As 10 reportagens mais lidas na Bloomberg Línea em 2024

Dos processos de admissão, e seus valores, dos clubes mais exclusivos do Brasil à crise da Disney com o abalo no encantamento de clientes, estas foram as histórias mais lidas neste ano

Vista de uma das piscinas do Club Athletico Paulistano, no Jardim América, em São Paulo (Foto: Reprodução/Instagram)
Por Bloomberg Línea
31 de Dezembro, 2024 | 05:45 AM

Bloomberg Línea — Como funcionam os processos de admissão e quanto custa para quem deseja entrar nos clubes mais exclusivos da cidade de São Paulo, capital econômica e centro financeiro do Brasil?

Com esse enfoque e um trabalho de apuração que incluiu a busca minuciosa por informações oficiais com dezenas de ligações telefônicas, o cuidado em fazer a checagem dos dados mais de uma vez e a conversa off the records com fontes como funcionários e sócios para entender o que funciona na prática mas não está escrito nem dito de forma pública, o jornalista Sérgio Ripardo trouxe em fevereiro a reportagem “Clubes de elite chegam a cobrar mais de R$ 700 mil de novos sócios em São Paulo”.

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Essa reportagem acabou se tornando a mais lida entre as mais de 6.000 publicadas ao longo de 2024 pela Bloomberg Línea, incluindo aquelas de autoria de jornalistas da Bloomberg News.

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Foram mais de dois meses de apuração de informações de uma reportagem que alcançou ampla repercussão nas redes sociais e em grupos de WhatsApp e que, até hoje, dez meses depois de publicada, continua a aparecer entre as mais lidas da Bloomberg Línea dado o seu interesse perene.

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A segunda reportagem mais lida, que envolveu igualmente um trabalho minucioso de apuração e muita capacidade de análise, foi na na verdade um artigo escrito por Javier Blas, da Bloomberg Opinion, considerado um dos maiores especialistas em energia e commodities e, em particular, do mercado de petróleo. Ele é autor do livro “The World for Sale: Money, Power, and the Traders Who Barter the Earth’s Resources”.

China decreta fim do maior boom de minério de ferro do século. O que isso significa” foi publicada em agosto e trouxe perspectiva histórica para um dos principais movimentos econômicos de 2024, com repercussões para a economia global e, em particular, a brasileira, com empresas exportadoras como a Vale.

Outra reportagem de destaque entre as mais lidas do ano não se tratou de um “furo noticioso”, como se costuma se dizer no jargão jornalístico de algo que o público não sabia, mas deu cores e informações a uma tendência perceptível a todos aqueles que usam o LinkedIn para gerenciar sua carreira.

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A reportagem “Geração Z muda perfil do conteúdo no LinkedIn e incomoda profissionais veteranos” mostrou que o uso da plataforma para relatos que envolvem de viagens a outras experiências pessoais se tornou um movimento mais abrangente que vai além do simples registro de promoções ou mudanças de emprego. E contou que isso tem incomodado uma parcela de usuários que enxergam uma aproximação de comportamento com o que é demonstrado em outras redes como o Instagram.

A reportagem foi escrita pelo premiado e experiente jornalista Charlie Wells, da Bloomberg News, que da newsletter Wealth - e é autor do livro “What Happened to Millennials: In Defense of a Generation”.

Veja a seguir as 10 reportagens mais lidas de 2024:

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10. Shark Tank, despejos e dívida de R$ 350 mi: a recuperação judicial da Polishop - reportagem de Sérgio Ripardo em maio

O empresário paulista João Boschilia Appolinário, de 64 anos, enfrenta um momento desafiador de sua longa trajetória de negócios. Nesta segunda-feira (20), a Polishop, empresa que ele fundou em 1999 com a venda de dieta de emagrecimento na TV, entrou em recuperação judicial com uma dívida declarada de R$ 352,190 milhões e um prejuízo superior a R$ 155 milhões em 2023.

As dificuldades de proporções inéditas não vão impedi-lo, no entanto, de desempenhar um de seus papéis de maior destaque: atuar como um dos jurados da mais nova temporada do reality show “Shark Tank Brasil: Negociando com Tubarões”, que o Sony Channel exibe desde 2016, com Band e Rede TV!.

Appolinário não quis comentar a crise de liquidez da Polishop, da qual é acionista majoritário, ao ser procurado pela Bloomberg Línea.

Ele vai gravar em junho a próxima temporada do reality show e só deve falar sobre a recuperação judicial (RJ) mais adiante, disse à Bloomberg Línea uma pessoa familiarizada com o assunto, que pediu anonimato, pois a questão é privada. O empresário tem dito a auxiliares que a RJ não afeta suas outras iniciativas, o que incluiria, portanto, a sua participação na televisão.”

