Efeito Barbie faz Mattel passar de queda à expansão em vendas de bonecas

Segundo a Euromonitor, febre do cor- de-rosa deve disparar a indústria de bonecas para cerca de US$ 14 bilhões até 2027; vendas da fabricante de brinquedos caíram nos trimestres mais recentes

Vendas da boneca da Mattel deve aumentar por conta do filme
12 de Agosto, 2023 | 03:26 PM

Bloomberg Línea — O filme Barbie, dirigido por Greta Gerwig, já arrecadou mais de US$ 1 bilhão em bilheterias no mundo todo, segundo o site Box Office Mojo, que monitora o setor. Mas, além dos lucros vindos do longa e dos produtos licenciados, a Mattel (MAT) pode ver ainda outra onda rosa surgir na praia da Barbielândia: o aumento na venda das bonecas Barbie, que há anos estava instável.

Em relatório publicado antes do lançamento do filme, a Euromonitor, empresa de análise e pesquisa de mercados globais, afirmou que a febre do cor-de-rosa deve impulsionar a indústria de bonecas para cerca de US$ 14 bilhões até 2027.

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O filme, de acordo com os analistas, tem potencial de elevar as vendas de bonecas e acessórios para 16% em 2026 em comparação com as vendas em 2022, que caíram no ano passado após altas durante a pandemia de covid-19.

“Haverá uma venda direta e imediata de Barbie, especialmente para os ‘criança-adultos’ que costumavam brincar com ela. O filme reacenderá suas memórias de infância. Assim que o hype diminuir após o filme, a Mattel colocará sua força de marketing em ação e continuará a atrair esses novos fãs”, explica Loo Wee Teck, chefe de brinquedos e jogos da Euromonitor International.

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Para ele, a tendência de comprar bonecas Barbie deve espelhar a febre do Pokemon Go, aplicativo de realidade aumentada que permitia caçar pokemons pela cidade e que ganhou força durante o ano de 2016 — o que significa que, mesmo quando a maré da boneca abaixar, ainda existe espaço para a Mattel continuar ganhando mercado.

“A Pokemon Company registrou lucros mesmo quando a mania do Pokemon Go diminuiu. Aqueles que continuaram jogando o jogo são fãs ávidos que gastariam dinheiro em comparação com jogadores casuais que jogavam sem pagar. Então, embora muitos não comprem mais bonecas Barbie, aqueles que continuarão a comprar serão os fãs ávidos que vão gastar muito dinheiro”, diz.

A Mattel registrou queda de 12% nas vendas, para US$ 1,09 bilhão, no segundo trimestre. O resultado ficou acima das projeções dos analistas que esperavam uma redução um pouco mais maior.

Um crescimento nas vendas de brinquedos, como da linha Hot Wheels, ajudou a compensar as quedas nos segmentos de brinquedos pré-escolares e bonecos de ação, disse a empresa. O faturamento da divisão de bonecas aumentou 10% graças às marcas Disney Princess e Monster High. Já as vendas da Barbie no período caíram.

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A receita da Barbie ficou em linha com as previsões da empresa e deve aumentar nos próximos meses, disse o CEO, Ynon Kreiz, em entrevista à época.

“Esperamos que a Barbie cresça na segunda metade do ano e tenha um bom desempenho, e é importante lembrar a todos que a Barbie tem sido uma marca muito forte”, disse Kreiz.

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O aumento nas vendas de Barbie por conta do filme seria uma boa notícia para a Mattel, já que a demanda tem sido mais baixa nos últimos anos — com exceção de 2021, quando a popularidade da boneca conseguiu recuperar um pouco do brilho que tinha em seus tempos de ouro durante a pandemia da covid-19.

Há dois anos, a Barbie faturou globalmente US$ 1,68 bilhão, o maior resultado em cinco anos.

No Brasil, segundo dados da OLX, os itens relacionados à boneca mais famosa do mundo tiveram um crescimento considerável no número de anúncios na semana de estreia do filme.

Em comparação com o primeiro semestre de 2022, os acessórios da Barbie apresentaram um crescimento de 104% na plataforma, enquanto a boneca teve um aumento de 36% e o boneco Ken registrou alta de 30%. O item mais procurado era a casa da Barbie, segundo o levantamento.

-- Com informações de Bloomberg News

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Tamires Vitorio

Jornalista formada pela FAPCOM, com experiência em mercados, economia, negócios e tecnologia. Foi repórter da EXAME e CNN e editora no Money Times.