Bloomberg — O bilionário Reinold Geiger está fazendo um novo esforço para fechar o capital da empresa global de cosméticos L’Occitane, dando a indicação mais forte até agora de que um plano de sucessão está em andamento.
As ações da L’Occitane dispararam na semana passada depois que a Bloomberg News relatou que a empresa de private equity Blackstone (BX) considera se unir a Geiger em uma oferta de compra de ações. O empresário, de 76 anos, é presidente e detentor de uma participação controladora na marca de cuidados com a pele.
É a segunda vez em quase seis meses que as ações subiram com a possibilidade de que o empreendedor austríaco retire a empresa da bolsa de valores de Hong Kong.
Se Geiger tiver sucesso, isso encerrará três anos tumultuados para a empresa que vende produtos como creme para as mãos de verbena cítrica e óleo de banho de amêndoa.
Geiger renunciou ao cargo de CEO em 2021 e deu lugar a Andre J. Hoffmann, seu sócio nos negócios há quase 30 anos. Então, no mês passado, Geiger anunciou que Hoffmann será substituído em abril por um novo CEO que trabalhava anteriormente na LVMH.
“À medida que nosso grupo cresce, precisamos evoluir”, disse Geiger em comunicado.
Um veículo controlado em última instância por Geiger detém mais de 70% da L’Occitane, mostram documentos da bolsa.
Engenheiro de formação, Geiger raramente dá entrevistas e tem um patrimônio líquido de US$ 2,4 bilhões, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index.
O futuro da fortuna de Geiger faz parte de uma transferência de riqueza para as novas gerações que está ganhando força em todo o mundo. No caso dele, ainda não está claro se ele pretende eventualmente passar as rédeas para um de seus três filhos.
“Parte do pensamento sobre futura governança e reorganização, especialmente relacionada à sucessão, envolve mudanças nas estruturas de propriedade”, disse Morten Bennedsen, professor da Universidade de Copenhague e especialista em empresas familiares. “A propriedade é parte do planejamento de transição.”
Dois dos três filhos de Geiger ocupam posições de alta gerência na empresa. Adrien, de 38 anos, é diretor global de marca, e Nicolas, de 42 anos, é executivo para as Américas.
Ambos também são consultores sêniores da REDO Ventures, sediada em Nova York, uma empresa de capital de risco com um amplo portfólio que investiu ao lado da Valar Ventures, de Peter Thiel, na plataforma de negociação de criptomoedas Bitpanda.
O terceiro filho, Maximilien Geiger, de 46 anos, também esteve envolvido na REDO e na L’Occitane, de acordo com seu perfil no LinkedIn.
“Eles se tornarão acionistas, mas dirigir a empresa é algo diferente”, disse Geiger em uma entrevista de 2012 à escola de negócios Insead, sua alma mater. “Eu sou uma pessoa muito simples. Eu não complico as coisas e talvez não seja muito inteligente. Quando você é muito inteligente, é difícil.”
Uma porta-voz da L’Occitane não respondeu a pedidos de comentário.
Quem fundou a L’Occitane
A L’Occitane foi fundada em 1976 pelo francês Olivier Baussan, que começou produzindo óleos essenciais de plantas como lavanda no campo da Provence e vendendo-os em mercados locais.
O empresário austríaco Reinold Geiger se tornou acionista minoritário em 1994, mas disse que a empresa estava indo tão mal que começou a trabalhar lá na tentativa de proteger seu investimento.
Ele expandiu a L’Occitane globalmente, dizendo que decidiu se mudar para a Ásia depois de ficar impressionado com a ética de trabalho da região.
Inicialmente, a estratégia deu tão errado que seu auditor alertou que os maus resultados poderiam colocar toda a empresa em perigo.
A varejista abriu capital em Hong Kong em uma oferta pública inicial de 2010 e agora possui oito marcas e cerca de 3.000 locais em 90 países.
No entanto, ela gera apenas cerca de um terço de sua receita na Ásia, enquanto as Américas são sua região de crescimento mais rápido.
Quem é Reinold Geiger, dono da L’Occitane
Reinold Geiger começou seu primeiro negócio com pouco mais de 20 anos de idade, uma operadora de turismo especializada em férias de esqui que fracassou, assim como seu próximo empreendimento, um distribuidor de máquinas.
Ele teve mais sucesso na AMS Packaging, que se especializava em suprimentos para perfumes e cosméticos de alta qualidade e foi posteriormente vendida.
“Eu só queria não ter chefe e fazer as coisas por conta própria”, disse ele na entrevista. “Eu não estava motivado para ficar rico.”
No ano passado, Geiger considerou fechar o capital da L’Occitane com o objetivo de potencialmente relistá-la na Europa com um valuation mais alta. Eventualmente, ele abandonou a ideia, desencadeando uma forte queda nas ações da L’Occitane.
Em um relatório publicado na terça-feira passada (6), analistas da Jefferies disseram que o pequeno número de empresas internacionais listadas em Hong Kong pode estar revisam sua estratégia. A razão é que as vantagens originais do mercado de Hong Kong, que oferecia uma alta avaliação e a construção de reconhecimento de marca, especialmente na China, “vêm desaparecendo”.
Para reforçar o ponto, a Butler Hall Capital, que é um o acionista minoritário, enviou uma carta aberta ao conselho da L’Occitane nesta semana pedindo uma nova listagem nos EUA para desbloquear valor. O acionista sugere a cisão da marca Sol de Janeiro, fabricante do creme “bum bum”, que está em rápido crescimento.
As ações da L’Occitane têm sido negociada com um grande desconto e uma oferta abaixo de HK$ 45 (US$ 5,75) desvalorizaria a empresa, disse. As ações fecharam a HK$ 27,95 nesta segunda-feira (12), com alta de 0,72%.
Investidores minoritários que tentam entender a estratégia atual do presidente podem querer prestar atenção às suas palavras em 2012.
“Eu adoro correr riscos”, disse Geiger, um ávido esquiador. “Esquiar entre duas fendas em um glaciar é emocionante, é adrenalina, você não quer cair.”
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