Bilionário Carlos Slim aumenta a aposta no petróleo com onda de aquisições

Empresário mexicano, a pessoa mais rica da América Latina com US$ 92 bilhões, elevou a participação na PBF Energy por meio da holding de sua família, entre outros M&As

Carlos Slim
Por Daniel Cancel
28 de Junho, 2024 | 04:03 PM

Bloomberg — Carlos Slim, a pessoa mais rica da América Latina, aumentou as apostas em petróleo e gás por meio de participações que detém em empresas de energia dos Estados Unidos e também ampliou a exposição no México, seu país natal, em que é parceiro da gigante estatal Pemex em vários projetos.

Somente em junho, a holding de sua família, a Control Empresarial de Capitales, comprou participação na PBF Energy em 13 dias diferentes, adquirindo 2,5 milhões de ações por cerca de US$ 113 milhões, de acordo com registros regulatórios.

Ele agora é o maior acionista da refinaria sediada em Parsippany, em Nova Jersey, com uma participação de 14,7%, acima dos 10,2% no final do ano passado.

É uma mudança para Slim, que se desfez das ações da empresa em 2022, após uma alta impulsionada pela pandemia.

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“É uma grande empresa”, disse Slim durante uma rara coletiva de imprensa de três horas na Cidade do México em fevereiro. “Gostamos do setor porque ele conecta a produção, o refino e você também está próximo da indústria petroquímica.”

Um porta-voz de Slim não respondeu a um pedido de comentário da Bloomberg News.

Bilionário mexicano comprou ações em 13 dias este mês
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O magnata de 84 anos, que fez a maior parte de sua fortuna por meio da empresa de telecomunicações America Movil, dona da Claro Brasil, também aumentou as compras de ações da Talos Energy, uma empresa de exploração e produção sediada em Houston com campos no México.

A holding da família de Slim comprou a maior parte das ações da Talos em uma oferta em janeiro e continuou a aumentar em março, maio e agora em junho, com uma posição de 20,6% na empresa.

O bilionário já havia adquirido uma participação significativa na subsidiária mexicana da empresa, que está desenvolvendo em conjunto com a Pemex um dos campos de petróleo mais promissores do país nos últimos anos.

"Estamos entrando no setor de petróleo", disse ele na coletiva de imprensa de fevereiro. "Investir na Talos é porque queremos ser parceiros de alguém com experiência. Não apenas no México, mas também no Golfo."

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Ao todo, Slim desembolsou quase US$ 500 milhões para comprar ações das duas empresas norte-americanas este ano, segundo registros regulatórios.

O Grupo Carso SAB, de propriedade do empresário, também adquiriu campos de petróleo mexicanos por meio da aquisição da PetroBal, de propriedade da família bilionária Bailleres, por cerca de US$ 530 milhões. O acordo foi anunciado em dezembro e fechado nesta semana.

A turbulência política e financeira no México não diminuiu a velocidade dos negócios de Slim. Embora o mercado esperasse que Claudia Sheinbaum ganhasse a presidência com uma vitória esmagadora, não estava prevendo que seu partido obtivesse uma quase super maioria no Congresso.

O resultado assustou os investidores, que se desfizeram do peso mexicano, das ações e dos títulos, em meio a preocupações de que o novo governo aprovaria uma série de reformas constitucionais que poderiam corroer os controles institucionais e pressionar o orçamento.

A volatilidade foi suficiente para cortar cerca de US$ 8,6 bilhões do patrimônio líquido total do empresário, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index. Ele ainda tem uma fortuna avaliada em quase US$ 92 bilhões.

Slim, que se reuniu frequentemente com o presidente Andres Manuel Lopez Obrador, não comentou publicamente o resultado da eleição.

As apostas em energia se somam a um ano movimentado para Slim e sua família, que também expandem seus interesses na Europa e na América do Sul.

No início deste mês, a empresa de telecomunicações britânica BT Group divulgou que Slim havia adquirido uma participação de 3,16% na empresa, enquanto na segunda-feira a America Movil disse que aumentará sua participação em uma joint venture para a ClaroVTR do Chile de 50% para 91% para resolver um impasse com a parceira Liberty Latin America.

Slim, cujos familiares sofrem de problemas renais devido a um problema hereditário, também aumentou sua participação na ProKidney neste mês.

A empresa sediada em Winston-Salem, na Carolina do Norte, desenvolve terapias que reparam rins doentes usando as células do próprio paciente. A família agora detém 25% da empresa.

-- Com a colaboração de Andrea Navarro.

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