independentemente disso"

As marcas próprias, representadas por SpeedMax, Itaro e a recém-chegada Gripmaster, representaram 59,1% das vendas totais no primeiro semestre. Em receita, fecharam com 49,3%.

“A nossa estratégia com as marcas próprias não é preço, e, sim, ter um laboratório que são os nossos clientes, além de nós mesmos, que rodamos no Brasil. Conhecemos as estradas, o maquinário e o parque circulante. Conseguimos assim desenvolver produtos que são adequados para a demanda do Brasil”, disse Leme.

Planos de expansão internacional

Os pneus são produzidos em 20 fábricas espalhadas por países asiáticos como China, Índia e Vietnã, além de México e Brasil.

“Como estamos há 18 anos nesse mercado, nós identificamos qual é a fábrica que produz o melhor pneu para bicicleta, para caminhão e para motocicleta. A partir daí, fazemos as nossas escolhas”, explicou.

De acordo com o executivo, apesar da representatividade das marcas próprias, o objetivo é manter a Cantu como uma varejista multimarcas, sem perder o DNA de origem.

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No portfólio estão produtos de marcas globais como Pirelli, Continental e Michelin, além de outras não tão conhecidas, como a sul-coreana Kumho, a chinesa Aeolus e a indiana CEAT.

Os produtos que são oferecidos no marketplace chegam aos consumidores por meio de 56 filiais, distribuídas por 22 estados do país e conectadas a cinco centros de distribuição.

No exterior, que responde por 5% da receita, a empresa mantém uma operação com quatro filiais nos Estados Unidos, número que deve subir nos próximos meses. E ainda trabalha com uma rede de distribuidores na América Latina, modelo que está sendo revisitado com a abertura de um escritório no México.

“O nosso diretor de expansão, Alexandre Lopes, está de mudança para o México e vai conduzir a operação da Digitire, que assume o nome de SpeedMax USA, e a operação de toda a América Latina, com a marca SpeedMax International. Nós contamos muito com essa expansão”, disse Leme.

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Marcos Bonfim

Marcos Bonfim

Jornalista brasileiro especializado na cobertura de startups, inovação e tecnologia. Formado em jornalismo pela PUC-SP e com pós em Política e Relações Internacionais pela FESPSP, acumula passagens por veículos como Exame, UOL, Meio & Mensagem e Propmark