BV abre escritório em Luxemburgo e mira crédito para clientes do atacado

Objetivo é crescer a carteira de financiamento ao comércio exterior e de empréstimos em moedas estrangeiras, disse Rogerio Monori, diretor executivo da área, à Bloomberg Línea

Por

Bloomberg Línea — O BV (ex-Banco Votorantim) decidiu ampliar a sua presença no atacado com presença global. O banco inaugurou nesta semana um escritório em Luxemburgo, país europeu reconhecido como um dos principais centros financeiros globais.

O objetivo da unidade é obter melhores condições para a captação de recursos para clientes de grandes contas. “A nossa expectativa é crescer essa carteira de financiamento ao comércio exterior e de empréstimos em moedas estrangeiras justamente pela maior competitividade até de funding”, afirmou Rogerio Monori, diretor executivo de Atacado do BV, em entrevista à Bloomberg Línea.

A divisão é a segunda maior do banco e respondeu por 26,4% da carteira de crédito no segundo trimestre, de acordo com o balanço mais recente, com R$ 23,3 bilhões.

A instituição financeira é mais conhecida pelo seu braço de varejo, com o financiamento para a aquisição de veículos leves e usados como uma referência do mercado doméstico. No segundo trimestre, essa carteira chegou a R$ 44,1 bilhões e representou 50% de toda o volume.

Leia mais: Nunca originamos tanto crédito para a compra de carros, diz CEO do BV

A unidade de atacado inclui o atendimento a empresas desde aquelas que estão no segmento PMEs, com negócios que superam R$ 100 milhões em receitas em 12 meses, até companhias com faturamento acima de R$ 4 bilhões. No portfólio, setores como agronegócio, indústria, varejo, construção civil e varejo.

“Historicamente, o BV no atacado sempre trabalhou mais com empresas grandes. E, nos últimos quatro ou cinco anos, nós temos direcionado também para o que chamamos de tamanho intermediário, sem perder, obviamente, os relacionamentos que cultivamos”, disse Monori.

Além da carteira de crédito, a divisão de atacado opera produtos do mercado de capitais, como derivativos, e do mercado de câmbio. Até aqui, a instituição fazia as movimentações a partir de Nassau, capital das Bahamas.

As novas expectativas

O escritório no país caribenho foi aberto em 2002 e tem US$ 1,2 bilhão de ativos. “Nós temos tido bastante sucesso e é uma filial lucrativa”, afirmou o diretor. “E imaginamos que a operação de Luxemburgo irá superar o que temos hoje em Nassau.”

A expectativa está atrelada aos benefícios fiscais no país europeu, que mantém desde 1980 uma convenção com o Brasil para evitar a dupla tributação. E também à maior proximidade com potenciais outros bancos e investidores.

De acordo com dados da PwC, Luxemburgo, com uma população estimada em 650 mil pessoas, conta com 117 bancos. Outras instituições brasileiras, como Itaú, BTG Pactual, Safra e Bradesco, já estão presentes.

Leia mais: Crise bancária? BTG vai às compras e leva banco de Luxemburgo para alta renda

“É muito fácil para criar conexões e nós estávamos apenas esperando ficarmos operacionais para dar início à prospecção. Luxemburgo tem essa capilaridade para nós nos conectarmos com bancos do mundo inteiro”, afirmou Maria Carolina Furtado, general manager da operação.

Com 15 de anos de BV recém-completados, a executiva foi a responsável pela montagem e estruturação da filial. Ela se mudou para Luxemburgo há pouco mais de dois anos, período em que o BV deu entrada no pedido de autorização para a abertura local. O projeto começou a ser estudado em 2019.

A operação começa com um time de dez profissionais, oriundos de diversas nacionalidades e com áreas diferentes de expertise, que se relacionam exclusivamente com potenciais investidores de Luxemburgo. Em um segundo momento, o banco pretende avançar em outros países da Europa.

Leia também

Flórida se torna novo palco da disputa de bancos brasileiros pela alta renda