Bloomberg Línea — Após comprar ativos nos Estados Unidos e em Luxemburgo, o BTG Pactual (BPAC11) tem interesse em expandir sua presença internacional com foco na América Latina, especialmente o México, revelou o CFO do maior banco de investimento da região, Renato Cohn, nesta segunda-feira (10).
Por enquanto, no entanto, não há nada concreto para executar um plano de expansão no México, segundo o executivo. O banco tem uma operação de atacado na segunda maior economia da região.
“O México seria um lugar onde sempre olhamos com bons olhos a possibilidade de expandir. Temos há muitos anos uma boa operação de banco de investimento, de corretora lá, mas quando comparamos o tamanho dela com o Chile e a Colômbia, é uma presença pequena em um mercado que é maior”, disse Cohn a jornalistas.
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Ao colocar o México no radar, o BTG Pactual reforçou a mensagem de que busca ter flexibilidade operacional em mercados fora do Brasil, a fim de aproveitar diferentes cenários econômicos.
A diversificação de segmentos, produtos e geografias de atuação foi um dos temas abordados também durante a teleconferência com analistas sobre o resultado financeiro divulgado mais cedo, que trouxe recordes de lucro líquido (R$ 12,3 bilhões) e receita (R$ 25,1 bilhões) em 2024.
O CFO disse que o BTG busca fortalecer a presença na América Latina após a abertura de banco no Chile e na Colômbia, em um movimento que não se limita à região.
A internacionalização do banco avançou em 2024, quando fechou a aquisição do M.Y. Safra nos EUA para avançar em gestão de patrimônio - anteriormente havia acertado a compra do FIS Privatbank em Luxemburgo. Em janeiro, foi a vez do anúncio da compra do suíço Julius Baer no Brasil.
“Nossa base de clientes da América Latina tem necessidade de ter conta internacional na Europa, e Luxemburgo é um hub de asset management europeu e global. Temos também o desenvolvimento do banco nos EUA para contribuir com o crescimento de nossas franquias”, afirmou Cohn.
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Nos EUA, o BTG Pactual possui mais de 200 funcionários e 20 sócios, atuando com serviços de asset, wealth management e corretora, segundo o executivo. Ele espera obter a aprovação regulatória da compra do M.Y. Safra neste ano. “Vai ser nosso banco nos EUA”, resumiu.
Crescimento da carteira em 2025
Em 2025, o banco espera aumentar o portfólio de crédito em 20%, mesmo reconhecendo a deterioração do cenário macroeconômico desde o final do ano passado.
“Temos condição de crescer o conjunto da carteira de crédito em 20%, mesmo com o novo patamar de juros e sabendo que vai ser mais complexo, que o cenário está mais difícil”, disse Cohn.
O executivo também reforçou a mensagem de que vê espaço para um crescimento neste ano do ROAE (retorno ajustado sobre o patrimônio líquido), que terminou o ano passado em 23,1%.
“Estamos otimistas e confiantes no nosso processo de desenvolvimento e vemos uma expansão do ROAE de 23% para 24% ou esperamos algo similar no ano de 2025″, disse o executivo.
Após um incremento de 30% em 2024, a receita da área de investment bank deve continuar a melhorar, segundo Cohn. O desempenho no ano passado foi impulsionado pelo mercado de dívida (DCM), com volume e número de transações em alta.
“Mais empresas estão acessando o mercado de colocação de dívidas, que continua se desenvolvendo e melhorando. Tivemos um recorde anual de receita de DCM”, observou o CFO.
Piora das expectativas do mercado
Cohn reconheceu que o cenário macroeconômico se deteriorou no segundo semestre de 2024, quando o dólar comercial saiu de um patamar de R$ 5,40 e saltou para quase R$ 6,30, especialmente em dezembro.
“O cenário de taxas de juros vinha em queda, mas o mercado inverteu vendo uma piora das expectativas de inflação. Ou seja, o dólar subiu, o juro subiu. Isso alterou a nossa visibilidade de mercado e como o ambiente macro vai se comportar neste ano”, afirmou Cohh.
Desde setembro, o Banco Central tem elevado a taxa Selic, que subiu em janeiro para 13,25% ao ano para conter as expectativas de inflação do mercado para 2026.
O CFO disse que ainda não dá para prever se o segundo semestre vai ser mais ativo para operações financeiras do que o primeiro devido ao ambiente de incertezas e volatilidade do mercado internacional.
Sobre o possível impacto do ciclo de alta dos juros para o banco Pan (BPAN4), controlado pelo BTG Pactual, o executivo avaliou ser “natural” que a concessão de crédito fique mais restritiva, mas ressaltou que a instituição é focada em crédito consignado e em financiamento de veículos, ou seja, linhas com garantia.
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