Após ações caírem 30%, Natura tenta acalmar investidores e cita dividendo e margem

Em reunião privada, o CEO João Paulo Ferreira assegurou que os resultados fracos do quarto trimestre foram uma exceção e que a empresa está trabalhando para reduzir a volatilidade dos lucros

Natura Cosmeticos SA Production Facility And Store Amid Body Shop Deal With L'Oreal SA
Por Rachel Gamarski
26 de Março, 2025 | 06:30 PM

Bloomberg — A Natura reafirmou seu compromisso em melhorar suas margens e disse a investidores em reunião privada que o acordo de fusão proposto poderia abrir caminho para o pagamento de dividendos.

O novo comando da gigante da beleza se reuniu com analistas na terça-feira (25), após a companhia apresentar um despenho que frustrou o mercado no quarto trimestre de 2024.

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João Paulo Ferreira, que foi indicado como CEO da companhia após a fusão, e a CFO Silvia Vilas Boas abordaram com os investidores as preocupações sobre os resultados, que desencadearam a maior queda de ações na história da empresa. Eles disseram que os resultados foram atípicos e que não refletem o padrão da empresa, de acordo com uma pessoa que estava na reunião.

Após uma queda de 29% no valor das ações devido a resultados abaixo das expectativas, a Natura anunciou um programa de recompra de ações e uma reorganização da gestão. Embora as ações da Natura tenham se recuperado em 5% até esta quarta-feira, elas permanecem bem abaixo dos níveis anteriores aos resultados.

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Natura Under Pressure Post-Earnings, Management Changes

Analistas de ações disseram que a explicação da gestão ajudou a abordar as principais preocupações, particularmente em relação a melhorias operacionais e tendências futuras. No entanto, a empresa “compartilhou dados quantitativos limitados para ajudar os investidores a reancorar as expectativas”, escreveu Joseph Giordano, analista do JPMorgan, em nota aos clientes.

Os investidores também questionaram a capacidade da Natura de retomar os pagamentos de dividendos, mas a gestão da empresa tentou tranquilizá-los, destacando que a Natura Cosméticos registrou resultados líquidos positivos apesar das perdas do grupo mais amplo, de acordo com a pessoa presente na reunião.

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Em uma tentativa de restaurar a confiança, a Natura rapidamente implementou uma estratégia de controle de danos. Em 17 de março, anunciou um programa de recompra de ações de 12 meses que abrange quase 53 milhões de ações e iniciou um engajamento direto com os investidores — uma medida incomum para empresas brasileiras logo após uma teleconferência com analistas.

Analistas do Itaú BBA e da XP reconheceram que a reunião abordou preocupações críticas, mas alertaram que os custos de transformação permanecerão significativos em 2025, embora não devam exceder os níveis de 2024.

O Goldman Sachs apontou o potencial de alta da resiliência no canal de vendas diretas, mas sinalizou riscos relacionados à integração da Avon International.

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As operações da Natura na Argentina — um dos maiores obstáculos ao desempenho do quarto trimestre — foram um dos principais tópicos de discussão. A gestão enfatizou a importância estratégica do país, observando que é o único mercado onde as marcas Natura e Avon conquistaram participação de mercado apesar dos desafios econômicos.

Ferreira assegurou aos investidores que os resultados fracos do quarto trimestre foram uma exceção e que a empresa está trabalhando para reduzir a volatilidade dos lucros daqui para frente.

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