As 10 reportagens mais lidas na Bloomberg Línea em 2023

Da ascensão de uma cidade para bilionários no interior de São Paulo à diversificação inusitada de uma das famílias mais tradicionais do país, estas são as histórias mais lidas do ano

Vista aérea do campo de golfe e de áreas residenciais da Fazenda Boa Vista em Porto Feliz, no interior de São Paulo (Foto: Maira Erlich/Bloomberg)
31 de Dezembro, 2023 | 08:15 AM

Bloomberg Línea — Uma cidade que recebeu Elon Musk e que atrai bilionários e algumas das famílias mais abastadas do país, a cerca de cem quilômetros da cidade de São Paulo, com lotes que custam até R$ 10 milhões, além de casas prontas a R$ 40 milhões.

A reportagem “Cidade de bilionários que recebeu Elon Musk floresce às margens de São Paulo”, do jornalista Daniel Cancel, da Bloomberg News, sobre a ascensão, as ambições e os bastidores do complexo da Fazenda Boa Vista, da JHSF, foi a mais lida da Bloomberg Línea no ano de 2023.

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Histórias de negócios e de empreendedorismo estiveram - e continuam - em alta entre os leitores da Bloomberg Línea. A jornalista Juliana Estigarríbia contou um case de inspiração de uma das famílias mais conhecidas do país, a Randon, uma referência na indústria de transporte, em sua incursão no cultivo de queijos: “Como a família Randon quer transformar um ‘hobby’ em um negócio bilionário”.

Na mesma série, Estigarríbia contou com bastidores e análise como as estratégias do grupo Randon têm sido moldadas ao mesmo tempo em que a sucessão é planejada.

Houve amplo interesse também por tendências corporativas relacionadas ao retorno gradual ao trabalho presencial neste ano que acaba, tema de duas das reportagens mais lidas da Bloomberg Línea. Uma delas foi “O que é a ‘geração laptop’ que Elon Musk defende que tem que acabar”, do jornalista Daniel Salazar.

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Outra história contada por Daniel Cancel, um perfil sobre a trajetória de sucesso e de questionamentos mais recentes do modelo de negócios do empreendedor mais conhecido do Brasil, Jorge Paulo Lemann, ao lado de seus parceiros de longa data, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, esteve entre as reportagens mais lidas do ano. Nesse caso, à luz do maior escândalo de fraude contábil dos últimos anos no Brasil, o rombo de mais de R$ 20 bilhões da Americanas, que veio à tona em janeiro.

Confira abaixo as 10 matérias mais lidas na Bloomberg Línea em 2023:

10. Famílias Lemann, Telles e Sicupira vendem prédio do Mappin em SP para o Sesc

“A São Carlos Empreendimentos, empresa de investimentos em imóveis comerciais, controlada por parentes dos acionistas principais da Americanas, fechou a venda do Prédio do Mappin, como é conhecido o Edifício João Brícola, um marco histórico do centro de São Paulo.

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A companhia foi criada por parentes de Lemann, Telles e Sicupira para atuar na compra e venda de imóveis, locação e administração de empreendimentos imobiliários próprios ou de terceiros - entre eles, alguns imóveis ocupados pela Americanas.

Hoje a região do centro velho de São Paulo é considerada uma espécie de mina de ouro a ser desenvolvida para o mercado imobiliário, pois o poder público e entidades como o Sesc tocam projetos de revitalização urbana.”

9. Retorno do El Niño deve trazer devastação sem precedentes para economia mundial

“Enquanto o mundo luta para se recuperar da covid-19 e a guerra da Rússia na Ucrânia continua, a chegada do primeiro El Niño em quase quatro anos indica novos danos à uma economia global já frágil.

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A mudança da fase mais fria do La Niña para uma fase de aquecimento pode gerar o caos, principalmente nas economias emergentes que crescem rapidamente.

As redes elétricas sofrem tensões e os apagões se tornam mais frequentes. O calor extremo cria emergências de saúde pública, enquanto a seca aumenta os riscos de incêndio. As colheitas estragam, as estradas são inundadas, e as casas, destruídas.

