Bloomberg — O Banco do Brasil (BBAS3) realizou seu primeiro investor day em Nova York esta semana, e reuniões entre os executivos do banco e investidores internacionais mostraram que há apetite estrangeiro por títulos locais, as chamadas debêntures, isentos de cobrança de imposto de renda.
“No nosso evento, vimos interesse bem forte dos investidores por papéis brasileiros, sinalizando interesse em retomar investimentos”, disse Felipe Prince, vice-presidente de controles internos e gestão de riscos do banco, em entrevista à Bloomberg News.
Para títulos em dólar, a janela se abriu após o corte dos juros pelo Federal Reserve, disse Prince, mas os preços não são “convidativos”.
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No primeiro semestre do ano, as emissões de debêntures incentivadas somaram R$ 64 bilhões, valor recorde para o período, com investimentos em infraestrutura representando 72,4% desse total, segundo dados da Anbima.
Os instrumentos de infraestrutura ganharam popularidade entre os investidores locais após a restrição brasileira a emissão de outros títulos locais isentos de impostos. O mercado de títulos locais é amplamente dominado por investidores brasileiros, já que a presença de investidores estrangeiros permaneceu tímida.
Enquanto metade das ações do Banco do Brasil são de propriedade do governo, Prince disse que estrangeiros possuem 80% das ações restantes. “Sentimos a necessidade de estar mais próximos do investidor estrangeiro”, disse ele.
O evento com os executivos do banco, incluindo a CEO Tarciana Medeiros, ocorreu ao mesmo tempo em que o governo brasileiro enfrenta crescente questionamento sobre seu compromisso com a saúde fiscal e a disposição do presidente em cortar gastos para atingir as metas fiscais.
Prince disse que, em suas conversas em Nova Iorque, o cenário fiscal “não foi um tópico dominante”, mas os investidores expressaram preocupações sobre as altas de juros do Banco Central e o que elas significarão para o endividamento médio das famílias.
“Ainda existe uma preocupação com o tamanho do risco que se assume ao investir no Brasil”, disse ele. “Há uma ambiguidade.”
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