Azul e Gol acertam parceria para compartilhar voos domésticos

Companhias aéreas celebram acordo de codeshare, que também envolve programas de fidelidade, no momento em que o mercado avalia possibilidade de fusão entre as duas

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Bloomberg Linea — A Azul (AZUL4) e a Gol (GOLL4) fecharam um acordo de codeshare para compartilhar voos domésticos, no momento em que o mercado avalia a possibilidade de uma fusão entre as duas companhias aéreas.

O acordo envolve também os programas de fidelidade e vai permitir que membros do Azul Fidelidade e do Smiles acumulem pontos ou milhas no programa de sua escolha ao comprar os trechos inclusos no codeshare, segundo comunicado divulgado na noite de ontem (23).

A parceria comercial entra em vigor a partir do fim de junho, quando a oferta estará disponível nos canais de vendas de ambas as empresas, segundo a nota.

O acordo vai criar mais de 2.700 opções de viagens com apenas uma conexão e inclui as rotas domésticas exclusivas, ou seja, operadas por apenas uma das duas empresas. Azul e Gol possuem cerca de 1.500 decolagens diárias.

Na prática, significa que um consumidor que desejar comprar uma passagem pela Azul terá à disposição voos da Gol, e vice-versa. Rotas complementares entram nessa nova dinâmica.

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O CEO da Azul, John Rodgerson, tem defendido publicamente uma consolidação do setor de transporte aéreo - sem citar nominalmente Azul e Gol.

Há uma semana, ele disse que uma consolidação reduziria o custo de capital para as companhias latino-americanas, resultando em melhores serviços para os clientes.

A Azul teria interesse em uma combinação de negócios, já que a Gol entrou com pedido de proteção contra credores pelo Chapter 11 nos EUA em janeiro, em um processo similar à recuperação judicial brasileira.

“A Gol e a Azul sempre estiveram comprometidas em expandir o mercado de aviação brasileiro. Este acordo de codeshare vai proporcionar aos clientes acesso a ainda mais opções para viajar pelo nosso país. A Gol já oferece mais de 60 acordos comerciais diferentes com muitas companhias aéreas parceiras globais e estamos ansiosos para expandir esse benefício dentro do Brasil”, disse Celso Ferrer, CEO da Gol, em nota.

Leia mais: Azul negocia fusão com a Gol via troca de ações da holding, segundo fontes

No primeiro trimestre, a Gol registrou prejuízo líquido recorrente de R$ 130 milhões, revertendo lucro de R$ 136 milhões em igual período do ano passado. O resultado foi impactado principalmente pelas despesas financeiras de juros sobre empréstimos e financiamentos.

Já a Azul teve prejuízo líquido de R$ 1,1 bilhão, ante uma perda de R$ 322 milhões no primeiro trimestre de 2023, mas conseguiu elevar a geração de caixa (o Ebitda foi de R$ 1,4 bilhão, alta anual de 37%), com um resultado impulsionado principalmente pela queda nos preços dos combustíveis.

No segundo trimestre, as duas companhias - e a Latam - devem sofrer impacto do fechamento do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, por tempo indeterminado que resultou em cancelamentos de voos.

As ações da Gol acumulam queda de 85,95% no ano, enquanto os papéis da Azul desvalorizaram 38,48% no período, ante um desempenho negativo do Ibovespa de 6,36% até o fechamento de ontem (23).

Análise

O acordo de codeshare foi recebido como uma notícia positiva por analistas. A parceria poderá desbloquear receitas adicionais para a Azul, dada a maior conectividade criada pelo compartilhamento de voos, apontou o analista Gabriel Rezende, do Itaú BBA, em nota enviada aos clientes. Para ele, o entendimento também reforça o ambiente competitivo positivo para a aviação comercial brasileira.

“A notícia do acordo de codeshare poderá aumentar a percepção dos investidores sobre a possibilidade de uma fusão entre as companhias aéreas. Dado que a Azul voa sozinha em mais de 80% de suas rotas, a combinação dos seus negócios poderia desbloquear sinergias substanciais de receitas, além de economizar custos para a empresa combinada”, escreveu Rezende.

O Itaú BBA tem recomendação de outperform para a ação da Azul, com preço-alvo de R$ 24. Outperform significa que o analista espera que as ações tenham um desempenho melhor do que média do mercado.

Já a corretora Genial viu o acordo como positivo para a Azul. “Em nossa visão, o acordo é reflexo de uma incapacidade da Gol em suprir a demanda e deve beneficiar a Azul com o escoamento de passageiros”, citou nota enviada aos clientes.

Atualiza às 13h10 com comentários de analistas

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