De acordo com modelagem da Bloomberg Economics, os fenômenos El Niño anteriores resultaram em um impacto marcante na inflação global, acrescentando 3,9 pontos percentuais aos preços das commodities não energéticas e 3,5 pontos percentuais ao petróleo.”

8. Como a família Randon quer transformar um ‘hobby’ em um negócio bilionário

“Em meados da década de 1990, o fundador da Randon, Raul Anselmo Randon, aprendeu com um amigo italiano sobre as particularidades de um reconhecido queijo local, o grana padano. Decidido a produzir o item no Brasil, ele voou para Ohio, nos Estados Unidos, e comprou 140 vacas prenhas, que chegaram a Porto Alegre em dois aviões cargueiros da Boeing.

A partir desse plantel, a RAR, empresa agrícola da família Randon com sede em Vacaria, conseguiu acumular 3.200 animais, dos quais 1.380 em ordenha, que proporcionam 45 mil litros de leite por dia atualmente.

Com uma oferta de produtos que vai de azeites a vinhos, a RAR deve faturar neste ano R$ 500 milhões. A meta, em cinco anos, é dobrar o faturamento para R$ 1 bilhão.”

A incursão da família Randon, conhecida pela relevância na indústria de transporte, no segmento de queijos caminha para se tornar um negócio bilionário. A história foi contada em reportagem de Juliana Estigarríbia publicada em setembro

7. Quem são os donos da 123Milhas, agência de viagens que suspendeu pacotes promocionais

“A 123Milhas chamou a atenção após a empresa suspender as emissões de bilhetes aéreos e pacotes da linha “PROMO” com embarques previstos de setembro e dezembro. Em comunicado, a agência de viagens cita a “pressão de demanda no mercado doméstico” como a razão para a decisão.

A empresa, fundada em 2016 em Belo Horizonte, surgiu como uma intermediadora entre pessoas que queriam vender milhas e clientes que estavam em busca de passagens de avião mais baratas. Anos depois, a 123Milhas passou a oferecer também opções de reservas de hotéis, pacotes de viagens, aluguel de carro e seguro viagem.

Os fundadores e sócios da companhia são os irmãos Ramiro Julio Soares Madureira e Augusto Julio Soares Madureira, de acordo com registros da Receita Federal. A origem da 123Milhas tem ligação com um dos principais produtos exportados por Minas Gerais: o café. A família de Augusto e Ramiro tinha fazendas de café e apoiou a empreitada dos dois e outros parentes no segmento de turismo.”

6. Uma das famílias mais ricas do mundo se desfaz do seu negócio após 106 anos

“Ao longo do século passado, os Viessmanns construíram uma das maiores fortunas do mundo com um império industrial gerado a partir de uma pequena oficina no estado alemão da Baviera.

A família bilionária está agora vendendo uma das empresas que sustentam a maior economia da Europa, em uma rara reformulação de sua fortuna de 106 anos.

A Carrier Global concordou em comprar a unidade de aquecimento e resfriamento da empresa homônima dos Viessmanns em um acordo de dinheiro e ações. A venda elevará a riqueza da família para até US$ 14 bilhões, mais do que o dobro de um ano atrás, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index.

A mudança divide um império de negócios que teve origem em 1917, quando Johann Viessmann montou sua oficina após trabalhar como operário e ferreiro.”

5. Trabalhadores que deixaram grandes cidades na pandemia enfrentam nova realidade

“Antes de ser demitido pela Amazon, Jesse Lindsey estava ganhando mais dinheiro do que nunca trabalhando em casa, na cidade de Bozeman, no estado americano de Montana.

Depois de perder seu emprego, o homem e veterano da Marinha americana de 39 anos se viu empilhando caixas no supermercado local. Não era a vida que ele imaginava quando se mudou com sua família no ano passado, abrindo mão de uma vida na Marinha para aceitar um emprego totalmente remoto como recrutador técnico na cidade montanhosa.

A decisão da Amazon de eliminar dezenas de milhares de empregos – parte da onda de centenas de milhares de cortes em empresas em todos os Estados Unidos neste ano – está forçando trabalhadores remotos como Lindsey a fazer escolhas difíceis.

