Biden bloqueia negócio de US$ 14,1 bi para compra da US Steel pela Nippon Steel

Presidente americano alegou preocupação com a segurança nacional; empresas sinalizaram que poderão contestar as bases legais de qualquer bloqueio

“A U.S. Steel continuará sendo uma empresa orgulhosamente americana - uma empresa de propriedade americana, operada por americanos, por trabalhadores siderúrgicos americanos - a melhor do mundo”, disse o presidente
Por Josh Wingrove - Joe Deaux
03 de Janeiro, 2025 | 11:35 AM

Bloomberg — O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, bloqueou a venda da United States Steel para a Nippon Steel, um negócio de US$ 14,1 bilhões.

Biden anunciou sua decisão formal na sexta-feira (3), depois que o caso foi encaminhado a ele por um painel de revisão de segurança dos EUA, antes do prazo final, no início da próxima semana.

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“A U.S. Steel continuará sendo uma empresa orgulhosamente americana - uma empresa de propriedade americana, operada por americanos, por trabalhadores siderúrgicos americanos - a melhor do mundo”, disse o presidente em um comunicado.

As ações da US Steel caíram 8% no início do pregão, para US$ 30 às 8h14 em Nova York.

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As empresas sinalizaram que poderão contestar as bases legais de qualquer bloqueio, aumentando a perspectiva de que a questão permanecerá em disputa. O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, também se comprometeu a bloquear a transação.

Os investidores já haviam considerado baixas as chances de a oferta de US$ 55 por ação prosseguir, mas a decisão de Biden pode encerrar uma saga de um ano, apesar das concessões da Nippon Steel em relação a empregos, investimentos e liderança local.

Segurança nacional

A decisão levanta questões difíceis sobre os próximos passos da US Steel, que pode ter que reiniciar o processo de venda e enfrentar dificuldades para encontrar um comprador para toda a empresa. A Cleveland-Cliffs, sediada no estado de Ohio, procurou a US Steel antes de a Nippon Steel vencer a licitação, mas desde então comprou um produtor canadense e hesitou em decidir se ainda quer toda ou parte da US Steel.

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Ao mesmo tempo, a Nippon Steel terá que buscar fontes alternativas de crescimento.

O acordo, anunciado pela primeira vez em dezembro de 2023, tornou-se um ponto de tensão política durante a campanha presidencial dos EUA, depois que uma oposição feroz surgiu do influente sindicato United Steelworkers.

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Além dos empregos, Biden concentrou suas críticas ao acordo em um suposto risco à segurança nacional.

"Uma indústria siderúrgica forte, de propriedade e operada internamente, representa uma prioridade essencial de segurança nacional e é fundamental para cadeias de suprimentos resilientes", disse Biden. "Isso ocorre porque o aço alimenta nosso país: nossa infraestrutura, nossa indústria automobilística e nossa base industrial de defesa. Sem a produção doméstica de aço e os trabalhadores domésticos do aço, nossa nação é menos forte e menos segura."

Desafios

O Comitê de Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos, um painel secreto que examina propostas de entidades estrangeiras para comprar empresas ou propriedades nos EUA, não conseguiu chegar a uma decisão sobre o acordo, enviando-o para a Casa Branca para a palavra final. O painel geralmente critica os negócios que beneficiam empresas sediadas em países adversários, como a China, e não em aliados próximos, como o Japão.

A US Steel vem enfrentando anos de desempenho lento e alertou, antes de qualquer decisão, que suas instalações precisavam de bilhões de dólares em novos investimentos e que a não conclusão do acordo poderia resultar no fechamento de algumas fábricas. A empresa também ameaçou transferir sua sede em Pittsburgh.

O anúncio de Biden foi uma grande vitória para o presidente da United Steelworkers, David McCall, e para a liderança de seu sindicato, que se opuseram veementemente ao acordo, mesmo quando alguns membros do sindicato se manifestaram a favor dele.

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