Bradesco amplia lucro com avanço em crédito e rentabilidade; e mira alta renda

Ganhos de R$ 5,1 bilhões ficaram acima do consenso da Bloomberg, enquanto o ROAE subiu de 11,3% para 12,4% na base anual; banco anuncia novo segmento para o cliente de alta renda

Bradesco
31 de Outubro, 2024 | 07:35 AM

Bloomberg Linea — O Bradesco (BBDC4) reportou nesta manhã de quinta-feira (31) um lucro líquido recorrente consolidado de R$ 5,2 bilhões no terceiro trimestre. O resultado representa um crescimento de 10,8% em três meses e de 13,1% em 12 meses e dá sequência ao movimento de recuperação de performance iniciado no fim do segundo semestre do ano passado, quando Marcelo Noronha assumiu o cargo de CEO com a missão de reestruturar e modernizar o segundo maior banco privado do país - e recuperar a rentabilidade.

O lucro veio ligeiramente acima do número esperado pelo mercado segundo o consenso de analistas consultados pela Bloomberg (R$ 5,14 bilhões).

A rentabilidade medida pelo ROAE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio) ficou em 12,4%, um aumento de 1 ponto percentual no comparativo trimestral e de 1,1 ponto percentual na base anual.

É o segundo grande banco a divulgar balanço nesta temporada trimestral. Na terça-feira (29), o Santander Brasil (SANB11) divulgou lucro de R$ 3,6 bilhões, com alta de 10% em três meses e de 34,3% em 12 meses, com ROAE de 17%, uma melhora de 1,5 ponto no trimestre e de 3,9% na visão anual.

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O Bradesco aumentou o ritmo de concessão de crédito em três meses, diferentemente, por exemplo, da operação no Brasil do banco espanhol, que reduziu sua carteira ampliada em 0,3%.

A carteira de crédito do Bradesco cresceu 3,5% em três meses e 7,6% em 12 meses, para R$ 943,9 bilhões. Para pessoas físicas (R$ 396,8 bilhões), o crescimento foi maior: 3,9% em três meses e 10% em 12 meses. Já a carteira PJ (R$ 547,1 bilhões) cresceu 3,2% e 5,9%, respectivamente.

O Bradesco contabilizou recuos tanto nas taxas de inadimplência de curto prazo (entre 15 e 90 dias) como longo (mais de 90 dias): 3,4% (queda de 0,3 ponto percentual em três meses e de 0,7 ponto em 12 meses) e 4,2% (redução de 0,1 ponto em três meses e de 1,4 ponto em 12 meses), respectivamente.

A margem financeira total alcançou R$ 16 bilhões entre julho e setembro, com melhora tanto no comparativo trimestral (+2,7%) como anual (+0,9%).

A PDD expandida (provisão para devedores duvidosos) somou R$ 7,1 bilhões, com redução em três meses (-2,2%) e em 12 meses (-22,4%). As receitas de prestação de serviços totalizaram R$ 9,9 bilhões, com aumento de 2,8% (visão trimestral) e de 5,1% (comparação anual).

Alta do dólar, da inflação e do juro

Em nota à imprensa, Noronha disse que o resultado foi mais um passo importante no retomada da rentabilidade do banco. “Mostra que estamos ‘tracionados’ em todos os segmentos de clientes, avançando com segurança e expandindo significativamente as receitas em frentes variadas como crédito, serviços e seguros. Esse equilíbrio dá sustentabilidade à nossa trajetória”, avaliou.

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Ele também fez referência ao cenário macroeconômico. Em setembro, o Banco Central elevou a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano, na primeira alta da Selic em mais de dois anos, em um cenário de desvalorização do real e incertezas sobre a inflação e a situação fiscal do país.

“Por certo, o cenário macro apresenta desafios. Mas o mix da nossa carteira de crédito é bem conservador e as novas safras de crédito vem apresentando boa qualidade. Nossos índices de inadimplência melhoraram novamente em todos os segmentos. Nos sentimos confortáveis para continuar avançando”, disse o CEO.

Novo segmento na alta renda

O Bradesco informou ainda que lança hoje um novo segmento para clientes de alta renda. Segundo o banco, pesquisas e entrevistas com clientes e benchmarks internacionais foram levados em conta na concepção. O nome não foi revelado pela manhã.

“[O novo segmento] traz um novo conceito de atendimento, incluindo escritórios de relacionamento estrategicamente localizados em praças escolhidas pelo perfil econômico e pelo alto potencial de negócios”, disse a instituição.

Desde o início de sua gestão no fim de 2023, Noronha tem reestruturado as operações do banco, em processo que incluiu contratações de alto escalão para diversas áreas, de recursos humanos a tecnologia.

Um dos principais objetivos é recuperar no médio prazo patamares mais próximos da rentabilidade histórica recente, em direção a um ROAE mais perto dos 20%, como seus pares do varejo massificado.

As ações do Bradesco acumulam queda de 12,05% no ano, pior que o desempenho do Ibovespa (-2,64%). O próximo dos grandes bancos a divulgar balanço é o Itaú Unibanco (ITUB4) na segunda-feira (4).

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.