Bloomberg — As ações da Delta Air Lines (DAL) despencaram na sexta-feira (12) depois que a companhia reduziu sua previsão - guidance - de lucro para o ano inteiro de 2024, destacando os desafios que a indústria em geral enfrenta para recuperar o desempenho pré-pandemia.
A ação caiu no fechamento 8,97% e registrou sua pior queda de um dia desde março de 2022. A perda também pesou sobre os concorrentes. Um indicador S&P das ações do setor aéreo teve a maior queda em 19 meses no final do dia. As ações da Delta acumulam desvalorização de cerca de 5% neste ano. Nesta segunda-feira (15), as bolsas americanas estão fechadas por causa de feriado.
A empresa divulgou na sexta-feira lucro e receita ajustados que ficaram ligeiramente à frente do consenso de analistas para o quarto trimestre, mas previu um lucro de US$ 6 a US$ 7 em 2024, em linha com o consenso da Bloomberg de cerca de US$ 6,50 e abaixo da expectativa anterior de “mais de US$ 7″.
“Agora parece que o retorno das viagens acabou e as tarifas estão caindo, tornando quase impossível compensar os custos”, disse o analista da Bloomberg Intelligence George Ferguson. “É provável que a maioria dos mercados exija menos oferta [das empresas] e seja difícil compensar os custos mais altos quando uma companhia aérea está reduzindo a capacidade.”
A atualização das projeções da Delta é o último revés para uma indústria que luta para se recuperar completamente da pandemia.
Os preços do petróleo continuam voláteis, com o último aumento de preço em reação aos ataques aéreos dos Estados Unidos e do Reino Unido no Oriente Médio.
A demanda doméstica diminuiu à medida que os viajantes optam por destinos internacionais. Outro fator negativo para o setor é a interrupção das operações das aeronaves Boeing 737 Max 9, o que levou a United Airlines e a Alaska Air a cancelar centenas de voos no último fim de semana.
O setor enfrenta um longo caminho para uma recuperação.
O índice de companhias aéreas do S&P caiu mais de 26% em relação ao seu pico de 52 semanas alcançado em julho de 2023, o que inclui uma alta de fim de ano impulsionada pelas expectativas de que o Federal Reserve começaria a cortar as taxas este ano.
A United (UAL) divulgará os resultados do quarto trimestre em 22 de janeiro, seguida pela Southwest Airlines e pela American Airlines (AAL) em 25 de janeiro.
Os resultados do quarto trimestre do setor devem refletir a preferência contínua dos consumidores por experiências em vez de bens, favorecendo companhias aéreas com opções mais premium e internacionais em vez de transportadoras de baixo custo como Frontier Group e Allegiant Travel, de acordo com estrategistas do Morgan Stanley (MS).
“Esperamos que 2024 seja um dos anos mais importantes da história das companhias aéreas, pois condições mais ‘normais’ do que nos últimos anos permitirão que o mercado finalmente resolva o debate sobre se o crescimento da capacidade pode acompanhar a demanda ou se velhos maus hábitos [do setor] voltarão”, escrevem analistas do Morgan Stanley liderados por Ravi Shanker.
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