App de idiomas Duolingo amplia uso de IA e dispensa 10% da equipe terceirizada

‘Não precisamos mais de tantos prestadores de serviços porque podemos atribuir parte do serviço à IA’, disse um porta-voz do app

Outras empresas, como a Microsoft e a IBM, também estão incorporando a IA às suas operações (Foto: Gabby Jones/Bloomberg)
Por Brody Ford - Natalie Wong
09 de Janeiro, 2024 | 12:01 PM

Bloomberg — A Duolingo (DUOL), conhecida pelo aplicativo de aprendizado de idiomas, dispensou o equivalente a 10% dos seus prestadores de serviços no momento em que já utiliza Inteligência Artificial (IA) generativa para criar mais conteúdo. É o mais recente sinal de que as empresas têm transferido algumas tarefas normalmente realizadas por trabalhadores para ferramentas de IA.

A informação foi anunciada por um porta-voz da empresa na segunda-feira (8).

“Não precisamos mais de tantas pessoas para fazer o tipo de trabalho que alguns desses prestadores de serviços faziam. Parte disso pode ser atribuída à IA”, disse o porta-voz.

O CEO Luis von Ahn afirmou em carta aos acionistas em novembro que a empresa tem usado IA generativa – uma tecnologia que permite que os usuários criem texto, fala e imagens com mais rapidez – para produzir “novos conteúdos com muito mais rapidez”, como os roteiros de programas que ajudam a ensinar idiomas.

PUBLICIDADE

A empresa também usa IA para gerar vozes dentro do aplicativo e criou um nível premium, o Duolingo Max, com feedback gerado por IA e conversas em outros idiomas.

As ações da empresa fecharam em alta de 3,07% na segunda-feira (8), chegando a valer US$ 210,40 depois de mais do que triplicar em 2023. Nesta terça, os papéis operavam em queda de 1,14% às 11h57 (horário de Brasília).

O porta-voz disse que o corte de empregos não é uma “substituição direta” de trabalhadores pela IA, já que muitos de seus funcionários em tempo integral e contratados usam a tecnologia em seu trabalho.

O Duolingo tinha 600 funcionários em tempo integral no final de 2022, de acordo com os registros da empresa. O porta-voz acrescentou que nenhum funcionário em tempo integral foi afetado pelo corte.

O intenso interesse na IA generativa levou grupos de funcionários e sindicatos a questionar se as empresas usarão a tecnologia como desculpa para reduzir sua força de trabalho.

Um relatório publicado em abril pelo Fórum Econômico Mundial estimou que a IA causaria “perturbações significativas no mercado de trabalho” nos próximos cinco anos, embora o impacto líquido possa ser positivo, pois os empregadores buscam trabalhadores com mais habilidades técnicas para navegar pelo uso da tecnologia.

Em dezembro, a Microsoft (MSFT) respondeu a essas preocupações e anunciou uma aliança com a Federação Americana do Trabalho e o Congresso de Organizações Industriais, formada por 60 sindicatos que representam 12,5 milhões de trabalhadores, para treinar pessoas sobre IA e analisar como a tecnologia pode afetar o emprego.

PUBLICIDADE

Em um evento que anunciou a parceria, o presidente da Microsoft, Brad Smith, disse que o objetivo é reunir a indústria e os trabalhadores para “aprimorar” a maneira como as pessoas trabalham.

“Não posso me sentar aqui e dizer que a IA nunca substituirá um emprego”, disse Smith no evento. “Acho que isso não seria honesto. A IA foi bem projetada para acelerar e eliminar algumas das partes do trabalho das pessoas que você pode considerar como trabalho pesado”.

A Chegg, que oferece serviços online de ajuda com exercícios de tarefas escolares, disse em junho que cortará 4% de sua força de trabalho e incorporará melhor a IA em suas aulas particulares à medida que os alunos se sentirem mais à vontade com os chatbots.

Em maio, o CEO da IBM (IBM), Arvind Krishna, afirmou que a empresa esperava interromper as contratações para as funções que acredita poderem ser substituídas pela tecnologia de IA nos próximos anos. Ele disse que 30% dos empregos em cargos de back office, como recursos humanos, poderiam ser automatizados com ferramentas de IA em um período de cinco anos.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Após ano de cautela, IA alimenta demanda por equipamentos, diz presidente da Dell