Bloomberg — A Biobest, grupo belga de produtos biológicos para proteção de lavouras no campo, concordou em comprar a Biotrop, empresa que desenvolve e fornece soluções agrícolas biológicas e naturais no Brasil, por cerca de 523 milhões de euros (R$ 2,8 bilhões), valor que considera dívida.
A Biobest adquirirá inicialmente uma participação de 85% na empresa com sede em Vinhedo, no interior de São Paulo, em uma transação que deverá ser concluída antes do final do ano, segundo o presidente da Biobest, Jean-Marc Vandoorne. A participação restante será adquirida ao longo de três a seis anos.
Com a aquisição, a Biobest, sediada em Westerlo, na Bélgica, adicionará o Brasil aos cerca de 30 outros países nos quais atua.
A empresa é especializada em produtos de controle biológico para horticultura usando insetos e ácaros, e a transação dará acesso à tecnologia desenvolvida pela Biotrop que usa micróbios, como fungos e bactérias, como pesticidas e estimulantes de crescimento para culturas como as de milho e soja, de acordo com Vandoorne.
O mercado brasileiro de produtos de proteção biológica da agricultura está avaliado em cerca de US$ 1 bilhão, com uma taxa de crescimento anual superior a 40%, segundo Vandoorne. “O acordo é complementar em todos os sentidos”, disse ele em entrevista à Bloomberg News.
Fundada em 2017, a agritech Biotrop está presente em oito países e espera receita de R$ 679 milhões neste ano, sendo 90% proveniente do Brasil. A Biobest gerou 323 milhões de euros em receitas no ano passado.
Os vendedores incluem o Aqua Capital, um fundo brasileiro de private equity especializado no setor do agronegócio; o GIC, fundo soberano de Cingapura; e gerentes e fundadores da empresa. O Aqua Capital detém o controle acionário.
“O negócio foi fantástico para nós”, disse Sebastian Popik, sócio-gerente do Aqua Capital, que tem cerca de US$ 1,1 bilhão sob gestão.
O Aqua Capital concentra investimentos na agricultura sustentável nas Américas, o que, segundo ele, reduz as emissões de dióxido de carbono em comparação com os pesticidas químicos e aumenta a produtividade.
A Biobest, de capital fechado, financiará a transação com um aumento de capital de cerca de 400 milhões de euros, no qual participarão alguns dos seus atuais acionistas. Eles incluem a Sofina, várias famílias belgas ricas e a administração da empresa.
Os novos acionistas incluem Tikehau Capital, M&G Investments, Unigrains, Sofiproteol e várias famílias próximas do seu acionista controlador, a holding Floridienne, que detém uma participação de 78% no capital da Biobest. A participação de Floridienne será diluída pelo aumento de capital.
O Morgan Stanley assessorou a Biobest e o Banco Itau BBA foi o assessor do Aqua Capital.
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