Sair ou ficar? Esperar outro trabalho remoto altamente remunerado, ou mudar para um emprego local com um salário mais baixo?”

4. O que é a ‘geração laptop’ que Elon Musk defende que tem que acabar

“Com o fim da pandemia e o retorno à normalidade, várias das empresas pioneiras na adoção do trabalho remoto durante o período de três anos estão exigindo que seus funcionários retornem ao escritório, mas a chamada ‘geração laptop’ está se tornando um desafio para elas.

As empresas agora são pressionadas por investidores para entregar bons resultados e viram no trabalho remoto o alvo perfeito para justificar as quedas na produtividade.

Em várias ocasiões, Elon Musk, proprietário de empresas como Tesla e Twitter, criticou o trabalho remoto.

‘Você trabalha de casa, mas as pessoas que fabricam seu carro e preparam sua comida não podem. Isso é moralmente correto? É um problema moral. As pessoas deveriam descer do pedestal moral com essa bobagem de trabalhar em casa’, disse o bilionário.”

3. Estudo calcula diferença de resultados entre o home office e o presencial

Empresas que permitem o trabalho remoto experimentaram um crescimento de receita que é quatro vezes o alcançado por aquelas que são mais rigorosas em relação à presença no escritório, apontou uma nova pesquisa.

A análise de 554 empresas abertas nos Estados Unidos, que empregam um total de 26,7 milhões de pessoas, descobriu que empresas “totalmente flexíveis” - que são totalmente remotas ou permitem que os funcionários escolham quando vão ao escritório - tiveram aumento das vendas em 21% entre 2020 e 2022, em uma base ajustada por setor.

Isso se compara a um crescimento de 5% para empresas com forças de trabalho híbridas ou totalmente presenciais.”

A partir da esq., Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles: o trio de bilionários empreendedores cuja reputação foi colocada à prova com o escândalo contábil da Americanas no começo de 2023. A história foi contada em reportagem de Daniel Cancel, da Bloomberg News, publicada em fevereiro (Divulgação)

2. Lemann perde bilhões e arranha reputação com quebra de sua máquina de negócios

Não faz muito tempo que Jorge Paulo Lemann era o magnata corporativo mais respeitado e temido do planeta. O bilionário brasileiro e seus dois parceiros de negócios de longa data uniram gigantes multinacionais em um ritmo frenético, juntando-as ao vasto império que construíram no Rio de Janeiro.

Em 2008, foi Anheuser-Busch InBev. Em 2010, Burger King. Então vieram Heinz, Tim Hortons, Kraft Foods Group e, finalmente, em 2016, o maior de todos: a cervejaria SABMiller.

A cada nova aquisição, Lemann, inspirado em seu ídolo, o ex-CEO da General Electric Jack Welch, teria como ordem profundos cortes de custos. Benefícios foram eliminados, folhas de pagamento cortadas, fábricas fechadas.

O modelo 3G, como foi apelidado em Wall Street em homenagem à principal empresa de investimentos de Lemann, 3G Capital, foi tão impiedosamente eficaz que começou a revolucionar o pensamento de executivos em toda a América.

Mas então, de repente, tudo deu errado para Lemann.”

1. Cidade de bilionários que recebeu Elon Musk floresce às margens de São Paulo

“Quando Elon Musk visitou o Brasil no ano passado, ele nunca pousou no aeroporto internacional de Guarulhos nem pisou no centro financeiro da Faria Lima. Na verdade, ele sequer pisou em São Paulo.

Em vez disso, toda a sua visita ocorreu na Boa Vista, um condomínio fechado para os ultra-ricos que ocupa quase metade do tamanho de Manhattan e fica a 100 quilômetros a oeste de São Paulo.

A comunidade de luxo é uma das maiores e mais exclusivas - em um país onde os super-ricos historicamente construíram muros cada vez mais altos em torno de seus complexos e se movimentam em veículos blindados para evitar a violência. Gramados e paisagismo recebem cuidados minuciosos e o tamanho das casas aumenta conforme se anda na propriedade.”

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