Bloomberg — A principal executiva da Anglo American no Brasil espera vender seus ativos de níquel no país na primeira metade de 2025, como parte de uma reestruturação expressiva desencadeada por uma oferta de aquisição não solicitada de US$ 49 bilhões da rival BHP Group no ano passado.
As minas de Barro Alto e Niquelândia, em Goiás, no Centro-Oeste brasileiro, atraíram o interesse de empresas de diferentes tipos e nacionalidades, disse Ana Sanches, CEO da Anglo no Brasil, em uma entrevista à Bloomberg News na quarta-feira (15).
As negociações estão sendo realizadas em Londres e têm o Standard Chartered como assessor financeiro, acrescentou ela. A KPMG também participa do processo em outra frente.
“Já temos um número de empresas bem mais próximas das fases finais de negociação. Há uma expectativa de conclusão nos próximos meses,” disse Sanches. A companhia não definiu o que fazer com os ativos caso a venda não seja concretizada.
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Em um relatório de 26 de novembro, a equipe de pesquisa de ações do Berenberg estimou um valor patrimonial líquido de US$ 331 milhões para as minas.
“Acreditamos que será difícil obter um bom preço, devido à fraqueza do preço do níquel”, escreveram os analistas do banco em um relatório.
Globalmente, a Anglo planeja se concentrar na produção de cobre, mantendo também minério de ferro e fertilizantes no portfólio. A empresa está saindo da mineração de diamantes, platina, níquel e carvão.
Projeto Minas-Rio
No Brasil, a mineradora continuará investindo no gigantesco projeto Minas-Rio. A mina produziu 24,5 milhões de toneladas de minério de ferro em 2024, de acordo com Sanches. A produção do ano passado representa mais de 90% da capacidade atual da mina.
A expectativa é manter o mesmo ritmo em 2025, apesar dos preços baixos, disse ela. O minério de ferro caiu mais de 25% em 2024 devido à desaceleração econômica da China e ao aumento da oferta das principais mineradoras.
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A rival Vale concluiu a aquisição de 15% do Minas-Rio em dezembro. A mina integrará o projeto contíguo de Serpentina da Vale, com a empresa brasileira tendo a opção de comprar outros 15% no caso de uma futura expansão de capacidade. A partir de 1º de abril, a Vale receberá sua parte proporcional da produção do Minas-Rio, informou um porta-voz da Anglo.
Os novos parceiros veem o potencial de dobrar a capacidade nominal de produção de minério de alta qualidade com a parceria, adicionando 25 milhões a 30 milhões de toneladas.
Uma decisão de investimento é esperada após estudos de viabilidade, que devem ser concluídos em cinco anos. A Anglo tem um plano investimentos de R$ 12 bilhões no Minas-Rio de 2024 a 2028.
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Ana Sanches disse que o Minas-Rio tem um “futuro promissor” dentro do portfólio mais simplificado da Anglo, que se concentra em commodities diretamente relacionadas à transição energética. A empresa está apostando em uma maior demanda por minério de ferro de alta qualidade necessário para a produção de aço com menos emissões pelas siderúrgicas.
O Minas-Rio inclui uma mina no estado de Minas Gerais, uma usina de processamento, um mineroduto de 328 milhas (529 quilômetros) e um porto no estado do Rio de Janeiro. A Anglo adquiriu o projeto de Eike Batista e gastou US$ 14 bilhões para levá-lo à produção, excedendo em muito os orçamentos originais.
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