BlackFriday: faturamento do e-commerce sobe 11%, mas valor médio das compras cai

De quinta a domingo, consumidores brasileiros gastaram R$ 8,7 bi em compras online, segundo dados da Confi.Neotrust; produtos de ar e ventilação foram os que mais ganharam participação

Workers sort products at the MercadoLibre fulfillment center on Black Friday in Sao Paulo, Brazil, on Friday, Nov. 26, 2021. After a 2-year period in which Brazilians have greatly matured when it comes to online shopping, e-commerce platforms are ready for Black Friday. Photographer: Jonne Roriz/Bloomberg
02 de Dezembro, 2024 | 09:40 AM

Bloomberg Línea — Em tempos de dólar na casa dos R$ 6 e juros em trajetória de alta, o consumidor brasileiro moderou o apetite e evitou produtos de valor muito elevado em suas compras digitais da Black Friday, segundo dados de plataformas que monitoraram os principais marketplaces.

O tíquete médio caiu 1,7% em relação à edição de 2023, segundo a plataforma Hora a Hora, da Confi.Neotrust, empresa de inteligência de dados, em parceria com a ClearSale. O gasto por compra somou R$ 534,41. O dado engloba transações registradas entre quinta-feira (28) e a tarde de domingo (1º), até 16h.

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Apesar da redução do tíquete médio, houve um aumento de 12,7% no número de pedidos, que totalizaram 16,3 milhões nesse período pesquisado. A elevação já era esperada pelos varejistas, uma vez que a Black Friday deste ano coincidiu com a data do pagamento da primeira parcela do 13º salário.

Com mais consumidores comprando na Black Friday, o faturamento do e-commerce brasileiro alcançou R$ 8,7 bilhões, um crescimento de 10,8% na comparação com a cifra de 2023, entre a quinta-feira e 16h de domingo.

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O valor é nominal, ou seja, não considera o efeito da inflação. Em 12 meses, até novembro, os preços subiram 4,77%, segundo o IPCA-15 divulgado no último dia 26 de novembro.

A composição do faturamento do varejo nos dias de liquidação mostrou as categorias que mais converteram vendas, ampliando sua participação no bolo das receitas da Black Friday, bem como as que mais encolheram.

Um dos destaques positivos foi o segmento de soluções para melhorar a qualidade do ar e a ventilação em ambientes, como purificadores, ventiladores, climatizadores e sistemas de refrigeração, como ar condicionado, após um inverno atípico de temperaturas elevadas e prognósticos de um verão com extremo.

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Produtos que ganharam participação na Black Friday 2024

  1. Ar e ventilação: 6,4% de participação, aumento de 63,4% em relação ao período similar de 2023
  2. Esporte e lazer: 3,4% de participação, incremento de 40,6%
  3. Móveis: 5,6% de participação, crescimento de 14,9%
  4. Beleza e Perfumaria: 5,6% de participação, aumento de 14%
  5. Eletrodomésticos: 16,2% de participação de mercado, alta de 4,6%

Produtos que perderam participação na Black Friday 2024

  1. Telefonia: 9,6% de participação, queda de 13% em relação a 2023
  2. Informática: 5,7% de participação, diminuição de 9,4%
  3. Eletroportáteis: 3,4% de participação, perda de 4,3%
  4. Eletrônicos: 11,5% de participação, redução de 3,3%
  5. Moda e acessórios: 7,2% de participação, recuo de 1,4%

Como os dados são obtidos

As informações da plataforma Hora a Hora são produzidas com base em dados coletados continuamente com mais de 5.000 varejistas online de todo o país, incluindo os maiores varejistas que são clientes da Neotrust.

A Confi, empresa da qual a Neotrust faz parte, realiza monitoramentos mensais detalhados da evolução do cenário de e-commerce no Brasil, abrangendo uma média diária de 1,5 milhão de pedidos.

A plataforma registrará dados do pós-Black Friday nesta segunda (2), quando ocorre a Cyber Monday, data voltada principalmente ao segmento de eletrônicos e eletrodomésticos.

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Nos últimos meses, o tráfego do e-commerce brasileiro tem apontado o avanço de plataformas estrangeiras como Mercado Livre (MELI), Shopee e Temu. Por sua vez, Amazon (AMZN), Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3) tiveram alguns tropeços mensais neste ano com desaceleração de tráfego.

Crescimento nas lojas físicas

As lojas físicas de moda, vestuário, confecção e calçados também registraram resultados positivos na BlackFriday, segundo o levantamento da Linx, empresa do grupo StoneCo e especialista em tecnologia para o varejo.

Na sexta-feira, houve uma alta de 23% nas vendas em comparação com o mesmo período de 2023 e de 33% em relação ao dia anterior, apontou nota da Linx.

Durante toda a semana de ofertas, a empresa da Stone registrou alta de 13% nas vendas, com destaque para o segmento de calçados com alta de 15%.

Segundo a Linx, os programas de fidelidade contribuíram para o desempenho positivo das varejistas nesta Black Friday. Houve um aumento de 22% no faturamento de estabelecimentos por meio dos programas de fidelidade na sexta-feira em comparação com a Black Friday do ano passado.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.