Bloomberg — A Boeing informou que estuda aumentar significativamente a produção de sua família de aeronaves 737 para muito além dos níveis atuais, enfatizando sua confiança à medida que conquista grandes encomendas e coloca sua divisão de aeronaves em uma posição financeira mais estável após anos de crise.
A empresa norte-americana considera aumentar a produção do modelo ‘narrowbody’, conhecido como ‘workhorse’, para até 60 aeronaves por mês, a depender do progresso de uma série de aumentos planejados na taxa de produção, informou o CEO Dave Calhoun na última semana após a divulgação dos números do trimestre, que superaram as estimativas.
A meta formal, no entanto, é de 50 aeronaves por mês em 2026.
O aumento da capacidade de produção e de entregas, se confirmado de forma sustentada, pode beneficiar companhias que encomendaram modelos como o 737 MAX, caso da Gol (GOLL4). Isso porque as novas aeronaves são mais eficientes do ponto de vista de consumo de combustíveis.
A segunda metade de 2024 será um “momento muito importante, porque acredito que será a mudança significativa para a BCA em todos os aspectos”, disse Calhoun, referindo-se à subsidiária de aeronaves comerciais da Boeing. “Se atravessarmos essa fase com sucesso e executarmos bem, então estaremos falando com todos vocês sobre 60 aeronaves.”
A fabricante já planejava aumentar a produção dos 737 para uma faixa semelhante antes dos dois acidentes com o 737 Max e a pandemia de covid-19, que levaram a empresa a uma crise.
Na semana passada, a empresa deu o primeiro passo em direção às suas metas ambiciosas ao elevar a produção para 38 aeronaves por mês no curto prazo, representando um aumento de quase um quarto em relação ao ritmo que estava em vigor na maior parte do ano passado (cerca de 30).
A concorrente Airbus, que também divulgou seus resultados na semana passada, disse que pretende produzir 75 aeronaves da família A320 por mês até 2026. No entanto a empresa europeia também removeu uma meta de prazo mais curto de aumentar a produção para além dos níveis pré-covid, de 65 unidades, citando a persistente volatilidade com fornecimento e mão-de-obra.
Desafios com fornecedores
Ambas as fabricantes de aeronaves enfrentam instabilidade na mão-de-obra, pois novas contratações substituem experientes baby boomers que se aposentaram ou aceitaram programas de demissão voluntária durante a pandemia de covid-19. Além disso, estão se adaptando a um cenário em que problemas com fornecedores e escassez de peças parecem ser a nova normalidade.
A Boeing enfrentou tensões adicionais ao interromper e reiniciar a produção do 737 Max durante a suspensão global, afetando severamente parceiros industriais como a Spirit AeroSystems Holdings, responsável pela maior parte da estrutura de alumínio da aeronave. Enquanto isso, a Airbus tem que lidar com problemas nos motores, especialmente nos fornecidos pela subsidiária Pratt & Whitney da RTX.
Ainda assim, a empresa norte-americana está vendo sinais encorajadores enquanto trabalha para sincronizar seus fornecedores e a fábrica na área de Seattle, ao mesmo tempo em que inicia uma quarta linha de montagem para a lucrativa aeronave.
Os executivos afirmaram que o principal negócio comercial da Boeing caminha para começar a gerar lucro operacional no final deste ano ou início de 2024, após anos de prejuízos.
“Por enquanto, estamos focados na estabilidade” nas fábricas e na cadeia de suprimentos, disse Calhoun. “Queremos ter mais capacidade do que precisamos.”
A Boeing traçou uma série de aumentos na produção que levariam suas fábricas a níveis próximos aos anteriores à pandemia até meados da década, reiterando a meta de atingir 50 entregas do 737 por mês em 2025 ou 2026.
Esses passos são cruciais se a Boeing quiser alcançar o objetivo de Calhoun de gerar US$ 10 bilhões em fluxo de caixa livre nesse período, para ajudar a pagar sua enorme dívida, que ainda excede US$ 50 bilhões.
- Com informações da Bloomberg Línea.
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