Eneva segue interessada em campos terrestres da Petrobras, diz CFO

Em entrevista à Bloomberg News, Marcelo Habibe afirma que a empresa ainda vê potencial de se unir à estatal na operação de ativos que a Petrobras desistiu de vender

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Bloomberg — A produtora brasileira de gás natural e energia Eneva (ENEV3) vê potencial para se unir à Petrobras (PETR3; PETR4) em campos terrestres, mesmo depois que a petrolífera estatal se afastou de um programa agressivo de venda de ativos sob o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A Eneva espera comprar participações em dois projetos de petróleo onshore da Petrobras que a empresa tentava vender por inteiro, mas nunca chegou a assinar acordo, disse o diretor financeiro (CFO) Marcelo Habibe em entrevista à Bloomberg News.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse no mês passado que o polo Bahia Terra não está mais à venda, acrescentando que a empresa estava aberta a possíveis parcerias. A empresa esclareceu posteriormente que ainda não tomou uma decisão final.

A disposição da Eneva ressalta como os produtores ainda buscam maneiras de expandir no Brasil, embora haja menos oportunidades de comprar campos de petróleo e gás sob o novo governo. Prates chamou o programa de vendas anterior de irracional.

Se a Petrobras buscar sócios para os polos Bahia Terra e Urucu, a Eneva espera que a estatal comece os processos de venda do zero para evitar complicações com o Tribunal de Contas da União.

Concorrência

A Eneva estava anteriormente concorrendo pelo polo Bahia Terra em parceria com a PetroReconcavo (RECV3), e consideraria fazer parceria com a empresa pelo ativo, ou competir por conta própria, disse o executivo.

A Eneva competia anteriormente para comprar as duas províncias petrolíferas durante a gestão anterior da estatal, que buscava reduzir custos e pagar dívidas. Em 2022, a Petrobras e a Eneva cancelaram a venda das concessões de Urucu, localizadas na região amazônica, depois de não chegarem a um acordo sobre os termos.

A empresa de energia, que antes pertencia à Eike Batista, está focada em diversificar seu portfólio e reduzir dívida. Contratou o UBS para encontrar um parceiro para construir 3,4 gigawatts em projetos de energia renovável.

As negociações estão em andamento com cerca de 20 grupos que incluem fundos financeiros, e empresas de energia e petróleo. Ofertas vinculantes devem ser apresentadas antes do final de setembro, disse Habibe.

A Eneva procura reduzir sua dependência da receita de despachos das suas usinas térmicas quando há falta de energia hidrelétrica no país. Essas receitas caíram drasticamente em 2022 e 2023, quando fortes chuvas encheram os reservatórios no Brasil.

A companhia planeja aumentar as exportações de eletricidade para a Argentina e aumentar as vendas de gás natural liquefeito para clientes como a Vale (VALE3), disse Habibe.

“A Eneva teve recorde de exportação de energia para a Argentina no último trimestre”, disse.

A companhia mira um novo mercado no futuro: atuar como consumidor de última instância de gás natural produzido por outros players no Brasil, em momentos de queda na demanda. A ideia é atuar garantindo mercado para os produtores usando o gás para produzir eletricidade em sua usina térmica em Sergipe.

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