BHP quer se expandir no Brasil após acordo por Mariana, diz novo líder para o país

Em entrevista à Bloomberg News, Emir Calluf, que acaba de assumir o cargo de presidente da BHP no Brasil, afirma que empresa não quer ser ‘só uma sombra da Samarco’

BHP
Por Mariana Durão
13 de Dezembro, 2024 | 05:59 PM

Bloomberg — A BHP, maior mineradora do mundo, busca expandir sua atuação no Brasil após o acordo definitivo de reparação do colapso da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais.

A assinatura do acordo da Samarco, joint venture com a Vale (VALE3), removeu a principal barreira para investir no país, disse Emir Calluf, que acaba de assumir o cargo de presidente da BHP no Brasil.

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“A BHP está decidida a ter uma marca no Brasil e a não ser só uma sombra da Samarco”, disse Calluf em uma entrevista à Bloomberg News, acrescentando que o potencial mineral do país é subexplorado em comparação com Austrália, Canadá e Chile.

“O Brasil tem apenas 4% de seu potencial mineral explorado. O país tem muitas oportunidades e nós vamos analisar.”

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Calluf, que foi nomeado para o novo cargo no início deste mês, disse que a BHP continua comprometida com a Samarco, cujas pelotas de minério de ferro de alta qualidade são um produto fundamental para as usinas siderúrgicas que buscam produzir aço com menos emissões. Ele disse que a empresa não tem planos de se desfazer de sua participação de 50% na joint venture.

“A BHP não vai vender. Estamos olhando para o Brasil com outros olhos e a Samarco é importante.”

A BHP ainda enfrenta uma das maiores ações judiciais coletivas do Reino Unido pelo rompimento da barragem, mas “fez as pazes com a sociedade brasileira” com o acordo bilionário selado em outubro, disse Calluf, que participou das negociações como vice-presidente jurídico para as Américas.

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O novo líder no Brasil disse que segue a diretriz global da BHP de se expandir em áreas centrais que incluem cobre e minério de ferro, bem como carvão e potássio.

Essa estratégia levou a BHP a buscar aquisições, incluindo a da OZ Minerals no ano passado, a tentativa fracassada de comprar a Anglo American neste ano e uma oferta conjunta com a Lundin Mining para comprar a Filo em julho.

Os caminhos da BHP e da Vale podem se cruzar novamente no Brasil. A BHP avalia o futuro das minas de cobre herdadas da OZ Minerals na região de Carajás, no norte do Brasil, próximo às operações da Vale.

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A Vale adquiriu uma participação no Minas-Rio, da Anglo American, um projeto de minério de ferro que pode acabar nas mãos da BHP se a empresa decidir prosseguir com outra tentativa de compra da Anglo.

Calluf não descarta a possibilidade de encontrar parceiros para desenvolver ativos, como o que a BHP está fazendo com a Lundin na Argentina com a aquisição da Filo.

A BHP também tem direitos minerários no país e mantém algumas atividades de pesquisa mineral em áreas de minério de ferro no estado de Minas Gerais, de acordo com documentos da Agência Nacional de Mineração.

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