Aquisição do Commerzbank pelo UniCredit pode criar gigante bancário europeu

CEO do banco italiano, Andrea Orcel, afirmou em entrevista à Bloomberg TV que uma compra completa está em estudo de depois de anunciar que montou uma participação de 9% no par alemão

Sede de Commerzbank em Berlim, na Alemanha
Por Sonia Sirletti - Francine Lacqua
12 de Setembro, 2024 | 10:23 AM

Bloomberg — O CEO do banco italiano UniCredit, Andrea Orcel, disse que uma aquisição total do Commerzbank é uma opção, depois de anunciar que havia adquirido uma participação de 9% do rival alemão, em um movimento que “agitou” o setor bancário europeu.

“Conversas sobre fusões e aquisições ou uma nova combinação estão no topo” das discussões atuais sobre a participação, disse Orcel em uma entrevista à Bloomberg Television na quinta-feira. “Podemos nos engajar de forma construtiva para saber se todos nós queremos criar algo mais do que apenas o valor que pode ser gerado pelo Commerzbank autônomo”.

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Na quarta-feira (11), o UniCredit revelou que havia adicionado todas as ações que o governo alemão ofereceu nesta semana a uma posição que havia construído discretamente no mercado. O estado busca sair de sua participação no banco que resgatou após a crise financeira de 2008.

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O movimento considerado surpreendente de Orcel em relação ao Commerzbank pode criar um novo gigante bancário na Alemanha e na Europa. O negócio seria uma das maiores fusões cross border da região, mas enfrenta obstáculos substanciais, como a oposição dos trabalhadores. O governo alemão ainda possui uma participação maior do que a do UniCredit, embora tenha começado a vendê-la.

O executivo sinalizou que o banco continua flexível com relação ao que acontecerá em seguida. Para ir além dos 10% de participação no Commerzbank, o UniCredit precisaria buscar autorização do Banco Central Europeu.

O CEO do UniCredit, Andrea Orcel, diz que todas as opções estão sobre a mesa com relação à participação do banco italiano no Commerzbank (Foto: Bloomberg)

"Existe a possibilidade de o governo vender mais e nós estaríamos interessados nos termos certos", disse ele. "Há a possibilidade de comprarmos no mercado aberto, ou há a possibilidade de não fazermos nada."

Executivos do setor bancário europeu há muito se queixam de que os mercados fragmentados do continente significam que as fusões internacionais são impraticáveis.

No entanto os lucros recordes de alguns dos maiores bancos da região, incluindo o UniCredit, nos últimos dois anos, reacenderam o interesse em negócios. O valor de mercado do banco italiano superou o de muitos de seus pares e deixou Orcel em uma posição confortável para considerar possíveis alvos.

Elepassou três anos à procura de um negócio transformador para o UniCredit, que ele já assessorou em negócios e agora dirige.

Atualmente, ele dispõe de até 10 bilhões de euros para possíveis aquisições, tendo colhido os benefícios das taxas de juros mais altas e cortado custos.

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O CEO disse que constantemente analisa possíveis negócios nos mercados em que o UniCredit opera, embora as avaliações dos alvos e as condições tenham de ser adequadas.

Banco resultante da aquisição do Commerzbank pelo UniCredit daria origem ao quinto maior grupo bancário da Europa

O próximo passo do CEO é se envolver com as partes interessadas do Commerzbank “e verificar se existe base para uma combinação”, disse ele. Ele sinalizou que está preparado para se afastar se necessário.

"Podemos subir, podemos cair e podemos nos combinar", disse Orcel. "Somos muito pacientes."

Durante o verão no hemisfério norte, à medida que aumentavam as especulações de que o governo alemão reduziria sua participação no Commerzbank, o CEO decidiu criar uma fatia no banco, pois o preço era atraente, disse ele.

Orcel, por outro lado, já enfrenta resistências.

O governo alemão expressou pouco entusiasmo com a fusão, e o sindicato Verdi, na quarta-feira, pediu às autoridades que impedissem imediatamente a venda de mais ações do Commerzbank.

De acordo com as regras do mercado de ações, a Alemanha não pode vender mais ações de qualquer maneira por pelo menos três meses.

“Sempre mantivemos um diálogo com órgãos reguladores, instituições e contrapartes na Alemanha”, disse Orcel. “Eu acho que todas as partes interessadas relevantes estavam bem cientes do que estávamos fazendo e não teríamos agido de outra forma.”

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O BCE também foi informado sobre a transação, noticiou a Bloomberg News na quarta-feira.

Conhecido como um exímio negociador, Orcel fez sua primeira grande aquisição como CEO do UniCredit no ano passado, ao concordar em comprar a participação do Estado grego no Alpha Bank - e depois ao adquirir a unidade romena do Alpha.

Em julho, o UniCredit concordou em comprar o provedor de serviços bancários polonês Vodeno e o banco digital belga Aion Bank.

"Acreditamos que, dada a fragmentação do mercado, há espaço para agregar mais valor por meio da consolidação", disse ele. "Se houver uma base para fazer isso de forma construtiva e fortalecer o que podemos oferecer à economia alemã e à Europa, então essa é uma grande jogada para o UniCredit."

-- Com a colaboração de Noele Illien.

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