Bradesco eleva lucro em 20% em 2024 com maior rentabilidade e menor inadimplência

Banco projeta menor apetite ao risco no crédito em 2025 e mira expansão em empréstimos com garantia, citando um ano desafiador para a economia diante de juros mais altos

Por

Bloomberg Línea — O Bradesco (BBDC4) reportou, nesta manhã de sexta-feira (7), um lucro líquido recorrente de R$ 19,6 bilhões em 2024, o que significou 20% de aumento frente ao ano anterior, com destaque para a melhora da rentabilidade e a redução dos índices de inadimplência.

O resultado refletiu um avanço do plano de transformação do banco conduzido pelo CEO Marcelo Noronha desde novembro de 2023, que tem objetivos de médio e longo prazo.

No quarto trimestre, o lucro alcançou R$ 5,402 bilhões, praticamente em linha com o consenso de estimativas dos analistas compiladas pela Bloomberg (R$ 5,340 bilhões). Foi um incremento de 87,7% em 12 meses, mas de 3,4% em três meses.

Leia mais: Bradesco Asset reduz risco na carteira e vê inflação sob pressão, diz Bruno Funchal

A rentabilidade medida pelo ROAE (retorno sobre o patrimônio líquido médio) teve mais um trimestre de avanço, para 12,7%, uma alta de 0,3 ponto percentual na comparação trimestral e de 5,8 ponto na anual.

O banco também divulgou projeções (guidances) para 2025, que indicam um menor apetite ao risco, a exemplo do que fez o Itaú Unibanco (ITUB4).

O Bradesco espera aumento da carteira de crédito entre 4% e 8%. Em 2024, a instituição financeira entregou crescimento de carteira de 11,9%, acima do guidance (7% a 11%).

“A carteira de crédito acelerou no quarto trimestre com equilíbrio, apresentando bom crescimento particularmente em linhas de baixo risco e boa margem líquida, seguindo o que vimos no trimestre anterior”, citou o banco no relatório enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

Leia mais: Marcelo Noronha quer tornar o Bradesco mais rentável. Mas será no ‘nosso ritmo’

O Bradesco divulgou mais quatro guidances para o ano cheio: margem financeira líquida (R$ 37 bilhões a R$ 41 bilhões), receitas de prestação de serviços (4% a 8%), despesas operacionais (5% a 9%) e resultado das operações de seguros, previdência e capitalização (6% a 10%).

“Nossa melhora operacional continua gerando aumento da rentabilidade de forma gradual e segura. Em 2024, aproveitamos oportunidades para crescer em linhas de alta margem líquida, mesmo que tenham spread brutos menores, o que nos propiciou melhor resultado e maior percentual de crédito com colateral”, avaliou o banco.

A inadimplência da carteira de crédito, no indicador que considera atrasos superiores a 90 dias, caiu 0,2 ponto no trimestre e 1,1 ponto em um ano. A redução ocorreu em todos os segmentos e foi mais acentuada em MPME (Micro, Pequenas e Médias Empresas). O índice de cobertura ficou estável no trimestre.

A receita do Bradesco aumentou 5,4% na base trimestral e 7,9% na anual no quarto trimestre, já desconsiderando o aumento de participação na Cielo, e foi impulsionada pelo crescimento dos três principais componentes (margem financeira total, receitas com serviços e seguros), segundo o banco.

Desafios em 2025

Em nota, Noronha disse que o banco reduziu o apetite ao risco na concessão de crédito diante da perspectiva de cenário macroeconômico mais desafiador.

Desde setembro do ano passado, os juros básicos estão em trajetória de alta no país para conter a inflação, o que tende a desacelerar o ritmo da atividade econômica e a esfriar o mercado de trabalho. Esse processo se dá em meio às preocupações crescentes de investidores com o quadro fiscal e, mais recentemente, o impacto da imposição de tarifas pelo governo Trump a parceiros comerciais do Brasil, como a China.

“Nossa carteira de crédito crescerá em linha com o mercado em 2025. Nossa opção é por garantir a sustentabilidade da nossa jornada, evoluindo com segurança e mantendo o custo de crédito sob controle”, disse o executivo em nota.

O CEO disse esperar que o crescimento das receitas, com o risco de crédito controlado, seja o principal fator a contribuir para a melhora da rentabilidade do banco neste ano. “Continuaremos a investir na nossa transformação, o que aumentará a nossa competitividade no longo prazo”, afirmou o executivo.

Segundo a nota, o Bradesco tem fortalecido os negócios considerados mais resilientes, como agronegócio, alta renda, seguros e emissão de dívida corporativa.

“Criamos uma diretoria no atacado para atender o agronegócio e estamos concluindo a aquisição de 50% do banco John Deere. O lançamento do Principal nos reposiciona no alta renda. Esperamos abrir mais escritórios e convidar mais clientes para o novo segmento este ano”, disse Noronha.

Leia também

O ‘guidance’ não é estático. Podemos acelerar se o cenário permitir, diz CEO do Itaú