9. Ex-banqueira acerta as contas da Americanas e quer ‘dividir a dor de forma igual’ - reportagem de Daniel Cancel em abril

“Em uma sala de reunião na sede bem ‘caída’ da Americanas, no Rio de Janeiro, Camille Loyo Faria concorda que o escritório já viu dias melhores. É ‘tudo feio, como tem que ser uma empresa em recuperação’, disse a diretora financeira (CFO).

A executiva de 50 anos começou na varejista em 1º de fevereiro de 2023, após a empresa entrar em recuperação judicial por causa da fraude contábil que chegou a R$ 25 bilhões – uma das maiores de todos os tempos no Brasil. A dívida total chegava a R$ 43 bilhões.

É apenas a mais recente empresa que Faria ajudou a ‘tirar do buraco’. ‘É meio uma terra arrasada’, disse ela à Bloomberg News sobre os processos de reestruturação, em uma rara entrevista.

‘Eu sou assustadoramente calma nos momentos de maior estresse e consigo realmente desligar e pensar com a cabeça muito fria. Então eu acho que isso me ajuda a ter coragem de tomar risco com mais tranquilidade.’”

8. Navios com 3,2 milhões de barris de diesel da Rússia se aglomeram na costa brasileira - reportagem de Jack Wittels em março

“Navios-tanque carregados com milhões de barris de diesel russo flutuam ao longo da costa do Brasil – e mais embarcações estão a caminho.

Os navios que transportam pelo menos 3,2 milhões de barris de diesel provenientes de portos russos estão parados em águas brasileiras, de acordo com a Kpler e dados de rastreamento de navios compilados pela Bloomberg.

Não está claro por que as cargas estão paradas. Mas o excesso é o mais recente sinal de anormalidade nos fornecimento da indústria de petróleo da Rússia, em meio a sanções dos EUA e aliados.

Cargas de diesel também estão paradas em navios-tanque no Mediterrâneo e no Golfo da Guiné, e há um acúmulo de cargas de petróleo fora dos portos indianos.”

7. Heranças de US$ 105 tri: EUA se preparam para maior sucessão de riqueza da história - reportagem de Daniel Neligh, Maria Clara Cobo e Andre Tartar em dezembro

A maior transferência de riqueza entre gerações da história dos Estados Unidos está prestes a começar a ocorrer, concentrada em uma parcela da população, o que evidencia o aumento das oportunidades para gestores e profissionais que atuam com sucessão e planejamento patrimonial.

A projeção é a de que cerca de US$ 105 trilhões sejam transferidos das gerações mais velhas para as seguintes nos próximos 25 anos, de acordo com a empresa de pesquisa Cerulli Associates, um valor aproximadamente equivalente ao Produto Interno Bruto (PIB) global em 2023.

A valorização acentuada dos mercados de ações e dos preços das residências, bem como a inflação, deram impulso aos patrimônios que os membros da geração do baby boom, para nascidos entre 1946 e 1964, devem deixar para seus herdeiros.

A projeção de herança mais recente da Cerulli é 45% maior do que a previsão para os 25 anos seguintes feita pela empresa há apenas três anos - efeito dos ganhos citados. Espera-se que as doações e as heranças nos Estados Unidos totalizem US$ 2,5 trilhões somente no próximo ano.”

6. A magia da Disney se perdeu, reclamam clientes. A empresa busca recuperá-la - reportagem de Daryl Austin em julho

“‘Acho que a Disney perdeu nossa família para sempre’, disse Lindsey Robertson, mãe de dois filhos em Dallas. Ela estava descrevendo como os parques da Walt Disney em Orlando passaram de um lugar feliz para uma fonte de frustrações crescentes.

‘Tivemos experiências negativas consecutivas com os funcionários, enquanto as filas de espera estão fora de controle e o custo não pode mais ser suportado.’

Robertson não é a única que se desiludiu com um lugar que é frequentemente anunciado como “o mais feliz da Terra”.

Entre os problemas que a consumidora cita - o custo de uma viagem de alto nível para os parques da Flórida já chegou a cerca de US$ 40.000 para uma família de quatro pessoas -, as multidões mal gerenciadas e os sistemas de reservas desajeitados, a Walt Disney World sofre uma crise em plataformas sociais e de avaliação.

No Yelp, o número de avaliações de quatro e cinco estrelas caiu de quase 52% em 2019 para 33% em 2022. No ano passado, mais de 40% dos avaliadores do Yelp deram aos parques temáticos uma avaliação de uma ou duas estrelas.”

5. Quanto ganham um CEO e um CFO? Estudo aponta salário de executivos C-level no país - reportagem de Mariana d’Ávila em abril

“O cenário de instabilidade geopolítica, juros altos ao redor do mundo e início de governo no Brasil contribuíram para uma estabilidade dos salários de executivos C-level no país, em que empresas postergaram grandes aumentos para se adaptar ao novo ambiente.

Levantamento recém-concluído pela Page Executive, unidade da Page Group especializada no recrutamento desses profissionais, apontou que a remuneração mensal fixa média de executivos da alta liderança ficou praticamente inalterada no Brasil em 2023 em relação a 2021, ano da pesquisa anterior.

