Bloomberg — A BlackRock, maior gestora do mundo, iniciou um leilão pela startup alemã SellerX, em uma medida agressiva incomum depois que um empréstimo concedido ao agregador de marcas que vendem na plataforma da Amazon - mas não têm relação societária com a big tech - não foi pago.
Um anúncio publicado na última sexta-feira (23) no jornal Börsen-Zeitung afirmou que o leilão da empresa apoiada pela empresa de private equity L Catterton foi agendado para 17 de setembro em um hotel de Berlim.
Na Alemanha, esses leilões podem ser usados por credores para assumir o controle de empresas depois que as negociações entre a empresa, os investidores e os mesmos chegam a um impasse, em casos que muitas vezes eliminam o patrimônio dos investidores.
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A medida é uma evidência de um abalo acelerado entre as empresas conhecidas como agregadoras, que levantaram bilhões em financiamento e adquiriram marcas vendidas na Amazon em que identificaram potencial de ganho de escala que pudesse rentabilizar esse investimento. Mas passaram a enfrentar dificuldades quando o boom do comércio eletrônico da era da pandemia ficou sem combustível.
O anúncio no jornal apontou que a GLAS, uma prestadora de serviços de administração de dívidas, está responsável pela realização do leilão. A GLAS é citada em registros corporativos como agente de segurança da linha de crédito da SellerX, que foi concedida pela BlackRock e pela Victory Park Capital.
A BlackRock e a Victory Park Capital não quiseram comentar à Bloomberg News. A L Catterton e a SellerX não responderam aos pedidos de comentários.
A BlackRock e a Victory Park Capital concederam um empréstimo de US$ 400 milhões à SellerX em 2021, que foi aumentado no ano passado quando a SellerX adquiriu o agregador Elevate Brands.
Desde então, a BlackRock mudou o empréstimo para o status de não acumulação - o que significa que os mutuários pararam de fazer pagamentos.
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Em uma call de resultados no início deste mês, a BlackRock disse que estava em discussões com as partes interessadas do SellerX para encontrar um “caminho para a recuperação”.
A SellerX, que já foi avaliada em US$ 1 bilhão, estava entre as dezenas de startups com planos audaciosos de se tornarem conglomerados de consumo da chamada era digital. Ela foi fundada pelos empreendedores alemães Malte Horeyseck - por sua vez, um dos fundadores da Dafiti no Brasil - e Philipp Triebel.
Em vez disso, o crescimento das vendas online diminuiu após o fim da pandemia, o que deixou muitos agregadores sobrecarregados com dívidas que não podiam pagar. Isso, por sua vez, forçou uma consolidação, colocando em confronto importantes nomes do mundo dos investimentos.
A L Catterton, o braço de private equity do segundo homem mais rico do mundo, Bernard Arnault, da LVMH, fez investimentos de capital em vários agregadores.
A BlackRock e a Victory Park Capital concederam empréstimos a várias empresas. Portanto, as três empresas estão frequentemente negociando estratégias de recuperação para agregadores em dificuldades.
A Victory Park Capital, que em 2021 recebeu um compromisso de até US$ 500 milhões em linhas de crédito sênior garantidas da Apollo Global Management, está em fase de aquisição pelo Janus Henderson Group. O negócio, anunciado no início deste mês, deve ser fechado ainda neste ano.
Fundada em 2020, a SellerX levantou mais de US$ 750 milhões em dívidas e capital. Seus fundadores, que atuaram como co-diretores executivos, anunciaram planos de deixar a empresa, segundio notícia relatada anteriormente pela Sifted, que cobre startups europeias.
- Com a colaboração de Verena Sepp e Mark Bergen.
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