Azul acerta acordo para levantar US$ 500 milhões e vê alívio em caixa

Companhia aérea vai levantar capital por meio de emissão de nova dívida sênior garantida, segundo documento regulatório nesta manhã; ações sobem mais de 10%

As ações da Azul saltaram depois que a companhia aérea brasileira fechou um acordo com seus detentores de títulos
Por Rachel Gamarski - Giovanna Belotti Azevedo
28 de Outubro, 2024 | 02:26 PM

Bloomberg — As ações da Azul saltaram acima de 10% nesta segunda-feira (28) depois que a companhia fechou um acordo com seus detentores de títulos, o que permite o avanço de um acordo crucial com arrendadores e fornecedores de peças para reduzir a sua dívida e aumentar a sua posição de caixa.

O acordo permite que os credores forneçam até US$ 500 milhões em nova dívida sênior garantida, com US$ 150 milhões a serem fornecidos nesta semana e US$ 250 milhões até o final do ano, de acordo com um registro regulatório na segunda. Outros US$ 100 milhões poderiam ser desbloqueados em uma data posterior, disse a Azul.

Leia mais: Para Latam Airlines, ainda há espaço para crescer na América do Sul, diz CEO

O acordo também alivia algumas obrigações que a companhia aérea tem com locadores e fornecedores de peças nos próximos 18 meses, o que deve melhorar o fluxo de caixa da Azul em mais de US$ 150 milhões, disse a empresa no documento.

PUBLICIDADE

As partes concordaram em um “esforço colaborativo” para melhorar o fluxo de caixa em US$ 100 milhões por ano. Se essa meta for atingida, até US$ 800 milhões da dívida existente poderão ser convertidos em ações, de acordo com o documento.

Ações da Azul se recuperam nesta segunda-feira (24), mas ainda acumulam queda superior a 60% ao longo de 2024

Apesar da alta nesta segunda, as ações da Azul (AZUL4) têm um desempenho inferior ao de seus pares neste ano, com queda de 63%.

“Foi um acordo fundamental para que eles finalizassem esses passivos que restaram da pandemia”, disse Ygor Araujo, analista da Genial Investimentos. “A ação também está sendo fortemente impulsionada pela queda dos preços do petróleo no mercado internacional.”

A Azul, uma das maiores companhias aéreas da América Latina, estava lutando para sustentar seu balanço patrimonial e lidar com o impacto de um real brasileiro mais fraco, apesar de ter renegociado com os arrendadores e realizado uma troca de dívida que adiou os vencimentos.

Leia mais: Azul fecha acordo com arrendadores para reduzir dívida em R$ 3 bilhões

"O anúncio marca mais uma etapa concluída para que a Azul resolva a questão da liquidez e da estrutura de capital e, quando concluído, analisaremos como será a estrutura de capital resultante para ver se há uma melhora no perfil de crédito", disse Carolina Chimenti, analista da Moody Ratings.

A Bloomberg News noticiou na semana passada que a empresa estava concentrada em negociações com seus detentores de títulos para garantir o financiamento, depois que as tentativas lideradas pelo Jefferies Financial para levantar dinheiro com novos investidores chegaram a um impasse.

PUBLICIDADE

- Com a colaboração de Leda Alvim e Philip Sanders.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

Na crise do setor aéreo, a United é exceção. E diz que avanço é a ‘ponta do iceberg’

©2024 Bloomberg L.P.