Boeing vende por US$ 10,6 bi unidade de navegação de voo para a Thoma Bravo

Venda anunciada nesta terça-feira (22) ocorre enquanto a fabricante de aviões tenta reduzir dívida de US$ 58 bilhões

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Bloomberg — A Boeing concordou em vender sua unidade de navegação de voo e ativos relacionados para a Thoma Bravo por US$ 10,6 bilhões, a primeira grande transação de portfólio sob o comando do CEO Kelly Ortberg, enquanto ele busca fortalecer as finanças da fabricante de aviões.

O acordo envolvendo os negócios da Jeppesen também inclui as subsidiárias ForeFlight, AerData e OzRunways da Boeing, de acordo com um comunicado na terça-feira, confirmando uma reportagem da Bloomberg News.

Sob a propriedade da Thoma Bravo, a Boeing continuará a capturar os dados necessários para os serviços de manutenção, reparo e diagnóstico.

A Jeppesen, que fornece planos de voo interativos, é lucrativa e conta com uma ampla base de clientes, desde companhias aéreas até pilotos amadores.

A empresa que a Boeing adquiriu em 2000 por US$ 1,5 bilhão está entre os ativos que a fabricante de aviões está tentando se desfazer para reduzir sua dívida de US$ 58 bilhões e se recuperar de uma série de erros.

As ações da Boeing, que divulga seus resultados na quarta-feira, subiram até 2,3% a partir das 9h54 em Nova York.

O acordo marca a maior medida já tomada por Ortberg para reduzir a gama de negócios e priorizar as operações principais da Boeing, que fabrica jatos e aviões militares.

Ortberg, que assumiu o cargo no ano passado após uma grande mudança no quadro de executivos, disse que procuraria podar, em vez de fazer cortes drásticos, à medida que reformulasse as operações.

Com os outros ativos, a venda exigiu um preço mais alto do que o esperado originalmente. O ForeFlight, um aplicativo de navegação de aviação, é amplamente utilizado por pilotos amadores.

A Boeing comprou o negócio em 2019. O OzRunways é um aplicativo que ajuda os pilotos a se manterem informados sobre os volumosos NOTAMs, ou avisos da Administração Federal de Aviação para os aviadores.

No ano passado, a Boeing levantou US$ 21,1 bilhões em uma venda ampliada de ações, marcando uma das maiores transações desse tipo já realizadas por uma empresa pública, enquanto Ortberg procurava evitar um possível rebaixamento da classificação de crédito para lixo.

A venda “oferece uma apólice de seguro sobre a liquidez no final de 2025″, quando se espera que a Boeing volte a ter um fluxo de caixa positivo, disseram os analistas da Bloomberg Intelligence George Ferguson e Melissa Balzano em uma nota.

"Nenhum dos negócios do acordo parece ser essencial, já que a Boeing retém aeronaves e dados específicos da frota para dar suporte aos operadores da frota comercial".

Desde que assumiu o cargo, Ortberg tem procurado estabilizar os processos de fabricação da Boeing, que passaram por intenso escrutínio público e regulatório após um acidente quase catastrófico no início do ano passado.

Quando a empresa divulgar seus lucros nesta semana, os investidores procurarão sinais de possíveis consequências das tarifas, que podem prejudicar a Boeing como uma das principais exportadoras do país.

A Thoma Bravo superou outras empresas de private equity que estavam interessadas na Jeppesen.

A Bloomberg informou em janeiro que os pretendentes incluíam a Advent, Blackstone, Carlyle Group, Veritas Capital e Warburg Pincus.

A unidade também atraiu o interesse de empresas como Honeywell International, TransDigm Group, RTX e GE Aerospace, informou a Bloomberg News.

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