BV tem lucro e rentabilidade recordes no 3º tri. ‘Mudamos de patamar’, diz o CEO

Em entrevista à Bloomberg Línea, Gabriel Ferreira explica o racional da estratégia do banco que levou a um ROE de 15% e a um lucro líquido de quase meio bilhão de reais no período

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Bloomberg Línea — O crescimento do negócio de financiamento de veículos e a expansão de novas áreas de atuação têm levado o BV, ex-Banco Votorantim, a atingir um novo patamar de rentabilidade, segundo o CEO, Gabriel Ferreira, depois de o banco ter registrado um lucro líquido recorde no terceiro trimestre.

Em entrevista à Bloomberg Línea, Ferreira afirmou que o BV tem se posicionado para operar com um indicador de rentabilidade (ROE) de 15% “com viés de alta” pelos próximos anos à medida que a estratégia de diversificação do banco atinge a maturidade.

“Estamos entregando o maior lucro e o maior ROE trimestral da história do BV, mas é importante entender que isso não é excepcional no sentido de que não acontecerá de novo. É muito mais o resultado da execução da estratégia”, afirmou Ferreira em entrevista sobre o resultado trimestral.

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O lucro líquido do BV atingiu R$ 496 milhões no trimestre encerrado em setembro, o que representou um crescimento de 73,8% em relação ao mesmo período do ano passado, a segunda maior expansão para um trimestre desde 2019.

O ROE (retorno recorrente sobre o patrimônio líquido médio anualizado) chegou a 15%, aumento de seis pontos percentuais sobre o terceiro trimestre de 2023.

O indicador de rentabilidade superou o recorde anterior de 14,5% do quarto trimestre de 2021. Mas, na visão do CEO, o resultado mais recente tem uma composição mais forte e saudável.

“A qualidade do resultado hoje é superior. Não só o retorno nominal sobre capital é maior mas a qualidade desse resultado nos dá muito mais confiança de que ele é um patamar novo de fato de rentabilidade estrutural do banco”, disse Ferreira.

Líder no mercado de financiamento de automóveis leves usados, o BV tem investido nos últimos anos em uma estratégia de diversificação em busca de crescimento em novas frentes para reduzir a dependência do negócio principal.

A estratégia envolve a expansão da oferta de crédito para outros segmentos, como o financiamento para a instalação de painéis solares e para a compra de outras categorias de veículos (como caminhões, motocicletas e automóveis novos), empréstimos com veículo como garantia, crédito para PME (pequenas e médias empresas), além de uma expansão na oferta de cartão de crédito.

Outra frente envolve o crescimento das receitas com serviços, o que inclui o negócio de corretora de seguros, marketplace automotivo e a plataforma de compras Shopping BV.

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A companhia também tem investido para se tornar também um banco relacional, no sentido de que oferece serviços bancários tradicionais para os clientes que, inicialmente, buscam a instituição financeira em busca de financiamento.

No terceiro trimestre, o BV atingiu 6,1 milhões de clientes nessa área. Segundo a instituição, mais de R$ 2 bilhões em concessões de crédito tiveram origem dos clientes de banco relacional nos nove meses encerrados em setembro. É a primeira vez que o BV divulga esse indicador.

“Estamos bastante confiantes de que, no tempo, esses R$ 2 bilhões vão crescer e vão se tornar mais relevantes na concessão de crédito como um todo”, disse o CEO.

O executivo afirmou que, no Brasil, cerca de 70 milhões de consumidores têm alguma relação com o mercado automotivo, seja por meio da posse ou da locação de um carro ou motocicleta para uso pessoal, seja porque têm um veículo e trabalha com logística, o que dá uma dimensão do mercado potencial.

“Esse é o mercado endereçável principal do BV, em que a estratégia pressupõe começar o relacionamento financiando a aquisição de algum veículo e depois aprofundar no dia a dia bancário. Estamos com 6 milhões de clientes e há muito por crescer”, afirmou.

Parte do esforço se reflete nos números do terceiro trimestre. As receitas com serviços e corretagem subiram 19,1% no período para R$ 685 milhões, enquanto a margem financeira bruta avançou 9%, levando as receitas totais a R$ 3,057 bilhões. Já o custo de crédito caiu 12,7%, para R$ 1,002 bilhão.

O BV encerrou o trimestre com patrimônio líquido de R$ 14,542 bilhões, com alta de 7,3% sobre o mesmo período do ano passado, enquanto a carteira de crédito ampliada avançou 6%, para R$ 90,394 bilhões.

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Fundado pelo grupo Votorantim, da família Ermírio de Moraes, no fim dos anos 1980, o BV é controlado desde 2009 em uma sociedade entre a Votorantim Finanças, braço financeiro do grupo, e o Banco do Brasil (BBAS3). Cada um tem 50% do controle acionário.

Ao olhar para 2025, Ferreira disse avaliar que o crescimento da atividade econômica e o mercado de trabalho aquecido tendem a manter a demanda por crédito e serviços em alta, apesar das taxas de juros mais elevadas e da expansão menor do PIB esperada para o ano que vem.

Na avaliação do CEO, esse quadro tem aumentado a renda disponível das famílias, o que favorece a compra de veículos e imóveis.

“Vemos um cenário de diminuição da velocidade de crescimento das carteiras. Mas estamos falando de um cenário ainda de 2% de crescimento do PIB, de inflação controlada. O juro alto não pode ser analisado sozinho. Você tem esse outro contexto macroeconômico”, afirmou.

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