Braskem perde nota de grau de investimento pela Fitch, que cita riscos ESG

Decisão segue colapso de mina em Alagoas que, segundo a agência de classificação de risco, amplia os riscos ambientais, sociais e de governança

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Bloomberg — A maior empresa petroquímica da América Latina, a Braskem (BRKM5), perdeu sua classificação de grau de investimento na Fitch Ratings, no mais recente revés para a empresa que está sob crescente pressão devido ao colapso de uma mina de sal que opera no Nordeste do Brasil.

A Fitch rebaixou a Braskem em um degrau para “BB+”, na quinta-feira (14), citando riscos crescentes ambientais, sociais e de governança. A agência de classificação de risco também colocou o crédito sob observação negativa.

A empresa enfrenta uma ação de R$ 1 bilhão movida por promotores locais devido aos danos causados por eventos geológicos em suas instalações.

Como resultado da extração de sal-gema pela empresa na região, o solo está afundando em partes da cidade de Maceió, forçando um estado de emergência e levando à evacuação de milhares de pessoas.

Os impactos ecológicos “podem possivelmente poluir paisagens próximas, a lagoa e o solo”, enquanto a Braskem enfrentará uma maior exposição aos impactos sociais à medida que os residentes se mudam para outras áreas, de acordo com a Fitch.

“Isso pode ter um impacto negativo no perfil de crédito, pois prejudica a reputação da empresa e pode comprometer o fluxo de caixa livre”, disse a agência.

A empresa operava o negócio de mineração em Maceió há cinco décadas e já havia concordado em pagar um pouco mais de R$ 14 bilhões em custos de compensação desde que as primeiras fissuras surgiram por volta de 2018. Agora, ela pode estar sujeita a impactos adicionais, segundo analistas.

Os riscos crescentes desencadearam uma venda massiva nos títulos da Braskem, com os títulos em dólares com vencimento em 2030 caindo quase 10 centavos, para 76 centavos desde o final de novembro.

Moody’s

A decisão da Fitch segue uma ação semelhante da Moody’s Investors Service, que rebaixou ainda mais a Braskem para o grau especulativo.

A empresa petroquímica brasileira cancelou na semana passada sua classificação de crédito corporativo emitida pela Moody’s, citando medidas de corte de custos.

Em comunicado à Bloomberg News, a Moody’s disse que continuará a cobrir o crédito por meio de uma classificação “não solicitada”.

A Braskem era uma das únicas cinco empresas brasileiras com classificação investment grade (grau de investimento), de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

A empresa listou mais de US$ 10 bilhões em dívida de longo prazo no final do terceiro trimestre, incluindo US$ 1,5 bilhão em títulos globais com vencimento em 2030, mostram os dados.

A companhia afirmou em comunicado na quinta-feira que continua a ter uma “posição de caixa sólida e um perfil de dívida muito longo” e reforçou “seu compromisso em manter sua posição de liquidez e disciplina de custos”.

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