AstraZeneca tem um plano de US$ 3,5 bi para ampliar a presença nos EUA

Interesse nos EUA acontece logo após a empresa ter gerado o dobro da receita na região em comparação com a Europa. Mas crise da companhia na China ofusca cenário favorável

Fachada da fábrica da AstraZeneca em Macclesfield, no Reino Unido. (Foto: Anthony Devlin/Bloomberg)
Por Ashleigh Furlong
12 de Novembro, 2024 | 08:50 AM

A AstraZeneca disse que planeja investir US$ 3,5 bilhões nos negócios nos EUA até o final de 2026. Além disso, a companhia elevou sua previsão anual, impulsionada pela forte demanda por seus medicamentos de sucesso contra o câncer.

O lucro por ação, excluindo alguns itens, deve agora aumentar 10%, acima do previsto anteriormente, informou a empresa na terça-feira (12).

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O medicamento mais vendido contra o câncer, Tagrisso, foi um grande impulsionador, com um desempenho de vendas melhor do que o esperado, enquanto a receita do recém-chegado Enhertu, contra câncer de mama, também superou as expectativas.

A farmacêutica britânica disse que investirá US$ 3,5 bilhões em pesquisa e desenvolvimento e fabricação nos EUA até o final de 2026.

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Isso inclui US$ 2 bilhões de novos investimentos, já que a Astra busca aumentar ainda mais seus negócios nos EUA, que agora geram o dobro da receita da Europa e são o maior impulsionador de vendas de qualquer região.

O investimento inclui a instalação de P&D da Astra anunciada anteriormente em Cambridge, Massachusetts, bem como uma instalação de produtos biológicos em Maryland, para o desenvolvimento de terapia celular nas costas oeste e leste e fabricação de especialidades no Texas.

A Astra vem aumentando sua produção em várias regiões, mas o plano dos EUA é maior do que o investimento de US$ 1,2 bilhão em Cingapura anunciado no início deste ano.

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Também é maior do que um investimento planejado de £650 milhões (US$ 833 milhões) no Reino Unido. As despesas de capital da empresa farmacêutica totalizaram US$ 1,4 bilhão em 2023.

As ações da Astra subiram até 3% no início das negociações em Londres, antes de reduzir os ganhos. Neste ano, elas haviam caído 5,8% até o fechamento de segunda-feira (11).

Embora as vendas dos medicamentos oncológicos da Astra tenham aumentado 10% mais do que o esperado no terceiro trimestre, os analistas expressaram preocupação com o desenvolvimento de um medicamento experimental contra o câncer chamado Dato-DXd.

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A Astra e a parceira Daiichi Sankyo disseram na terça-feira que um pedido apresentado anteriormente à Food and Drug Administration dos EUA, órgão governamental responsável por medicamentos e alimentos, foi retirado e outro foi reapresentado para uma população de pacientes mais específica.

A medida “pode levar a novos cortes nas estimativas de vendas de longo prazo para esse medicamento com potencial de grande sucesso”, disse John Murphy, da Bloomberg Intelligence. A retirada e a reapresentação do pedido à FDA foi “um revés, mas não totalmente inesperado”, disse Peter Welford, da Jefferies, em uma nota.

Investigação na China

As ações da fabricante britânica de medicamentos foram prejudicadas pelas notícias de que as autoridades chinesas investigam a suposta importação ilegal de medicamentos contra o câncer para a China via Hong Kong. O presidente da empresa na China, Leon Wang, foi detido, enquanto vários outros executivos seniores atuais e antigos são investigados.

A empresa leva as questões na China “muito a sério”, disse o CEO Pascal Soriot em um comunicado, ao acrescentar que irá cooperar totalmente com as autoridades em Pequim, se solicitado. A Astra disse que não recebeu nenhuma notificação de que a própria empresa esteja sendo investigada.

Pascal Soriot, CEO da AstraZeneca (Foto: Zach Gibson/Bloomberg)

Durante o terceiro trimestre, a China gerou cerca de US$ 1,7 bilhão em vendas para a companhia, um aumento de 15% em uma taxa de câmbio constante. Esse foi o crescimento mais fraco de todas as regiões, sendo que as vendas na Europa aumentaram 22% e nos mercados emergentes, excluindo a China, 31%. A receita nos EUA aumentou 23%.

As revelações sobre a China ofuscaram os resultados dos ativos altamente esperados da empresa para a obesidade. Segundo a Astra, três novos medicamentos potenciais contra a obesidade se mostraram seguros e estão avançando para testes em estágio intermediário.

Esses medicamentos incluem uma pílula experimental contra a obesidade.

A Astra está trabalhando para quase dobrar as vendas para US$ 80 bilhões e lançar 20 novos medicamentos até o final da década. Os medicamentos contra o câncer serão fundamentais para atingir essa meta de receita.

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