O estudo, conduzido entre outubro de 2023 e fevereiro de 2024, contou com a participação de 2.000 executivos da alta liderança que atuam em empresas de diversos setores e tamanhos na América Latina.

Segundo a pesquisa, um CEO de uma empresa com faturamento acima de R$ 1 bilhão tende a receber um salário mensal fixo a partir de R$ 80 mil em base de 13 pagamentos - ou seja, na ordem de R$ 1 milhão por ano. O montante não inclui a remuneração variável, que em geral supera os 60% do total desembolsado por essas empresas, segundo a Page Executive.”

4. Hertz vai devolver 20 mil carros elétricos e investir em modelos a combustão - reportagem de Richard Clough e David Welch em janeiro

“A Hertz Global, uma das maiores empresas de locação do mundo, disse que planeja vender um terço de sua frota de veículos elétricos nos Estados Unidos e reinvestir em carros movidos a combustão devido à fraca demanda e aos altos custos de reparo para seus modelos movidos a bateria.

As vendas de 20.000 veículos elétricos começaram no mês passado e continuarão ao longo de 2024, informou a gigante de locação nesta quinta-feira (11) em um documento regulatório.

A reversão dramática, após a Hertz anunciar planos em 2021 de comprar 100 mil veículos da Tesla, destaca a demanda decrescente por carros totalmente elétricos nos EUA.

‘A empresa espera reinvestir uma parte dos recursos da venda de veículos elétricos na compra de veículos a motor de combustão interna para atender à demanda dos clientes’, segundo o documento.”

3. Geração Z muda perfil do conteúdo no LinkedIn e incomoda profissionais veteranos - reportagem de Charlie Wells em agosto

“Ali Cudby passa muito tempo no LinkedIn, usando a plataforma para fazer networking e encontrar clientes para seu negócio de retenção de clientes. Mas, ultimamente, ela se vê presa no que muitos usuários descrevem como um crescente abismo geracional no site.

A empreendedora da geração X, que tem um MBA em Wharton, está desanimada com a enxurrada de conteúdo performático de influenciadores da cultura da hiperprodutividade e com os textos sobre liderança gerados por inteligência artificial, sem mencionar as fotos de animais de estimação e de férias que cada vez mais preenchem seu feed.

Com o número de engajamentos em queda, ela recentemente consultou um especialista em redes sociais que a aconselhou a postar “mais coisas pessoais” para aumentar sua visibilidade. Mas isso não é natural para ela.

‘Isso me parece realmente não autêntico’, disse ela.”

2. China decreta fim do maior boom de minério de ferro do século. O que isso significa - artigo de Javier Blas em agosto

“O petróleo, o cobre, a soja e outras commodities monopolizaram a atenção, mas, de todas, o humilde minério de ferro foi o que mais se beneficiou do boom econômico chinês dos últimos 25 anos.

Foi uma bonança surpreendente: do fim da década de 1990 até o início de 2024, os preços do minério de ferro aumentaram quase dez vezes, mais do que qualquer outra commodity importante; o volume negociado triplicou; os magnatas australianos das commodities se tornaram bilionários; as empresas de mineração se transformaram, mesmo que brevemente, em queridinhas de Wall Street; e poderosas batalhas legais foram travadas pelo controle dos últimos depósitos minerais inexplorados.

E, agora, tudo acabou: o maior boom de commodities do século XXI chegou ao fim. A China o inflacionou – e a China também o derrubou.”

1. Clubes de elite chegam a cobrar mais de R$ 700 mil de novos sócios em São Paulo - reportagem de Sergio Ripardo em fevereiro

“Exclusividade, segurança e muitas opções de lazer dentro da cidade de São Paulo, a poucos minutos de sua casa. Os clubes sociais mais desejados da maior cidade do país conjugam esses elementos como uma espécie de refúgios da elite, em que o acesso às suas instalações é um luxo reservado aos que compartilham de um status socioeconômico particular, em que apenas o dinheiro não é suficiente.

Quem busca se tornar sócio enfrenta um desafio que vai além da questão financeira: muitos dos clubes tradicionais não dispõem mais de novos títulos, o que leva à criação de uma espécie de “mercado secundário” para negociações de preços de títulos, além de uma lista de espera que pode durar dois anos. Em alguns casos, também é necessário contar com a recomendação de até 15 sócios atuais.

No Club Athletico Paulistano, o candidato a sócio paga R$ 20 mil pelo título e R$ 750 mil de taxa de adesão [valores de fevereiro de 2024]. O valor é para um indivíduo. A contribuição social custa R$ 559,35 por mês para o título individual e R$ 932,21 para o familiar [idem, valores de fevereiro de 2024]. Exige-se a indicação de sete sócios e o processo de admissão dura entre 30 e 40 dias.”

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