Bombril: recuperação judicial afeta 11 bancos com R$ 130 milhões em crédito a receber

Empresa de produtos de limpeza busca reestruturar R$ 332,9 milhões e proteger ativos com aval da Justiça; Itaú, Banco Paulista e Santander são os principais credores financeiros

Bancos estão entre os principais credores da Bombril, de acordo com pedido de recuperação judicial
12 de Fevereiro, 2025 | 09:35 AM

Bloomberg Línea — A recuperação judicial (RJ) da Bombril, uma das maiores empresas de produtos de limpeza do Brasil, afeta onze bancos brasileiros, que possuem créditos a receber que totalizam cerca de R$ 130 milhões após conceder empréstimos e financiamentos ao grupo, segundo a lista de credores vista pela Bloomberg Línea.

A Bombril S.A. e suas subsidiárias (Brilmaq e Bril Cosméticos) apresentaram um pedido de RJ na segunda-feira (10) na Justiça de São Paulo, em um esforço para reestruturar R$ 332,874 milhões e garantir a continuidade da operação.

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As empresas solicitaram uma liminar para proteger seus ativos de ações de execução de credores e evitar impactos aos negócios durante o processo.

O maior credor financeiro é o Itaú Unibanco, com crédito a receber de R$ 18,175 milhões, de acordo com a lista. Depois, aparecem Banco Paulista (R$ 16,606 milhões), Santander Brasil (R$ 16,551 bilhões), Daycoval (R$ 16,260 milhões), ABC (R$ 9,094 milhões) e Sofisa (R$ 9,009 milhões).

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Há ainda créditos a receber atribuídos ao C6 Bank (R$ 7,786 milhões), ao Rendimento (R$ 7,698 milhões), ao Fibra (R$ 6,847 milhões), ao Triângulo (R$ 5,159 milhões) e ao Banco Industrial do Brasil (R$ 2,454 milhões). Os credores podem ainda questionar esses valores indicados pela companhia.

O grupo enfrenta uma crise financeira e operacional na esteira de contingências tributárias herdadas de gestão anterior.

A empresa tem uma dívida fiscal - ou seja, com o governo - de aproximadamente R$ 2,3 bilhões e cita dificuldades para acessar novas linhas de crédito.

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A situação se agravou com uma reclassificação da contingência tributária de “possível” para “provável”, o que pode levar a uma “corrida de credores” e à paralisia operacional.

“Parece haver uma bomba fiscal iminente que pode explodir na Bombril e atacar seu caixa. Isso motivou o grupo a pedir a RJ”, avaliou à Bloomberg Línea Daniel Báril, coordenador da área de Insolvência e reestruturação de Silveiro Advogados, que não possui ligação com o caso.

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Para evitar essa situação, a Bombril decidiu ajuizar uma recuperação judicial na Vara Regional Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem da 1ª Região Administrativa Judiciária, do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Se aceito, esse pedido de recuperação permitirá à empresa renegociar suas dívidas e equalizar seu fluxo de caixa - desde que, é claro, o plano se aprovado pelo credores em sua maioria e, depois, de fato funcione.

O pedido foi apresentado perante a Justiça Comercial da Comarca de São Bernardo do Campo, que é considerada a sede do principal estabelecimento do Grupo Bombril.

Pedido de segredo de justiça

O pedido de RJ é acompanhado de uma extensa documentação, que inclui demonstrações contábeis, relações de credores e bens e certidões de regularidade.

O Grupo Bombril requer que certos documentos, como as relações de empregados e a relação de bens do sócio controlador e administradores, sejam mantidos em segredo de justiça, sob alegação de proteção da intimidade e da privacidade de pessoas envolvidas.

A medida não afetará a capacidade operacional da empresa, que disse confiar em um novo ciclo de crescimento após a recuperação judicial, segundo documento enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) nesta terça-feira (11).

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Com quase 3.000 postos de trabalho diretos e indiretos, o grupo tem três plantas industriais em São Paulo, Pernambuco e Minas Gerais, além de depósitos regionais e rede de distribuidores.

Foi fundado em 1948 e possui marcas tradicionais de higiene e limpeza como Bombril, Limpol, Sapólio, Mon Bijou e Pinho Bril.

Segundo a petição, a crise atual não afasta a viabilidade financeira e operacional do Grupo Bombril, mas torna necessário um processo de recuperação judicial para negociar uma solução global e coletiva com os credores.

A recuperação judicial permitirá renegociar suas dívidas, regularizar sua situação fiscal, manter sua operação e empregos e retomar seu crescimento e investimentos, segundo o documento.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.