Bilionário dono da MSC lidera aporte em mega aquisição de portos de US$ 19 bi

Italiano Gianluigi Aponte, de perfil discreto, e sua empresa familiar são os principais investidores em consórcio liderado pela BlackRock que propôs comprar 43 portos da CK Hutchison

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Bloomberg — Gianluigi Aponte, o discreto bilionário italiano que fundou a MSC Mediterranean Shipping, despontou como um importante intermediário em um acordo portuário de US$ 19 bilhões com o magnata de Hong Kong Li Ka-shing.

Aponte e sua empresa familiar Terminal Investment, conhecida como TiL, são os principais investidores em um consórcio que propôs um acordo de US$ 19 bilhões para comprar 43 portos da CK Hutchison Holdings, de propriedade de Li, segundo pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pela Bloomberg News.

O consórcio inclui a BlackRock (BLK) e sua unidade Global Infrastructure Partners (GIP), que controlará dois dos portos no Panamá. A GIP também possui uma participação minoritária na TiL.

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O acordo colocou o Aponte, de 84 anos, em uma posição de destaque, ao mesmo tempo que enfatiza o papel cada vez mais dominante de sua empresa no transporte marítimo mundial.

A MSC cresceu até controlar cerca de um quinto da capacidade global de transporte marítimo, e Aponte possui um patrimônio líquido de US$ 25,6 bilhões de acordo com o Índice de Bilionários da Bloomberg.

O discreto Aponte, de cabelos cinzas e de compleição franzina, raramente fala em público ou concede entrevistas. Sua empresa de capital fechado não publica relatórios financeiros ou atualizações estratégicas.

Ainda assim, ele é membro do clube exclusivo de magnatas europeus do transporte marítimo ultrarricos que obtiveram enormes ganhos durante a pandemia e que têm expandido seus impérios desde então.

O grupo inclui a família Maersk-Uggla por trás da linha de contêineres dinamarquesa AP Moller-Maersk, Klaus-Michael Kuehne, o homem mais rico da Alemanha, que possui uma participação de 30% na Hapag-Lloyd, e Rodolphe Saade e sua família, que controlam a CMA CGM.

Quem é o dono da MSC

A família Aponte traça suas raízes marítimas até 1675, segundo o site da companhia. Gianluigi Aponte nasceu perto da Baía de Nápoles, onde a família tradicionalmente transportava mercadorias e passageiros.

Ele foi treinado como capitão de navio e posteriormente operou balsas transportando turistas ricos para resorts em ilhas como Capri e Ischia.

Foi em uma dessas viagens que conheceu sua futura esposa, Rafaela Diamant, filha de um banqueiro suíço.

Aponte iniciou a MSC em 1970 após comprar um antigo navio de carga alemão, e no ano seguinte comprou um segundo navio, batizando-o com o nome de sua esposa.

Logo começou a comprar navios porta-contêineres usados, alguns de ferros-velhos, enquanto buscava entrar em um negócio dominado pela Maersk e Hapag-Lloyd.

Depois de estabelecer um nicho em rotas menos atendidas, a MSC eventualmente se destacou por priorizar preço em vez de velocidade de entrega.

No final dos anos 1980, Aponte entrou no segmento de lazer, e a MSC Cruises se tornou a terceira maior marca de cruzeiros do mundo.

Assim como seus pares europeus do setor de transporte marítimo, Aponte investiu fortemente em portos e logística.

Os lucros da MSC durante a pandemia alimentaram uma nova onda de rápida expansão, e em 2022 a empresa alcançou o objetivo de seu fundador de se tornar a maior transportadora de contêineres do mundo, deixando a Maersk em segundo lugar.

O filho de Aponte, Diego, tornou-se presidente do grupo MSC em 2014. Ainda assim, Aponte pai permanece altamente ativo na gestão da MSC como chairman do grupo, com a tomada de decisões concentrada entre os membros da família, segundo executivos do setor ouvidos pela Bloomberg News.

Diego Aponte também lidera o conselho da TiL, sediada em Genebra, onde seu pai é diretor, de acordo com o site da empresa, que lista como acionistas a MSC, a GIP da BlackRock e o fundo soberano de Singapura GIC.

-- Com a colaboração de Shelly Banjo.

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