Bloomberg Línea — A Arezzo (ARZZ3) e o Grupo Soma (SOMA3) anunciaram nesta segunda-feira (5) que chegaram a um acordo para realizar uma fusão dos grupos varejistas de moda, em um negócio que pode criar uma companhia com cerca de R$ 12 bilhões em receitas e um portfólio total de 34 marcas. Em valor de mercado, as empresas somadas valiam cerca de R$ 13 bilhões no fechamento de sexta-feira (2).
A empresa combinada será detida em 54% pelos investidores da Arezzo e 46% pelo Grupo Soma, desconsiderando as ações atualmente em tesouraria, de acordo com fato relevante divulgado nesta manhã.
A governança da nova companhia será comandada de maneira conjunta. O CEO da Arezzo, Alexandre Birman, continuará à frente da nova empresa, e Roberto Luiz Jatahy Gonçalves será o CEO da unidade de vestuário feminino. Já Rony Meisler permanecerá como CEO da unidade AR&Co e o Thiago Hering continuará como CEO da Hering.
A fusão levará a quatro verticais de negócios: calçados e bolsas; vestuário e lifestyle feminino; vestuário e lifestyle masculino; e vestuário democrático.
“O surgimento dessa nova empresa acarreta grandes oportunidades de geração de valor adicional, tais como, o desenvolvimento das categorias de calçados e bolsas nas marcas do Grupo Soma gerando alavancagem de receita, otimização da gestão dos canais de multimarcas, e-commerce e, principalmente, franquias, otimização da planta industrial de malharia da Hering e a preparação dessa nova empresa para plugar outras verticais de negócio”, escreveram as empresas no comunicado.
Ainda de acordo com o documento, a companhia resultante adotará uma nova denominação social a ser definida de comum acordo.
Os escritórios Stocche Forbes Advogados e Spinelli Advogados atuaram como assessores legais da Arezzo&Co, e o BMA Advogados atuou como assessor legal do Grupo Soma. A XP Investimentos atuou como assessor financeiro das companhias na operação.
O Itaú BBA, braço do Itaú Unibanco (ITUB4), e o Bank of America (BAC) atuaram como assessores financeiros da Arezzo&Co. O JP Morgan (JPM) atuou como assessor financeiro do Grupo Soma, e a G5 Partners atuou como assessor financeiro dos acionistas de referência do Grupo Soma.
Ampliação do portfólio
A Arezzo e o Grupo Soma tinham confirmado na última semana que estavam em conversas para um possível fusão. O grupo calçadista informou na ocasião que a possível associação poderia envolver a unificação das bases acionárias em uma única companhia com governança compartilhada.
A Arezzo já atua no segmento de vestuário após a aquisição das marcas Reserva, mas são voltadas principalmente para o público masculino, enquanto as do Grupo Soma, como Animale, Farm, NV, Foxton, são para o público feminino. O Soma detém ainda Hering, Fábula, Cris Barros e Maria Filó, em uma plataforma de 15 marcas. Já o grupo Arezzo é dono de 20 marcas próprias e adquiridas, como Schutz, Anacapri, Vans e Baw.
O negócio cria uma companhia com oferta completa no setor de moda (vestuário, calçados e acessórios) no Brasil com foco no público consumidor de alta renda.
A combinação entre os dois grupos representa a união entre bases acionárias que somam mais de 79 mil acionistas, incluindo gestoras como a BlackRock e a asset do Opportunity.
No fechamento de sexta-feira (2), a Arezzo tinha valor de mercado de R$ 6,97 bilhões, e o Grupo Soma, de R$ 6,052 bilhões, segundo dados da B3. Os papéis da Arezzo acumularam alta de 8,44% na semana passada depois de as empresas confirmarem a negociação. Já as ações do Grupo Soma subiam 10,94% na semana.
A Arezzo tem mais de 38.000 acionistas, dos quais 36.936 pessoas físicas, 370 jurídicas e 780 investidores institucionais. A família Birman é a maior acionista, com Alexandre detendo a maior fatia do capital total (21,53%). A gestora americana BlackRock possui 5,15% do grupo calçadista.
Já o Grupo Soma possui mais de 41.000 acionistas, dos quais 39.749 pessoas físicas, 1.080 jurídicas e 815 institucionais. A asset do Opportunity aparece com 6,51% do capital total, enquanto a BlackRock detém 5,33%. Claudia Jatahy, irmã de Roberto e fundadora da marca Animale, tem 9,51% das ações, segundo dados da B3.
-- Com a colaboração de Sérgio Ripardo e Mariana d’Ávila
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