Arezzo e Grupo Soma negociam fusão que pode criar gigante com R$ 12 bi em receitas

Alexandre Birman, da Arezzo, seria o CEO da companhia criada com a fusão das bases acionárias, segundo o fato relevante; Roberto Jatahy comandaria a unidade de marcas femininas

Fachada de lojas da Arezzo e da Animale, marca do grupo Soma
31 de Janeiro, 2024 | 04:49 PM
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Bloomberg Línea — A Arezzo (ARZZ3) e o Grupo Soma (SOMA3) avaliam uma fusão, segundo fato relevante divulgado na tarde desta quarta-feira (31), em um negócio que, se confirmado, poderia criar uma companhia com cerca de R$ 12 bilhões em receitas e um portfólio total de 34 marcas.

O grupo calçadista informou que a possível associação poderá envolver a unificação das bases acionárias em uma única companhia com governança compartilhada.

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“A companhia está em entendimentos com o Grupo Soma em que ambos avaliam uma possível associação”, citou o documento.

O Grupo Soma também confirmou as conversas em outro fato relevante, em que destacou a não assinatura de documentos. “Não se pode confirmar que a operação de fato se realizará.”

A informação foi noticiada inicialmente pelo Neofeed.

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As ações das empresas fecharam em forte alta depois da confirmação das negociações. Os papéis da Arezzo subiram 12,37%, a R$ 62,75, enquanto os do Grupo Soma se valorizaram 17,55%, cotados a R$ 7,97.

O atual CEO da Arezzo, Alexandre Birman, seria o CEO da companhia combinada, enquanto Roberto Jatahy, do Grupo Soma, seria o CEO da unidade de negócios de vestuário feminino.

Alexandre Birman, CEO da Arezzo, comandaria a companhia resultado da combinação de bases acionárias entre o grupo calçadista e o Grupo Soma

A B3 chegou a suspender a negociação com as ações da Arezzo, que dispararam mais de 15%, durante a tarde, devido à iminente divulgação do fato relevante.

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A Arezzo já atua no segmento de vestuário após a aquisição das marcas Reserva, mas são voltadas principalmente para o público masculino, enquanto as do Grupo Soma, como Animale, Farm, NV, Foxton, são para o público feminino, além de Hering, Fábula, Cris Barros e Maria Filó, em uma plataforma de 14 brands.

Já o grupo Arezzo é dono de 20 marcas próprias e adquiridas, como Schutz, Anacapri, Vans e Baw.

As duas companhias evitaram emitir comentários públicos adicionais, limitando-se ao conteúdo do fato relevante.

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Análise do mercado

O negócio criaria um player completo no setor de moda (vestuário, calçados e acessórios) no Brasil com foco no público consumidor de alta renda, com uma evolução promissora de negócios no exterior, das sinergias e do potencial de crescimento das pequenas marcas, disse um analista de banco que pediu anonimato, pois não tem autorização para comentar publicamente a situação de empresas.

Ele ressalvou, no entanto, que o mercado ficará de olho nos impactos da operação como possíveis mudanças no modelo de expansão via franquias, benefícios fiscais e dividendos, bem como os desafios para a integração das empresas e o comportamento das margens de lucro.

A Arezzo tem priorizado os EUA na estratégia de internacionalização, enquanto o Grupo Soma busca novos mercados na Europa, observou o analista. A combinação entre os grupos poderia acelerar a presença internacional de suas marcas, disse.

BlackRock e Opportunity

A possível combinação entre os dois grupos representaria a união entre bases acionárias que somam mais de 79 mil acionistas, incluindo gestoras como a BlackRock e a asset do Opportunity.

No fechamento desta quarta-feira, a Arezzo tinha valor de mercado de R$ 6,95 bilhões, e o Grupo Soma, de R$ 6,2 bilhões, segundo dados da B3.

A Arezzo tem mais de 38.000 acionistas, dos quais 36.936 pessoas físicas, 370 jurídicas e 780 investidores institucionais. A família Birman é a maior acionista, com Alexandre detendo a maior fatia do capital total (21,53%). A gestora americana BlackRock possui 5,15% do grupo calçadista.

Já o Grupo Soma possui mais de 41.000 acionistas, dos quais 39.749 pessoas físicas, 1.080 jurídicas e 815 institucionais. A asset do Opportunity aparece com 6,51% do capital total, enquanto a BlackRock detém 5,33%. Claudia Jatahy, irmã de Roberto e fundadora da marca Animale, tem 9,51% das ações, segundo dados da B3.

- Matéria atualizada às 18h40 de 31 de janeiro com análises, cotações de fechamento e detalhes sobre portfólio das duas empresas.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.