BV abre escritório em Luxemburgo e mira crédito para clientes do atacado

Objetivo é crescer a carteira de financiamento ao comércio exterior e de empréstimos em moedas estrangeiras, disse Rogerio Monori, diretor executivo da área, à Bloomberg Línea

Com operação em Luxemburgo, Banco BV pretende fortalecer operação de atacado
Por Marcos Bonfim
03 de Outubro, 2024 | 11:24 AM

Bloomberg Línea — O BV (ex-Banco Votorantim) decidiu ampliar a sua presença no atacado com presença global. O banco inaugurou nesta semana um escritório em Luxemburgo, país europeu reconhecido como um dos principais centros financeiros globais.

O objetivo da unidade é obter melhores condições para a captação de recursos para clientes de grandes contas. “A nossa expectativa é crescer essa carteira de financiamento ao comércio exterior e de empréstimos em moedas estrangeiras justamente pela maior competitividade até de funding”, afirmou Rogerio Monori, diretor executivo de Atacado do BV, em entrevista à Bloomberg Línea.

PUBLICIDADE

A divisão é a segunda maior do banco e respondeu por 26,4% da carteira de crédito no segundo trimestre, de acordo com o balanço mais recente, com R$ 23,3 bilhões.

A instituição financeira é mais conhecida pelo seu braço de varejo, com o financiamento para a aquisição de veículos leves e usados como uma referência do mercado doméstico. No segundo trimestre, essa carteira chegou a R$ 44,1 bilhões e representou 50% de toda o volume.

Leia mais: Nunca originamos tanto crédito para a compra de carros, diz CEO do BV

PUBLICIDADE

A unidade de atacado inclui o atendimento a empresas desde aquelas que estão no segmento PMEs, com negócios que superam R$ 100 milhões em receitas em 12 meses, até companhias com faturamento acima de R$ 4 bilhões. No portfólio, setores como agronegócio, indústria, varejo, construção civil e varejo.

“Historicamente, o BV no atacado sempre trabalhou mais com empresas grandes. E, nos últimos quatro ou cinco anos, nós temos direcionado também para o que chamamos de tamanho intermediário, sem perder, obviamente, os relacionamentos que cultivamos”, disse Monori.

Além da carteira de crédito, a divisão de atacado opera produtos do mercado de capitais, como derivativos, e do mercado de câmbio. Até aqui, a instituição fazia as movimentações a partir de Nassau, capital das Bahamas.

PUBLICIDADE

As novas expectativas

O escritório no país caribenho foi aberto em 2002 e tem US$ 1,2 bilhão de ativos. “Nós temos tido bastante sucesso e é uma filial lucrativa”, afirmou o diretor. “E imaginamos que a operação de Luxemburgo irá superar o que temos hoje em Nassau.”

A expectativa está atrelada aos benefícios fiscais no país europeu, que mantém desde 1980 uma convenção com o Brasil para evitar a dupla tributação. E também à maior proximidade com potenciais outros bancos e investidores.

De acordo com dados da PwC, Luxemburgo, com uma população estimada em 650 mil pessoas, conta com 117 bancos. Outras instituições brasileiras, como Itaú, BTG Pactual, Safra e Bradesco, já estão presentes.

PUBLICIDADE

Leia mais: Crise bancária? BTG vai às compras e leva banco de Luxemburgo para alta renda

“É muito fácil para criar conexões e nós estávamos apenas esperando ficarmos operacionais para dar início à prospecção. Luxemburgo tem essa capilaridade para nós nos conectarmos com bancos do mundo inteiro”, afirmou Maria Carolina Furtado, general manager da operação.

Com 15 de anos de BV recém-completados, a executiva foi a responsável pela montagem e estruturação da filial. Ela se mudou para Luxemburgo há pouco mais de dois anos, período em que o BV deu entrada no pedido de autorização para a abertura local. O projeto começou a ser estudado em 2019.

A operação começa com um time de dez profissionais, oriundos de diversas nacionalidades e com áreas diferentes de expertise, que se relacionam exclusivamente com potenciais investidores de Luxemburgo. Em um segundo momento, o banco pretende avançar em outros países da Europa.

Leia também

Flórida se torna novo palco da disputa de bancos brasileiros pela alta renda

Marcos Bonfim

Marcos Bonfim

Jornalista brasileiro especializado na cobertura de startups, inovação e tecnologia. Formado em jornalismo pela PUC-SP e com pós em Política e Relações Internacionais pela FESPSP, acumula passagens por veículos como Exame, UOL, Meio & Mensagem e Propmark