Bloomberg — O executivo Sandor Csanyi, que administra o maior banco da Hungria praticamente desde o fim da Guerra Fria, certificou-se de que a liderança da empresa permaneça na família.
O presidente e CEO do OTP Bank anunciou na assembleia geral anual de acionistas na sexta-feira (25) que finalmente cederá o cargo de CEO que ocupa desde 1992 - para seu filho Peter.
Seu mandato de 33 anos à frente da empresa faz de Csanyi o CEO mais longevo entre os bancos europeus de capital aberto com mais de € 100 bilhões (US$ 114 bilhões) em ativos, segundo análise da Bloomberg News.
“Não estou construindo uma dinastia”, disse ele em uma coletiva de imprensa na sexta-feira. “Se eu não achasse que ele é qualificado, ele não seria CEO”, disse Csanyi, referindo-se a seu filho.
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O executivo, de 72 anos, é visto como um importante mediador de poder na Hungria, o país da Europa Central que tem sido politicamente dominado pelo primeiro-ministro Viktor Orbán nos últimos 15 anos.
Em um sinal da bênção do governo para a sucessão, Orbán participou da reunião de investidores do OTP pela primeira vez.
Ele aproveitou a oportunidade para elogiar o CEO que estava deixando o cargo por ter transformado o banco em um campeão regional.
Embora Csanyi esteja deixando o cargo de CEO, ele deixou claro que sua função de chairman significa que ele ainda está no comando.
“Continuarei a ser o diretor estratégico ativo do OTP”, disse ele, acrescentando que terá a palavra final em todas as decisões importantes, incluindo aquisições.
Csanyi controla uma participação de cerca de 1,7% na OTP, de acordo com cálculos da Bloomberg baseados em informações do site da empresa.

O preço das ações da OTP subiu até 2,9% nas negociações em Budapeste, antes de reduzir os ganhos.
Csanyi tem se apoiado em aquisições para transformar o OTP em uma potência bancária da Europa Central.
Ele comprou cerca de uma dúzia de empresas desde 2016, quase triplicando os ativos do banco e transformando-o no maior credor em vários países da região, incluindo Bulgária e Eslovênia.
Uma das decisões mais controversas de Csanyi foi a de adiar a venda da unidade russa do OTP após a invasão da Ucrânia por Moscou em 2022.
Na sexta-feira, Csanyi disse não se arrepender, citando a capacidade do banco de repatriar lucros apesar das sanções ocidentais contra a Rússia.
“Um ambiente regulatório mais rigoroso na Hungria e a incerteza persistente em torno da exposição russa do OTP continuam sendo os principais obstáculos ao sentimento”, disse Tomasz Noetzel, analista da Bloomberg Intelligence, após o anúncio da sucessão.
Peter Csanyi, nascido em 1984, está no OTP desde 2016 e foi nomeado CEO adjunto em 2021.
Antes de ingressar no credor húngaro, ele trabalhou na McKinsey e no Deutsche Bank em Londres.
O novo CEO disse aos acionistas que sua nomeação pode levar a “decisões mais rápidas e de qualidade ainda maior” no OTP, agora que as funções estratégicas e operacionais serão separadas.
-- Com a colaboração de Irina Vilcu e Wojciech Moskwa.
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