Bloomberg Línea — A Azul Linhas Aéreas (AZUL4) e a Gol Linhas Aéreas (GOLL4), por meio de sua controladora, o Abra Group, deram um passo adiante em um acordo que pode levar à fusão das duas companhias aéreas, segundo comunicado ao mercado na noite desta quarta-feira (15).
Em fato relevante, tanto a Azul como o Abra Group informaram ao mercado a assinatura de um memorando de entendimento não vinculante (MoU, na sigla em inglês) para uma potencial fusão das duas aéreas, com alinhamento de termos e condições para que as negociações avancem.
Dada a natureza “não vinculante”, as empresas ressaltam que o memorando “não representa um compromisso de qualquer natureza”.
O acordo potencial envolveria apenas as operações da Gol, não incluindo, portanto, a Avianca colombiana, outra companhia que faz parte do Abra Group.
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“Caso implementada a operação, a Azul e a Gol manterão seus certificados operacionais segregados sob uma única entidade resultante listada, sendo esperado que outras áreas sejam combinadas para oferecer mais oportunidades e produtos aos clientes e obter ganhos de eficiência”, afirmou a Azul no fato relevante.
As duas companhias, que estão entre as maiores do mercado doméstico brasileiro ao lado da Latam Airlines, enfrentam dificuldades financeiras decorrentes de fatores como a valorização do dólar e uma recuperação pós-pandemia que não foi totalmente equacionada.
“Essa combinação de forças proporcionaria a oportunidade de fortalecer o setor, aumentando o número de voos oferecidos, alcançando mais de 200 cidades atendidas no Brasil e a capacidade de competir em um setor altamente globalizado”, afirmou o CEO da Azul, John Rodgerson, em nota.
“Como parte da estratégia da Abra de fortalecer o mercado brasileiro, essa é uma oportunidade importante para intensificar ainda mais nossa presença no país e fortalecer nossa rede global”, disse Manuel Irarrázaval, Chief Financial Officer (CFO) da Abra, também em nota.
Um potencial acordo envolveria troca de ações entre as companhias, que manteriam as duas marcas e as duas operações. Haveria um acordo de acionistas e de governança para a administração da empresa combinada envolvendo os que hoje controlam as duas partes.
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As duas empresas têm aproximadamente 90% de rotas complementares e não sobrepostas no mercado, segundo nota.
O presidente do conselho de administração da empresa combinada seria indicado pelo Abra Group, e o presidente-executivo (CEO), pelos acionistas da Azul, nos dois casos por um período de três anos, segundo informações no fato relevante do Abra Group.
O conselho de administração seria formado por nove integrantes, dos quais três indicados pelo Abra Group, três pelos acionistas da Azul, e os três restantes como independentes selecionados em consenso entre as duas partes.
As companhias também reforçaram que há etapas relevantes a serem superadas, tais como: “a concordância entre a Abra e a Azul quanto aos termos econômicos da operação, à conclusão satisfatória de due diligence, à celebração de acordos definitivos, à obtenção de aprovações corporativas e regulatórias (incluindo antitruste), à consumação do plano de reorganização da Gol no âmbito do Chapter 11 e ao recebimento, pela Abra, da devida contraprestação correspondente”, entre outras.
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