Bloomberg — O bilionário Jim Ratcliffe concluiu a compra de uma participação no Manchester United, um dos clubes mais tradicionais e vitoriosos do mundo.
Ratcliffe derrotou ofertas consideradas mais fortes de rivais de países produtores de petróleo e fundos hedge, encerrando uma disputa marcada por expectativas exageradas e controvérsias, disseram fontes familiarizadas com o assunto ouvidas pela Bloomberg News neste domingo (24).
Um anúncio com detalhes da compra será feito mais tarde no domingo, disseram as pessoas, que pedem para não serem identificadas antes do anúncio oficial.
Por meio de seu conglomerado químico Ineos Group, Ratcliffe pagará US$ 33 por ação por uma participação de 25% no clube de futebol, avaliando-o em US$ 5,4 bilhões, abaixo das esperanças iniciais de US$ 6 bilhões.
A decisão de trazer Ratcliffe, um dos britânicos mais ricos do mundo, marca o fim de um processo de venda prolongado iniciado oficialmente pela família Glazer, dos Estados Unidos, há pouco mais de um ano. O seu patrimônio atualmente é de US$ 19,1 bilhões, segundo o Bloomberg Billionaire Index.
A Bloomberg News foi a primeira a relatar que os Glazers considerariam vender uma participação minoritária na equipe e que Ratcliffe havia surgido como favorito.
Durante a maior parte do último ano, Ratcliffe enfrentou uma oferta rival de Sheikh Jassim bin Hamad Al Thani, terceiro filho do ex-primeiro-ministro do Catar, pelo controle total do clube.
Mas nenhum dos concorrentes conseguiu igualar o desejo dos copresidentes Joel e Avram Glazer de consolidar o Manchester United como o ativo esportivo mais caro do mundo.
O grupo do Catar deixou claro que não pagaria em excesso pelo clube. Antes do início da guerra de lances, o Sheikh Hamad bin Jassim bin Jaber Al Thani, ex-primeiro-ministro do Catar e pai de Sheikh Jassim, disse à Bloomberg News que não era fã de investimentos em futebol na Premier League.
Em outubro, o grupo catariano retirou sua oferta, de cerca de £ 5 bilhões, mas que provavelmente incluía dívidas e uma série de extras de financiamento, como a reestruturação do centro de treinamento.
O relacionamento dos catarianos com a Raine Group - o banco de investimento responsável pela venda - havia se deteriorado, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.
Resta saber como Ratcliffe, um bilionário autodidata, gerenciará o clube ao lado de Joel e Avram Glazer, que herdaram o time de seu pai Malcolm, que construiu fortuna com uma variedade de investimentos, incluindo imóveis e radiodifusão.
A vitória também consolida os planos de Ratcliffe de construir um império esportivo pessoal, após fracassar em uma tentativa tardia de comprar o Chelsea em 2022.
Por meio de sua gigante química Ineos, Ratcliffe também é dono do Nice, da Ligue 1 francesa, do grupo de ciclismo anteriormente conhecido como Team Sky, e de uma participação na equipe de Fórmula 1 Mercedes-AMG Petronas, que tem Lewis Hamilton como principal piloto.
A decisão dos Glazers de manter o controle do clube tende a irritar os torcedores, que protestam há anos para expulsar os impopulares proprietários dos Estados Unidos.
Malcolm Glazer comprou o Manchester United em uma aquisição alavancada em 2005, que o sobrecarregou com dívidas, e a família enfrenta desconfiança de torcedores fervorosos desde então.
Embora a desconfiança tenha sido reduzida nos primeiros anos, já que o time continuou a conquistar troféus sob o comando do lendário treinador escocês Alex Ferguson, o ressentimento cresceu constantemente após a aposentadoria do renomado treinador em 2013.
A família contratou o banco de investimento Raine Group, que também estava encarregado da venda do Chelsea, para buscar interessados pelo time.
Mas, enquanto o Chelsea viu uma disputa acirrada de interessados para vencer o negócio, o sheik Jassim e Ratcliffe foram as únicas duas partes significativas a declarar publicamente interesse em comprar o Manchester United, em um ambiente de aumento das taxas de juros.
Vários grupos financeiros, incluindo Elliott Associates e Carlyle Group, também apresentaram ofertas, segundo pessoas familiarizadas com a situação, mas apenas por participações minoritárias.
A atenção agora se voltará para como Ratcliffe reverterá o destino de um clube em declínio, que sofre anos de baixo desempenho, e de um estádio icônico, o Old Trafford, mas considerado deteriorado.
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também
Como a Arábia Saudita aposta em Messi e CR7 para tentar mudar sua imagem
Depois do PSG, Manchester United entra no alvo de investidores do Catar
De sneakers Louis Vuitton a relógio TAG Heuer: os presentes de luxo em alta no Brasil