Bloomberg — A BlackRock, maior gestora de recursos de terceiros do mundo, está em conversas com fundos de pensão brasileiros para ampliar sua presença nessa indústria de R$ 2,9 trilhões.
“Hoje não temos mandato local para gestão de dinheiro de fundos de pensão”, disse Bruno Barino, que assumiu como country manager da BlackRock no Brasil em outubro, em uma entrevista à Bloomberg News. “Mas é uma evolução natural, não tem como estar neste mercado e não fazer.”
Com US$ 11,6 trilhões em ativos sob gestão no mundo, a BlackRock tem participação relevante em muitos dos 43 países nos quais tem presença, disse Barino. Mas o Brasil é exceção.
O executivo, que foi anteriormente responsável pelo negócio de multifamily office do UBS no Brasil, se juntou à BlackRock com o objetivo de mudar essa situação.
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A BlackRock herdou sua operação no Brasil quando comprou uma coleção de fundos negociados em bolsa, conhecidos como ETFs, e de fundos mútuos de índice do Barclays em 2009. Desde então, tem se concentrado nesses tipos de produtos localmente.
Com uma participação de mercado de cerca de 38% dos R$ 46 bilhões de ETFs no Brasil, a BlackRock está em processo de lançar mais dois desses produtos, replicando estratégias que a empresa já tem no exterior. E planeja mais ETFs para o final deste ano.
A gestora também tem cerca de US$ 17 bilhões em ativos sob gestão de brasileiros que investem no exterior, um mercado que Barino estima em cerca de US$ 300 bilhões.
“Por muito tempo, a BlackRock tem se concentrado apenas nesses dois segmentos de mercado”, disse o executivo. “Mas não podemos gerar crescimento suficiente apenas com fundos offshore e ETFs.”
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Barino disse que já está em negociações com fundos de pensão e, para atendê-los, considera contratar gestores de fundos no Brasil.
Por enquanto, ele disse que pode fornecer o serviço com os funcionários atuais da empresa e usar o Aladdin, uma plataforma de tecnologia que unifica os processos de gestão de investimentos e tem ferramentas de gestão de risco.
Como a BlackRock tem apenas uma pequena fatia da indústria de investimentos de US$ 1,7 trilhão do Brasil, a gestora não precisa que o mercado cresça para ganhar participação de mercado. E seus serviços podem ajudar os investidores a reduzir custos, de acordo com Barino.
Muitos fundos de pensão no país empregam seus próprios gestores, enquanto outros usam serviços de gestão de terceiros para pelo menos parte de seus portfólios.
A BlackRock também tem um serviço de assessoria de investimentos offshore que “ganhou muita força, especialmente entre fundos de pensão e clientes institucionais, em um ano como 2024, no qual a tese da diversificação geográfica se mostrou necessária”, disse Barino.
Ele acrescentou que a empresa considera se deve trazer esse serviço de assessoria para o mercado local brasileiro.
O real perdeu 21% em valor em relação ao dólar no ano passado, o que ajudou a aumentar os retornos de investimentos no exterior para os brasileiros e também impulsionou a demanda pelos serviços da BlackRock.
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Outro canal potencial para expansão da BlackRock é um produto que ajuda os agentes autônomos de investimentos a gerir seus próprios negócios a custos mais baixos.
A ferramenta será útil agora, pois, desde novembro, novas regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil forçam esses assessores de investimentos a mostrar claramente aos investidores pessoas físicas quanto em taxas eles pagam a cada produto.
Barino também considera aquisições para expandir os negócios rapidamente. A BlackRock tem perto de 30 funcionários no Brasil.
O executivo disse que a BlackRock tem se concentrado muito no México desde que adquiriu o negócio de gestão de recursos de terceiros do Citi no país em 2018. Agora que essa integração está concluída, Barino disse que “temos é que focar em unlock [destravar] o Brasil”.
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