Bloomberg — A Boeing divulgou resultados do primeiro trimestre que superaram as estimativas de Wall Street, o que deu ao fabricante de aviões em dificuldades um grau maior de estabilidade para lidar com os deslocamentos no comércio global que complicaram as exportações.
A fabricante de aviões utilizou US$ 2,3 bilhões em caixa livre nos três meses encerrados em 31 de março, à medida que aumentava a produção de jatos, informou a Boeing em um comunicado na quarta-feira. Esse montante é menor do que a retirada de US$ 3,4 bilhões que os analistas haviam previsto, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
O prejuízo ajustado por ação, de 49 centavos de dólar, foi o menor em mais de um ano.
As ações da Boeing saltaram 4,6% nas negociações pré-mercado nos EUA. Até terça-feira, as ações haviam caído 8,2% este ano, acompanhando a queda do Dow Jones Industrial Average.
Chamando 2025 de “nosso ano de reviravolta”, o CEO Kelly Ortberg disse que a empresa está no caminho certo para aumentar a produção de seu jato 737 Max, que é uma fonte de renda, nos próximos meses, até o limite mensal de 38 jatos imposto pelos órgãos reguladores dos EUA.
Em seguida, a empresa buscará permissão para chegar a 42 unidades "ainda este ano", uma medida que ajudaria a gerar caixa que foi esgotado por uma greve recente e crises de fabricação.
Ao mesmo tempo, a Boeing continua suscetível às consequências das tarifas do presidente Donald Trump, que interromperam as entregas de aeronaves para a China, o segundo maior mercado de aviação do mundo depois dos EUA.
Ortberg alertou anteriormente que os fornecedores também correm o risco de serem pegos nas hostilidades comerciais, o que pode aumentar os custos e levar a atrasos na produção de aeronaves.
“Embora estejamos observando atentamente os desdobramentos do comércio global, nosso forte início de ano, combinado com a demanda por aviões e nossa carteira de pedidos de meio trilhão de dólares para nossos produtos e serviços, nos dá a flexibilidade de que precisamos para navegar nesse ambiente”, disse Ortberg em uma mensagem aos funcionários.
A Boeing disse que os resultados "refletem apenas as tarifas promulgadas em 31 de março".

A Boeing, que obteve lucro pela última vez em meados de 2021, está saindo de um dos piores anos de seu século de história.
A empresa enfrentou uma longa greve de funcionários no final do ano passado, após meses de turbulência na produção e uma mudança na gerência sênior na sequência de um acidente quase catastrófico no início de 2024.
As divisões comercial e de defesa da Boeing apresentaram melhorias, com a unidade de defesa registrando um lucro operacional de US$ 155 milhões e margem de 2,5%. A divisão de aviões da Boeing reduziu seu prejuízo operacional para US$ 537 milhões.
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Ortberg disse que a Boeing conseguiu reduzir o chamado trabalho deslocado, um termo do setor que descreve a produção da fábrica que está fora de sequência.
A empresa também está avançando com a certificação de suas aeronaves 737-7, 737-10 e 777-9, embora o CEO não tenha fornecido um cronograma definitivo sobre quando os modelos entrarão em serviço comercial.
De modo geral, a Boeing está construindo aviões de maior qualidade e entregando-os com “mais previsibilidade”, disse o CEO.
O CEO reiterou que a Boeing ainda está preparada para aumentar a produção do 787 Dreamliner para um ritmo mensal de sete jatos este ano, se sua fábrica permanecer estável.

Ainda assim, a Boeing está sendo prejudicada como o maior exportador dos EUA, já que as políticas comerciais em constante mudança de Trump causam choques na economia americana.
As transportadoras chinesas suspenderam a entrega de aeronaves, informou a Bloomberg News na semana passada, depois que os preços dos jatos mais do que dobraram quando Pequim impôs uma tarifa de 125% em resposta às taxas ainda mais altas de Washington.
Na terça-feira, Trump sinalizou que pode estar recuando de sua postura de tarifas rígidas contra Pequim em meio à volatilidade do mercado, dizendo que as tarifas serão reduzidas se os dois países conseguirem chegar a um acordo.
Também na terça-feira, a Boeing anunciou a venda de sua unidade de navegação de voo e outros ativos digitais para a Thoma Bravo por US$ 10,6 bilhões em dinheiro, marcando o primeiro grande ajuste de portfólio de Ortberg que dá à empresa uma sólida infusão de dinheiro.
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